quarta-feira, 30 de maio de 2018

QUASE ANATOMIA DO EU




Aquilo que sou....
O eu onde estou....
É o que é pensado no acontecer das  palavras,
É o que se transforma
Quando o lado de fora da linguagem
Se torna o lado de dentro do mundo verdade.

Mas quem sabe todos os labirintos de um enunciado?
Não se pode dizer das coisas a forma
Ou traduzir a vida em uma formula.

O eu é o ponto de encontro entre o dizer e o fazer.
Ele só existe através da ilusão de uma exterioridade.
O eu não tem um lado de dentro.


O INTEMPESTIVO



Considere sempre o intempestivo,
Aquilo que carece de razão e juízo,
Que passeia no vento em todas as direções
E cresce na paisagem como mato ordinário.

Busque sempre o hibrido, mutável e imprevisível
Principio de liberdade.
Não se acanhe diante do inesperado ou indesejável.
A vida é feita de surpresas
E as grandes mudanças são imperceptíveis
Pois acontecem como devir.



segunda-feira, 28 de maio de 2018

O OUTRO DA NARRATIVA

A narrativa sem direção dos delirantes da escrita tem por matéria o próprio dizer. Não visa a descrição de um objeto, mas a experiência da linguagem como uma coisa que se faz a si mesma,  que nos escapa a cada frase, fechada no encadeamento dos enunciados que se combinam por afinidade, como peças de um quebra cabeça.

Não há como ter controle. O texto porta seu próprio segredo e acontece através dele. É como um transe. Há um outro dentro do autor delirante. É sempre ele quem fala.

sábado, 26 de maio de 2018

ÉTICA, ESTÉTICA E PENSAMENTO

Nenhum saber normativo ou racional nos fornece ferramentas eficientes para o cotidiano exercício da existência. Para tanto é necessário um saber que fundamente uma ética, um modo de vida, que não seja uma representação ideológica do mundo, mas o dizer da experiência rasa em seu modo mais destilado.

O conhecimento deve acontecer no plano da vida convertida em uma experimentação estética. Nada de um saber verdade que nos ensine a julgar, a normatizar, e reproduzir relações de autoridade e poder.   

Pensar, afinal é uma arte. É consciência e não ciência.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

COORDENADAS EXISTENCIAIS

A multiplicidade de todas as manifestações da existência nos definem como um pequeno ponto em uma paisagem povoada por fatos em constante movimento e encadeamentos. 

A ideia de totalidade é uma fantasia inútil em meio ao caos e da proliferação constante de acontecimentos simultâneos. O todo não existe. É indefinível em macros e micros movimentos e transmutações constantes. A indeterminação é um princípio. Só nós resta  como estratégia de cognição apreender as simultaneidades, diálogos e distâncias entre tudo o que acontece. Nos reconhecer como um ponto, uma coordenada à estabelecer precárias referências em meio a uma paisagem onde desaparecemos.

ATO E POTÊNCIA



O hábito é a casa do obra.
Através dele cada um toma a si mesmo
Como matéria viva de mundo.
Não há persona que o defina.
Ele é potência,
Consistência e imanência.
O hábito é o virtual dos atos.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

ENTRE O OLHAR E O DIZER

Existe uma insuperável distância entre o visível e o dizível. Por isso,  mais do que observar é preciso saber com os olhos, tocar com o pensamento.

Tal habilidade não é proporcionada por nenhum saber ou ciência. Pressupõe certa intuição, uma espécie de automatismo da percepção e a sensibilidade de um olhar que recusa a paisagem, que se prende aos detalhes, e preenche o dizer com delicados silêncios.

O significado das coisas é um ato de linguagem, mas não se esgota no dizer. O visível é irredutível ao dito. Há sempre algo que escapa ao sentido e que deve ser acolhido na narrativa. É isso que nos leva a recusar ingenuas pretensões a  verdade como premissa de um enunciado.

O olhar é sempre relativo a astúcia da observação. O dizer nunca é uma descrição. Mas entre o visível e o dizível inventamos o comunicável como experiência imanente de um sentido que nasce do que não faz sentido. Há sempre algo que nos sequestra entre o olhar e o dizer.

EXISTENCIA EM MOVIMENTO


Não existo em qualquer ponto fixo de tempo e espaço, mas através de um deslocamento constante.

Percorro imaginações através do desejo,
Vivo uma busca sem objeto em permanente estado de movimento.

Onde isso me leva?
Talvez ao não lugar do vento.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

O CUIDADO DE SI COMO UM MODO DE VIVER




Foi no terceiro volume de sua Historia da Sexualidade que Foucault nos apresentou o conceito de cuidado de si, problematizando de forma original as configurações da subjetividade na cultura ocidental. Para tanto regressou as paisagens da antiguidade greco romana, dando um colorido novo a filosofia de Platão, dos estoicos e dos cínicos. Este tema preencheria seus últimos cursos ministrados no College de France interrompidos em 1984 por sua morte prematura.

Segundo Foucault, em algumas comunidades monásticas do inicio de nossa era, foram elaboradas técnicas que visavam um dizer constante da verdade de si mesmo a um superior hierárquico, definindo rígidas regras de obediência. Trata-se de uma confissão permanente de faltas e medos pessoais que põe em evidência os mais íntimos desejos.

Mas ele também nos fala sobre autores como Sêneca, Epiteto e Marco Aurélio, que na antiguidade tardia apontavam para um outro relacionamento entre sujeito e verdade. Em lugar de uma sujeição a autoridade e controle, os últimos filósofos da era pagã elaboraram em suas praticas discursivas uma verdadeira ética da imanência e estética da existência que, embora pressuponha trabalho e disciplina, não está condicionada a valores transcendentais ou a afirmação de qualquer ordem social.

O bios torna-se, assim, matéria de uma arte onde o ocupar-se de si mesmo é também um ocupar-se com os outros e com o mundo, um qualificar-se para a vida publica, como Foucault demonstra através de uma minuciosa analise do diálogo de Platão consagrado a Alcebiades, no curso A Hermeneutica do sujeito, ministrado em 1982.

Todo um modo de vida é definido através de exercícios de meditação e de ascese que tornam o conhecimento de si um cuidado de si, ou seja, uma ética e uma estética. Não se trata aqui, portanto, do sujeito enquanto objeto de um discurso verdadeiro, mas do sujeito afetado e transformado por uma verdade que se torna forma de vida.

Pode-se falar sem pudor do conhecimento como um modo de existência, redimensionando a construção da subjetividade. De fato, trata-se aqui de ir além do jogo da verdade e do poder, da sujeição a identidades. O estudo dos sistemas de pensamento e das praticas discursivas conduzem a um questionamento dos saberes normativos e estratificados, da direção pastoral e autoritária da produção coletiva do conhecimento orientadas para disciplinar e estabelecer praticas de controle.

Pode-se mesmo fazer um uso normativo das praticas do cuidado de si, sucumbir a verdade e reduzi-las a mera disciplina. Mas é o oposto disso que nos leva a invenção de nos mesmos como experiência de si, do mundo e dos outros. É preciso aprender a inventar-se através das coisas.


sábado, 19 de maio de 2018

O SENSO COMUM E O PENSAR DAS PALAVRAS

Para a maioria das pessoas o pensar das palavras é algo sem vida que  não  afeta ou comove. Só interessa como informação, como domínio de autoridade narcisista. Não lhe ocorre qualquer relação profunda entre o pensar e o existir, entre o dizer e o fazer. Há apenas o conformismo as formas pré definidas de codificar a existência como uma prática cotidiana vazia. Os signos e símbolos apenas circulam opacos entre todos realizando saberes saturados. A vida concreta e pragmática, que escraviza a sobrevivência é o critério da inteligência, dá inteligibilidade do real. 

No fundo elas sabem que o pensar das palavras é o que pode por o mundo em perigo. Por isso a ordem das coisas deve confirmar os enunciados e as estratégias discursivas as normas da normalidade.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

A LINGUAGEM COMO MODO DE EXISTÊNCIA


Em muitos sentidos, a linguagem é um modo de materializar aquilo que não pode ser visto e cuja existência não tem um lugar real, mas corresponde a um estado de devir que se enraíza na própria linguagem.  

Dizer é construir uma forma de existência que extrapola o corpo e o próprio eu, que escapa ao tempo e se faz cartografia de um lado de fora de nós e dos outros.  Um enunciado autêntico é aquele que nos oferece imagens de abismo e nos surpreendem com o devir de um silêncio que é a própria vidam

quarta-feira, 16 de maio de 2018

DEVIR E NÃO IDENTIDADE



Não sei mais quem eu era e muito menos o que posso me tornar. Todo o devir que é minha existência conduziu a este impasse, a uma despersonificação que desvela, no ato da linguagem, um lado de fora onde o caos se infiltra como um absurdo ontológico.

Trata-se também de uma experiência, onde o corpo, o ambiente e o sentido nivelam-se. A indeterminação deste acontecer é onde a vida escapa a existência.  

O TEXTO COMO TERRITÓRIO DE SENTIDO


As palavras marcam,
Transformam o branco da folha
Em território de sentido.
Mas não são um dizer das coisas.
São um acontecimento linguístico,
Um fato abstrato,
Que nos surpreende como pensamento.
O sentido não está no texto,
Mas em nós mesmos.
Ele extrapola o dizer.
É um lugar abstrato
Onde habitamos mundos
Que não existem.

terça-feira, 15 de maio de 2018

CONSTATAÇÕES



Hoje amanheci pequeno,
Incrivelmente espantado comigo mesmo.

A vida transborda,
Não cabe em qualquer pensamento,
Mas cresce nas imaginações.

Tudo acontece em todos os tempos.
O presente é um passado que cresce futuro.

Não passo de um ponto estático
Em uma paisagem em movimento.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

A DECADÊNCIA DO PENSAMENTO





Não há mais uma obra a ser escrita. Escrever já não se inscreve em um plano de referencias conceituais e sistematizações narrativas tendentes a verdade. Não há mais um real a ser desvelado, explicado ou analisado. Não há mais autoridade nas disciplinas ou dignidade no saber e seu jogo normativo. Não há mais poder nas palavras. O conhecimento se converteu em informação, em opinião mimetizada ou, no melhor dos casos em maquinaria técnica para o gosto dos que precisam de princípios e orientações. Não é mais tempo de pensar. O individuo emancipado pela razão foi o breve sonho de um século distante. Jamais pôs os pés na terra prometida do progresso. Vivemos agora a margem de qualquer representação convincente das coisas. A vida tornou-se transparente e epidérmica.   



A VELOCIDADE DAS PALAVRAS


A velocidade das palavras é tangível no acontecer da leitura. O texto tem um ritmo, é movimento. Ás vezes parece um organismo vivo. Mas quase não sei o que é o texto e a experiência de ler, pois não me percebo dentro dos enunciados. Eles acontecem quando eu não aconteço, onde não há substância.

A compreensão, o sentido, é um desvelar-se de uma matéria invisível. Existe algo dentro das palavras que não são as palavras. É preciso ter esta intuição para perceber o quanto elas são rápidas e fogem dos olhos. Toda narrativa acorda sensações físicas, apercepções; engendra duplos.

Não há representação. Existe um lado de fora dos significantes e dos significados, uma espécie de epiderme esvoaçante, um fantasma, que é a própria materialidade da narrativa.

A velocidade das palavras é perceptível onde não há temporalidade, onde o próprio leitor desaparece no acontecer da leitura, que é também um re acontecer da narrativa como espaço abstrato de experiência. A velocidade é aqui um contrário de tempo, é uma substancia, um atributo do discurso. Uma leitura não tem duração. Ela tem movimento. Mas ela não percorre qualquer espaço. A velocidade é o próprio pensar como experiência do sentido.  


sexta-feira, 11 de maio de 2018

POEMA HERACLITIANO




“Tudo frui como um rio”.
Somos e não somos no fluxo.
Na coincidentia oppositorum,
No desvelamento da essencial incerteza
Do ser e do não ser através do devir.

Existimos além do bem e do mal
No mais arcaico futuro
Onde a vida escuta a morte
E se perde da eternidade.

Nossa inercia é movimento,
Fogo e imanência.

O PENSAR DOS OLHOS


quinta-feira, 10 de maio de 2018

COORDENADAS GEO FILOSÓFICAS




Procuro um espaço que se faça mais do que um lugar,
Um ponto meta geográfico
Que se torne corpo do meu corpo,
Tempo e pensamento,
Onde eu não seja
E tudo esteja.

Lugar sem forma,
Em movimento...

Onde nada se perca
Em encontros,
Choques e dualismos.

Onde nada aconteça
No se fazer das coisas
E a linguagem nos contenha
Na grande ficção da produção do sentido.


.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

FANTASMAGORIA E ESCRITA NÔMADE



Há algo que sempre permanece não pensado dentro do próprio pensamento. Algo que acontece como um lado de fora do significado e, entretanto, desenha a nervura do sentido. Trata-se de algo que ultrapassa a forma-homem, que a remove e apaga como campo de intencionalidades, como artificio estruturante de cognição, expressão e  comunicabilidade, eliminado toda causalidade que oprime a escrita, pondo em xeque, portanto, todos os códigos retóricos.

A literatura é o jogo de enunciados privilegiado para esta transcendência da dualidade entre significante e significado por intermédio da linguagem, que nela se volta sobre si mesma, quando foge as normativas do seu próprio campo discursivo. Assim, todo dizer se torna um dizer do que é dito que não se reporta a qualquer objeto. A qualquer norma ou ordem discursiva. Tudo se faz fragmento, simulacro e deserto no acontecer nômade e imaterial de uma narrativa.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

TEXTO, SENTIDO E MOVIMENTO

Existe uma veracidade em todo texto literário que não comunica uma verdade, mas a experiência de imagens e afetos. 
É o simulacro como um acontecer do sentido mediante um encadeamento de enunciados. 
A experiência de uma narrativa é seu próprio significado como avesso da realidade. 

O texto é um território através do qual  evadimos, transportamos a existência através da cartografia que é o texto. Ele não nos diz onde vamos, mas nos modifica, torna-se uma ambientação, um acolhimento. 

A leitura é isso: uma experiência de movimento que se dá através de inercias.

O DISCURSO E A MANUFATURA DA VERDADE


O DISCURSO E A MANUFATURA DA VERDADE


A arqueologia busca definir não os pensamentos, as representações, as imagens, os temas, as obsessões que se ocultam ou se manifestam nos discursos; mas os próprios discursos, enquanto práticas que obedecem a regras. Ela não trata o discurso como documento, como signo de alguma coisa, como elemento que deveria ser transparente, mas cuja opacidade importuna é preciso atravessar frequentemente para reencontrar, enfim, aí onde se mantém a parte, a profundidade do essencial; ela se dirige ao discurso em seu volume próprio, na qualidade de monumento. Não se trata de uma disciplina interpretativa: não busca um “outro” discurso mais oculto. Recusa-se a ser “alegórica”.

Michel Foucault in Arquelogia do Saber

O discurso é o conjunto de regras e praticas que permitem a construção das representações e codificações da realidade em um dado contexto sócio cultural. Como demonstrou Foucault em sua Arqueologia do Saber, o discurso é o que define o que pode e não pode ser dito sem ser, entretanto, uma copia do real, mas sua instrumentalização através de jogos de verdade que estabelecem relações de poder.

O discurso precede os sujeitos na produção de subjetividades. Jogos de verdade são jogos discursivos de poder. Eles são práticas que constroem objetos dentro de um regime de verdade, um conjunto de enunciados que integram a malha de poder.

Somos inventados pelas nossas praticas discursivas.  Quando alguém elabora um discurso, em seu trabalho de escrita reúne  um conjunto de vozes sociais, ideológicas e históricas distinguindo-se assim de si mesmo como indivíduo. A imposição de regras ao sujeito que fala impõe ao mesmo um papel pré definido na produção discursiva. Parafraseando Foucault, devemos evitar imaginar um mundo que nos apresenta uma face legível que apenas deveríamos decifrar.




sexta-feira, 4 de maio de 2018

SENTIDO E LINGUAGEM


Precisamos nos libertar do condicionamento da linguagem a um referencial antropológico. Ela não expressa o humano como algo dado. Nem mesmo se relaciona com ele. Seu propósito é criar sentido. Um sentido que nos transborda como ficção de um eu configurado por um corpo físico ou definido por intensionalidades articuladas por identidades, pela ingênua convicção do Ser e da Verdade como um valor absoluto e abstrato que engendra a experiência do mundo. 

A linguagem habita a si mesma e não o mundo. Ela é como um não lugar que define todos os lugares.

FILOSOFIA POP




A palavra viva que apresenta o corpo,
Que colhe olhares
E se mistura aos gestos,
As sutilezas da paisagem facial,
É mais intensa  do que qualquer palavra morta
Presa a tela morna do computador.

Afinal, vivemos tempos de falência da representação,
De niilismos gramaticais
E fluxos de instantaneidade de ultra presentismo.

É tempo de improviso,
De onipresença do efêmero
Como medida de todas as eternidades possíveis.

A discussão e a performance
É agora uma estratégia do pensamento
Onde o sentido se faz no acontecer naufrago do discurso.

A palavra finalmente é a vida.
Uma vida grega e antiga
Onde as praças se multiplicam e se desdobram.
O pensamento já não tem mais um lado de dentro,
E não se inventa como um lado de fora.

O DIZER POSSÍVEL



O que nos escapa é a alma das coisas.
Talvez ela não exista.
Ou seja apenas a presença,
O devir onde tudo é parte de um não ser,
De um tornar-se
Sempre renovado como virtual e incerto.
A realidade é feita de fugas e extravios
Que preenchemos com sentidos.
Mas quantos lapsos cabem em um enunciado?


quinta-feira, 3 de maio de 2018

POESIA E CONHECIMENTO


É fato que conhecimento não esta associado apenas à linguagem científica, mas a toda forma de saber, a todos os artifícios simbólicos que nos permitem codificar o mundo e a realidade através de alguma forma de linguagem. Desta forma, a poesia é um modo de conhecimento que, desde o Romantismo, passando pelo Dadaísmo e pelo  Surrealismo, nos faz refletir sobre os limites da representação que, desde de Platão, se impôs a cultura ocidental como sinônimo de conhecimento legitimo.

A verdade é para nós a referencia que define a legitimidade do conhecimento. A poesia, ao contrario, remete a um saber que se dobra sobre a linguagem, que encontra nela a vocação ao significado e não em qualquer suposta relação entre palavra e objeto. Dizer não é descrever, mas criar um plano imaterial de existência, um fora de si e do mundo da experiência que, entretanto, o fundamenta como vivência.