quinta-feira, 23 de agosto de 2007

HANNAH ARENT: FRAGMENTO SOBRE O SIGNIFICADO DO PENSAR


“...A solidão ocorre quando estou sozinho, mas incapaz de dividir-me no dois em um, incapaz de fazer-me companhia, quando, como Jaspers dizia”eu falto a mim mesmo” (ich bleibe mir aus), ou, em outras palavras, quando sou um sem companhia.
O fato é que o estar só, enquanto dura a a tividade de pensar, transforma a mera consciência de si- que provavelmente compaertilhamos com os animais superiores- em uma dualidade é talvez a indicação mais convincente de que os homens existem essencialmente no plural. E é essa dualidade do eu comigo mesmo que faz do pensamento uma verdadeira atividade na qual sou ao mesmo tempo quem pergunta e quem responde. O pensamento pode se tornar dialético e crítico porque ele ele se submete a esse processo de perguntas e respostas, ao dialogo do dialegesthai, o qual é na verdade, “viagem através das palavras” (poreuesthai dia ton logon) em que constantemente levantamos a pergunta socrática básica: o que você entende por...? Só que este legein, este dizer, é sem som e, portanto, é tão rápido que sua estrutura dialógica torna-se um tanto difícil de detectar.

Hannah Arendt. A Vida do Espírito: O Pensar, O querer, O julgar.RJ: Relume Dumará, 2º ed., p.139.

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