quarta-feira, 15 de maio de 2024

MUDANÇA

Não mudaremos o mundo, Mas não permaneceremos os mesmos. Mudaremos ao ritmo do passar dos dias, das noites e horas de melancolia. Mudaremos com as tempestades, Com o quase insuportável calor de verão Em tempos de emergência climática E anti véspera do fim da civilização. Mudaremos perplexos Com o que nos tornamos .

LIMITES

Tenho esbarrado nos limites do mundo vivido, do meu corpo, das leis, da ordem, dos costumes e de todas as convenções e consensos modernos. Tenho experimentado a angustia de saber limites, de ser determinado por identidades, lugares e tempos. Percebo-me incrivelmente pequeno diante de tudo Que monstruosamente define a imensidão do mundo.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

A DECADÊNCIA DAS BELAS LETRAS

Quanto mais se fala,
se escreve e se pensa,
mais extenso e intenso
se tornam nossos silêncios.

Cansados de tantos discursos,
livros e pensamentos,
perdemos a capacidade de dizer,
escutar, comunicar e saber.

Pois despidos de experiências
vestimos rotinas rotas,
desistimos da nudez da vida
e da intimidade muda das coisas.

Negamos a era industrial das palavras,
ninguém mais lê jornal.

















sábado, 11 de maio de 2024

O SER, O NADA E A NATUREZA

Não posso saber a natureza
na medida em que sou natureza.

Mas a natureza me ultrapassa
e vai além de si mesma.
Visto que não é essência,
mas uma profunda incerteza.

A natureza é o que morre,
o que muda, transmuta,
o que foi e será.

Ela é o múltiplo, o nada
e tudo isso que está.
Nada é natureza.
Ser é incerteza.


O SER E O MUNDO

Deixe de lado a preguiça de ser.
Esqueça a falsa realidade que dorme nos livros
e vá se encontrar mudo no mundo.

A vida é curta e o corpo é urgente.
Exista enquanto ainda é tempo.
Esgota teu pensamento na experiência do inútil,
saiba profundamente 
o efêmero acontecer das coisas.
Torne-se gente.

Seja breve e superficial.
Afinal, nada  é profundo.
Tudo que temos é a inutilidade íntima das coisas na incerteza de cada segundo.


A existência é o nada das variantes de um incerto momento
 perdido na vastidão de um esquecimento profundo.

O resto é a indiferença de ser no mundo,
o grande silêncio onde aos poucos desapareço
farto de ser contra tudo.






sexta-feira, 10 de maio de 2024

MANIFESTO CONTRA MODERNO

Não sou humanista,
republicano ou nacionalista.
Não sou branco, burguês ou moderno.

Não me tomem como  herdeiro do iluminismo ou de algum bem intencionado liberarismo.

Quero distância dos idealismos, materialismos e elitismos,
tanto quanto dos carcumidas escolásticas e moralismos.

Ao inferno as metafísicas,
castas, catedras e catecismos!!

Sou negro, periférico e insubmisso.
Um perfeito inimigo da ordem,
do Estado e dos que buscam sucesso.
Sou orgulhosamente  um desclassificado.

Meu lugar é entre os iletrados, desqualificados e amaldiçoados
que desafiam poderes e pedestais.

Acima de tudo sou um rebelde
avesso a detestável realidade
do mundo atual.
Sei que a modernidade é um desastre.




quinta-feira, 9 de maio de 2024

NÃO IMPORTA O QUE IMPORTA

Não me importa
o que te importa.
Cada um se confunde
com a impessoal e duvidosa
realidade
 de sua verdade imprópria.

Todo mundo é uma obra torta,
uma peça de ficção,
uma ilusão,
que o tempo transmuta em resto,
pó e silêncio.
Não importa o que importa.

terça-feira, 7 de maio de 2024

ALÉM DE SI E DO MUNDO

Não sou o mundo.
Sou o outro
contra todos
na ilusão de um eu
e na prisão de um rosto.

Existir é ser no absurdo,
acontecer em miragem biográfica,
saber-se finito,
dentro do quase infinito
de incertas  multidões.

É estar preso
em um determinado tempo e espaço,
que nos ignora e descarta
enquanto tudo passa
vazio de absolutos 
Através de lúcidas alucinações.

O que é o mundo,
onde sou eu?
Viver é a ilusão 
de saber de si mesmo
como se fosse um mundo.


quinta-feira, 2 de maio de 2024

A EXPRESSÃO TRANSCENDE A RAZÃO

Não importa 
O que foi pensado, 
dito, escrito
 Ou silenciado. 

 Não importa nada
 Que ficou preso 
Num livro, 
Numa aula, 
Ou no silêncio negro de um quadro. 

 Não importa
toda ilusão linguística e normativa,
todo delírio ou embriaguez  biográfica
em turbilhões de imagens, 
signos e símbolos.

Nada é mais autêntico e expressivo 
do que a banalidade da nudez semiótica de um grito.

As mais radicais formas de expressão 
são  aquelas que desafiam
os limites da simples razão
transbordando na embriaguez do mito.