A velocidade das palavras é tangível
no acontecer da leitura. O texto tem um ritmo, é movimento. Ás vezes parece um
organismo vivo. Mas quase não sei o que é o texto e a experiência de ler, pois
não me percebo dentro dos enunciados. Eles acontecem quando eu não aconteço,
onde não há substância.
A compreensão, o sentido, é um
desvelar-se de uma matéria invisível. Existe algo dentro das palavras que não são
as palavras. É preciso ter esta intuição para perceber o quanto elas são rápidas
e fogem dos olhos. Toda narrativa acorda sensações físicas, apercepções; engendra
duplos.
Não há representação. Existe um
lado de fora dos significantes e dos significados, uma espécie de epiderme esvoaçante,
um fantasma, que é a própria materialidade da narrativa.
A velocidade das palavras é perceptível
onde não há temporalidade, onde o próprio leitor desaparece no acontecer da
leitura, que é também um re acontecer da narrativa como espaço abstrato de
experiência. A velocidade é aqui um contrário de tempo, é uma substancia, um
atributo do discurso. Uma leitura não tem duração. Ela tem movimento. Mas ela não
percorre qualquer espaço. A velocidade é o próprio pensar como experiência do
sentido.
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