“ O encadeamento das imagens e suas relações mútuas foram evidentemente apresentados como gratuitos e incoerentes. Ao contrário, para Barchelard, as imagens obedecem a uma lógica, ou mais exatamente a uma dialética e a uma rítmica, que não tem nada a invejar às do conceito. O imaginário é dotado de uma autonomia, de uma consistência, que permite retirar propriedades gerais e coerentes de um mundo e de determinar leis de uma física onírica, as imagens estando submetidas a um verdadeiro “determinismo”. Em um sentido, o real está bem mais submetido à contingência do que o irreal. Se Bachelard opta por um idealismo da imagem contra um realismo que conduziria a fazer das imagem um duplo empobrecido do percebido, ele aplica paradoxalmente um realismo ao mundo da imagem, que comporta então uma dimensão transcendental em relação ao sujeito. A imaginação, mesmo nos liberando do real, não procede anarquicamente, porque ela obedece a processos regrados, que Barchelard expôs de maneira empirica e disseminada, sem nunca retomá-las em uma verdadeira ciência do imaginário. Podemos tirar, portanto, de um lado, leis sintáxicas e, de outro, princípios semânticos.”
( Danielle Perin Rocha Pitta. Iniciação a teoria do imaginário em Gilbert Durand. RJ: Atrantica Editora, 2005 ( coleção filosofia), p. 51. )
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