quinta-feira, 30 de setembro de 2021

O ANTI ADÃO

Uma parte de mim é selvagem.
Nunca tocou o mundo,
nunca foi criança
ou morrerá adulta.

Uma parte imprecisa de mim
sonha profundamente 
enterrada no caos primordial.
Ela delira contra a ordem e a realidade.
permanece guardada em uma potência crua de criação 
contra tudo que se tornou diurno e demasiadamente  humano.

A VIDA E O ALÉM DO HUMANO

A vida é alguma coisa que ainda não nos aconteceu.
Ela é algo entre o corpo e a natureza,
uma porta seme aberta entre o animal ,o homem, e além,
que leva a uma outra condição de existência. 

A vida é devir,
coincidência  de todas as coisas
na arquitetura de um caos em movimento,
que não cabe na ridicula ilusão da razão e do humano.


terça-feira, 28 de setembro de 2021

O MUNDO É TUDO AQUILO QUE ESCAPA

O mundo é a realidade de todos
e de ninguém. 
O mundo é a nulidade do rosto,
a ilusão da opinião,
e o imperativo biológica 
da vontade de um dizer verdadeiro,
de uma moral dos fracos,
contra a potência de criar,
de viver nas alturas das profundezas da terra,
a inexistência dos fatos,
contra os rebanhos.
O mundo é aquilo que escapa,
que se transforma,
dentro e fora de nós.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

NO FUTURE

O futuro será hibrido,
impreciso,
abstrato
e frio.

O amanhã será solitário,
vago, inconclusivo,
e sem sentido.

Há de nos faltar ar,
vida,
afeto e poesia.

domingo, 26 de setembro de 2021

O MELHOR DE NÓS


O melhor de nós é irredutivel a definições,

saberes, versos,
verdades,

ou convicções. 

O melhor de nós é inumano,

selvagem, natural,

e abomina tudo que nos tornamos,

em nome da razão universal. 

O melhor de nós é corpo,

extensão, e movimento,

em caosformação de afetos
sem alma. 

.



sexta-feira, 24 de setembro de 2021

O DESAPARECER DO MUNDO

O mundo tornou-se ausente de nós, enquanto a vida é simulada através das telas.
Tudo foge em signo e quimera.
Existimos nos olhos da imaginação
e todas as coisas escapam a realidade.
A palavra a deriva des-significa a vida.
Talvez finalmente nos libertemos
do dilema moral da verdade.
Nada é o que parece ser,
nada será,
acontecer é desaparecer
no corpo como novo mundo
onde os signos e simbolos
se desfazem no ar.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

FILOSOFIA DE JARDIM

 


O vôo irregular de borboletas e beija flores redesenha o jardim nos olhos.

Tudo está em movimento, principalmente as cores,

que através da luz inventam a visão.

O olhar constrói o observador indiferente ao observado.

Tudo se move em muda revolução.

ESFINGES & GARGALHADAS

O mundo nos escapa
liberto dos enunciados.
Nele não cabem verdades.
A incerteza, agora,
é quem inventa a realidade,
como processo inumano,
selvagem.

Há esfinges em todos os tempos e cantos.
Elas nos devoram sem dizer enigmas
em coros de gargalhadas.

Não existem saídas no fim do caminho,
nenhuma questão para qualquer resposta.


domingo, 19 de setembro de 2021

DEFINIÇÃO DE MEMÓRIA

A consciência é memória, uma ferida aberta na materia viva de um corpo que sobrevive, entre o esquecimento e a lembrança, através  do agora...

A memória é sempre algo que  chora....

CORPO E NATUREZA

Á sombra dos dias
o corpo é devir natureza
no pensamento selvagem
de uma paisagem inumana.

Tudo é desejo em movimento,
intensa composição de todas as coisas no espaço tempo
de um retorno eterno.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

A VIDA CONTRA A HUMANIDADE

Há muito passado
e pouco futuro para humanidade.
O que justifica toda nossa ansiedade.
 O mundo
não cabe no desejo
e a vida é selvagem
na intensidade do inumano.

sábado, 11 de setembro de 2021

A IMANÊNCIA DO DEVIR



Seguiremos atônicos
entre o assombro e o desassossego.

Já não pertencemos ao mundo,
nem a nós mesmos.

Nosso tempo é o impertinente e inconcluso absurdo
que desafia os limites do presente,  os abusos de um futuro pré moldado por um eterno passado.

Nada nos define.
Tudo é angustia,
em nossa embriagada busca
por liberdade e infinito.

Estamos sempre em mudança,
em movimento,
onde pouco importa
o que hoje é notícia
na contramão do intempestivo desejo.







quinta-feira, 9 de setembro de 2021

FORA DA ORDEM



Entre a vertigem da desmedida dos fatos descontrolados que desfilam nas telas do mundo digital e a mesmice do sob controle da rotina mais banal, inventamos a existência como mansa loucura, desequilíbrio coletivo, singularizado como forma de simulação de vida, como ação que circula através dos signos entre o verbal e o não verbal dos acontecimentos.

A genealogia da moral dos fracos frequenta a critica dos solitários e desassossegados aos mansos de espirito. Há muita saúde entre os condenados à um novo dia do sempre igual. Pois na contramão do tempo vivido e institucionalizado, eles sabem que qualquer coisa muda e urgente foge e transborda sempre ao controle da razão, se transmuta em luto e luta na emoção da queda de algum velho enunciado no chão.
Há palavras grávidas de um sem tempo dizendo o impossível no vento nas encruzilhadas do surrealismo ... isso é o que hoje sabemos na intuição de uma vida que ainda nos espera desde parto.


domingo, 5 de setembro de 2021

FLORESTAS

Toda floresta é um corpo vivo,
um ecossistema,
 intenso e multiplo.

Associações, trocas,
e encontros,
 definem a floresta
além de qualquer evolucionismo.

Nela todo lugar é caminho.

Tudo é dentro,
nada é fora
e a terra pulsa
em verde devir.



sábado, 4 de setembro de 2021

ULTRA MODERNIDADE

Nos imodernos tempos da ultra modernidade,
as desnecessidades tornaram-se indispensáveis.

São tempos de progresso de bugingangas eletrônicas,
de lucro dos velhos rentistas,
de escravidão assalariada,
e catástrofes climaticas.

A morte rege a política
e todo discurso é sofista
onde tudo se perde
e nada se transforma
para amargura dos mais radicais niilistas.

Nestes imodernos tempos de ultra modernidade,
a vida anda abatida
pelas pestes que nos habitam.



A GRANDE GUERRA

A GRANDE GUERRA

Não existe paz onde alguém respira,
mas um combate incessante pela sobrevivência.

Cada um sabe sua trincheira,
seu lugar de luta e resistência.
Ninguém é inocênte.

Todos adimitem que a vida é guerra,
embate entre forças e vontades,
na tempestade da existência.

Mas ninguém sabe  vitórias.
Todos tombam em batalha.

No final sempre vence o silêncio
espalhado entre os restos dos combatentes
caidos e embriagados por paixões e quimeras.