sábado, 28 de fevereiro de 2009

THE LA'S: CONSAGRAÇÃO PÓSTUMA


Uma banda pouco conhecida dos inícios dos anos 80 e que, no entanto, é uma das melhores coisas do rock inglês do período, é o THE LA’S, ironicamente oriunda da cidade de Liverpool que também nos presenteou com a melhor e mais venerada banda de rock de todos os tempos THE BEATLES.
Liderada pelo vocalista e guitarrista Lee Mavers, a banda teve como segundo homem John Power (baixo, backing vocal), acompanhados de um elenco rotativo de guitarristas e bateristas THE LA”S tem entre seus singles mais conhecidos “There she goes" e “Way Out”.
O grupo dissolveu-se melancolicamente em 1992. Ironicamente converteu-se depois do fim em um icone do rock e objeto de culto por aqueles que tiveram o prazer de escuta-los.
Aliais, uma das coisas engraçadas na cultura social do Rock é que, embora sustentado por uma poderosa e milionária industria, suas referências não estão necessariamente condicionadas a consagração de mercado. Pelo contrário, há muitas bandas que jamais fizeram muito sucesso, mas deixaram com bons albuns sua eterna marca na história do Rock e fazem parte da biografia musical de muitos amantes do estilo. Eu os definiria comos THE BEATLES que não deram certo ou talvez tenham dado certo a sua maneira... Afinal, o que é dar certo?

http://www.youtube.com/watch?v=k8JZHiCeADQ&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&index=5

http://www.youtube.com/watch?v=lG-ttghlRJ8&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&playnext=1&index=4

http://www.youtube.com/watch?v=A9rr97nAvI0&feature=PlayList&p=4660D1ECB40F4B5F&index=6

A ARTE DE OLHAR


Certas fotografias
São mais belas
Do que os lugares
Que dizem,
Ensinam a diferença
Entre ver e olhar,
O quanto os olhos
Guardam em segredo
Sutis filosofias.

Mas quem se importa
Se os olhos transcendem
A objetividade da visão?

CRÔNICA RELÂMPAGO XLVI


Sob determinadas circunstâncias, o passado pode afigurar-se em nossas trajetórias individuais como um confuso somatório de erros e situações que limitam nossas possibilidades de futuro. Diante disso o presente perde substância e não passa de um momento opaco e indefinido condicionado a fatalidades. É como se o tempo nos roubasse toda a iniciativa nos convertendo em involuntários atores de seu teatro. Quando isso acontece nos rendemos as inércias do inevitável e esperamos impacientes o alívio de qualquer imprevisível novidade...

PIERCE , O PRAGMATISO( E O SEGREDO DA LINGUAGEM II

Cabe acrescentar que PEIRCE, em todos os sentidos, pensou e viveu como um homem do século XIX, afinal ele faleceu em 1914 sem ter sido impactado por todas as mudanças da conturbada e revolucionária primeira metade do século XX que, no plano da cultura e da ciência, produziria novas modalidades de percepção e linguagem sem precedentes.
Não se deve estranhar, portanto, seu otimismo cientificista, até porque a segunda metade do século XIX, período em que produziu intensamente, também foi um momento de franca afirmação da cultura e identidade norte-americana.
Mesmo assim, não deixa de chamar atenção um aspecto de sua obra: O não lugar do individuo, o que absolutamente não se justifica inteiramente pela desconstrução do sujeito cartesiano inerente a formulação pragmática.
Em poucas palavras, se para o autor o homem define-se, poder-se-ia dizer, como um animal simbólico através da linguagem, seu desenvolvimento é condicionado a sociedade, a experiência da coletividade, e o individuo diferenciado não seria capaz de contribuir para o seu aperfeiçoamento. Pessoalmente diria quer essa é uma premissa bastante relativa dado que o progresso da cultura humana geralmente depende da inovação de indivíduos contra a inércia das convenções. Isso vale também para o desenvolvimento do conhecimento, da linguagem e seus usos que invariavelmente são invenções, construções condicionadas a um dado momento histórico. De um modo ou de outro, deixo aqui um fragmento do autor sobre o tema:

“ 314- ... basta dizer que não há elemento na consciência que não possua algo correspondente na palavra: a razão é obvia. É que a palavra ou signo usado pelo homem é o próprio homem. Se cada pensamento é um signo e a vida é uma corrente de pensamento, o homem é um signo; o fato de cada pensamento sert um signo exterior prova que o homem é um signo exterior. Quer dizer, o homem e o signo exterior são idênticos, no mesmo sentido que a palavra homo e homem são idênticas. A minha linguagem, assim, é a soma de mim próprio; porque o homem é o pensamento.
315- É difícil o homem entender isso, pois persiste em identificar-se com a vontade, como o seu poder sobre o organismo animal, com força bruta. Ora, o organismo é tão somente um instrumento do pensamento. E a identidade do homem consiste daquilo que faz e pensa, e esta é o caráter intelectual de uma coisa, o expressar algo.
316- O conhecimento real de uma coisa só ocorrerá num estágio ideal de informação completa, de modo que a realidade depende da decisão derradeira da comunidade; o pensamento constituiu-se caminhando na direção de um pensamento futuro, que tem como pensamento o mesmo valor que ele, só que mais desenvolvido; desta forma, a existência do pensamento de agora depende do que virá; tem apenas existência potencial, depende do pensamento futuro da comunidade.
317- O homem individual, cuja existência separada se manifesta apenas através do erro e da ignorância, separado de seus companheiros e daquilo que ele e eles hão de vir a ser, é apenas uma negação. Este é o homem.

... proud man,
Most ignorant of he’s most assured,
His glassy essence.”




(ESCRITOS PUBLICADOS, in Charles Sanders Pirce : seleção de Armando Mora D’Oliveira; tradução de Armando Mora D’ Oliveira e Sergio Pomerangblum. 2 ed. Coleção Os Pensadores. SP: Abril cultural, 1980, p.. 82-83 )

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

PEIRCE E O PRAGMATISTO OU OS SEGREDOS DA LINGUAGEM


CHARLES SANDERS PEIRCE ( 1839- 1931) ainda hoje é considerado por muitos como o mais original e importante pensador norte americano. Fundador e sistematizador do Pragmatismo, alem de criador de uma complexa teoria dos signos, o autor e sua obra constituem uma das mais influentes matrizes do pensamento contemporâneo ocidental.
Através do Pragmatismo Peirce nos propõe uma ruptura com a tradição filosófica que conduz a filosofia moderna a uma aproximação radical com o método cientifico experimental superando a um só tempo qualquer resquício de metafísica e cartesianismo. Nesse sentido ele é um filosofo contemporâneo por excelência.
Apesar da complexidade de sua obra, sua total estranheza ao senso comum, visitá-la para um não especialista em lingüística é um convite a desconstrução de nossos lugares comuns de mundo através de uma profunda reflexão sobre o lugar da linguagem e do pensamento em nossas vidas ou sobre a polêmica em torno de uma ciência positiva que não se propõe a afirmar que algo é positiva e categoricamente verdadeiro... que Peirce absolutamente não resolve; fornece apenas o ponto de partida que as desconstruções da pos modernidade levariam as últimas consequências.

Fragmento de Conferencias sobre o pragmatismo

§ 2. A Construção Arquitetônica do Pragmatismo (1905)

5. ... O pragmatismo não foi uma doutrina circunstancialmente adotada por seus autores. Foi riscado e construído. Para usar a expressão de Kant, arquitetônicamente. Como o engenheiro que antes de erguer uma ponte, navio ou casa, leva em conta as diferentes propriedades dos materiais; e não sua aço, pedra ou cimento que não tenham sido testados antes e os dispõe segundo processos minutados, assim também, ao construir a doutrina do pragmatismo, são analisadas as propriedades de todos os conceitos indecomponíveis e seus processos de composição possíveis. (...)
6. Mas qual é o objetivo do pragmatismo? Que é que se espera dele? Espera-se que ponha um termo às disputas filosóficas que a mera observaçãode fatos não pode decidir, e na qual cada parte afirma que a outra é que está errada. O pragmatismo sustenta que ambos os adversários lavram no equivoco. Atribuem sentidos diferentes as palavras, ou usam-nas sem qualquer sentido definido. O que se deseja, então, é um método capaz de determinar o verdadeiro sentido de qualquer conceito, doutrina, proposição, palavra, ou outro tipo de signo. O objeto de um signo é uma coisa; o sentido outra. O objeto é a coisa ou ocasião, mesmo indefinida, à qual o signo se há de aplicar; o sentido é a idéia que ele liga ao objeto, tanto por via de mera suposição, ou ordem, ou asserção.”


(Charles Sanders Pirce : seleção de Armando Mora D’Oliveira; tradução de Armando Mora D’ Oliveira e Sergio Pomerangblum. 2 ed. Coleção Os Pensadores. SP: Abril cultural, 1980, p.. 6 )

MODO DE VIDA

Gosto de viver
No meu imperfeito
Sentido de vida,
Buscar modos
Para moldar o cotidiano
Mais intimo.
Não importa os sacrifícios,
As janelas de outras vidas,
Perdidas nas possibilidades
De outros destinos.
O fundamental de tudo
É o particular significado
Que me abraça
Em qualquer particular versão
Do meu próprio mundo,
De minha particular busca de vida.
Afinal,
Tudo é uma questão
De subjetivo sentido e significante....

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

ANOITECER

A tarde definha
Entre incertezas
Apagando pegadas
De idéias.

Sigo mudo
Ao encontro
De um intimo infinito
Guardado na noite
Que se aproxima.

Mas o futuro
Rasgou o tempo
Espalhando retalhos
De possibilidades
Nas direções do destino.

Proliferam-se caminhos...

CRÔNICA RELÂMPAGO XLV

O pensamento, enquanto uma das manifestações da consciência humana, pode ser experimentada como uma ferida aberta em vez de um instrumento de razão. Carregamos sempre algum tipo de ânsia que nos guia pelos dias e ocasionalmente projetamos em pequenos objetos de consumo, viagens ou qualquer prazerosa e pueril vontade de momento.
Na maior parte do tempo, essas ânsias permanecem latentes, enterradas em nossos devaneios mais profundos como tesouros obscuros e perdidos de nosso mais convencional sentimento de mundo. Ironicamente, são essas misteriosas inquietações imprecisas que nos levam a viver e buscar futuros.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

IMPERFEIÇÃO...


Sei que não sou perfeito,
Que minha vida
É imperfeita...

Mas só posso me fazer
No rude esboço
De tudo aquilo
Que poderia ser.

Minhas escolhas,
Entretanto,
Dizem o mundo
Que inventei
Ou que me inventou
Como biografia
E geografia de significados
Diante dos olhos dos outros...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

UM POUCO DE HUMOR: HOMENAGEM AO MONTY PHYTON



Vc sabia que no ano de 1589, sob o reinado de sua majestade Elizabeth I, a grande rainha virgem, um dos mais poderosos símbolos do renascimento inglês, o poeta Sir John Harrington inventou um dos mais importantes utensílios domésticos de todos os tempos de civilização ocidental ?! Refiro-me ao nosso intimo e fiel amigo VASO SANITÁRIO, cuja gloriosa história já foi objeto de exposição no museu Gladstone Pottery, na cidade britânica de Stoke-on-Trent em 2001.

Desde o panfleto divulgador da invenção, intitulado “as metamorfoses de Ajax”, publicado pelo próprio inventor, passando pelo inconveniente fedor típico dos banheiros da era vitoriana, até os atuais tempos de pós modernidade e desconstruções, a velha e amiga privada jamais foi questionada ou superada por qualquer outro invento! Ao contrário! Ela permanece como um dos mais importantes símbolos da civilização ocidental e da contribuição britânica a civilidade. Cabe observar que o sistema de descarga e a tampa dobrável também foram inventadas no século XIX por um britânico: Thomas Crapper.

GOD SAVE THE QUEEN!!!!!

O PASSEIO DAS ALEGRIAS


As alegrias adivinham
O rosto do dia,
Passeiam sem destino
Pelas horas a fora.

Posso ouvir
Perfeitamente
A voz distante
De algum ato abandonado
Sobre a mesa do escritório.

Importa-me apenas,
Entretanto,
O impreciso destino
Dessas espontâneas
E gratuitas alegrias
Que se perdem
por ai agora
inspiradas pelas
Três graças...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

AS ORIGENS DA POS MODERNIDADE SEGUNDO PERRY ANDERSON


AS ORIGES DA POS MODERNIDADE...Este livro do historiador britânico Perry Anderson, como o próprio título sugere, é indiscutivelmente uma referência importante para a compreensão das origens da Pos moderno enquanto ideia e conceito, mas em contra partida é questionável para uma definição e real compreensão da pos modernidade, suas implicações e diversos significados culturais e epstemológicos. Neste ensaio, o autor baseia-se unicamente nos textos de Frederic Jamenson sob o tema, nada mais natural já que fora escrito originalmente como introdução para uma coletãnea de textos do autor sobre o tema. O problema é que em sua leitura do pos moderno Anderson, apesar da erudição, é lamentavelmente metodologicamente inspirado por um marxismo estreitro produzindo uma narrativa pouco convincente em sua insistencia em reduzir a pos modernidade em uma “ideologia” apologetica do capitalismo tardio mediante reducionismos economicistas e politicos.
Mas, como já disse, seu ensaio é importante para discursão das origens da pos modernidade que, segundo ele, em uma tese muito original, tem seus primordios ou proto-história na America Espanica e na Inglaterra. Vale apena ilustrar essa tese através do fragmento seguinte que tambem procura lançar luzes sobre a origem do modernismo, embora eu discorde totalmente dessa leitura...:

“Pos- modernismo”, como o termo e idéia, supõe o uso corrente de “modernismo”. Ao contrário da expectativa convencional, ambos nasceram numa periferia distante e não no centro do sistema cultural da época: não vem da Europa ou dos Estados Unidos, mas da América Hispânica. Devemos a criação do termo “modernismo” para designar um movimento estético a um poeta nicaragüense que escrevia num periódico guatatemalteco sobre um embate literário no Peru. O inicio por Rubén Dario, em 1890, de uma tímida corrente que levou o nome de modernismo inspirou-se em várias escolas francesas-românica, parnasiana, simbolista- para fazer uma “declaração de independência cultural” face a Espanha, que desencadeou naquela década um movimento de emancipação das próprias letras espanholas em relação ao passado. Enquanto em inglês a noção de “modernismo” só passou ao uso geral meio século depois, em espanhol já integrava o cânone da geração anterior. Nisso os retardatários ditaram os termos do desenvolvimento metropolitano- assim como no século XIX “liberalismo” foi uma invenção do levante espanhol contra a ocupação francesa na época de Napoleão, uma exótica expressão de Cádiz que só muito depois se tornaria corrente nos salões de Paris ou Londres.
Assim, também a idéia de um “pós modernismo” surgiu pela primeira vez no mundo hispânico, na década de 1930, uma geração antes de seu aparecimento na Inglaterra ou nos Estados Unidos. Foi um amigo de Unamuno e Ortega, Frederico de Onís, quem imprimiu o termo posmodernismo. Usou-o para descrever um refluxo conservador dentro do próprio modernismo: a busca de refúgio contra o seu formidável desfio lírico num perfeccionismo don detalhe e do humor irônico, em surdina, cuja principal característica foi a nova expressão autêntica que concedeu às mulheres. Onís contrastava esse modelo- de vida curta, pensava, com sua seqüela-, um ultramodernismo que levou os impulsos radicais do modernismo a uma nova intensidade numa série de vanguardas que criaram então uma “poesia rigorosamente contemporânea” de alcance universal. A famosa antologia de poetas de língua espanhola organizada por Onís segundo esse esquema foi publicada em Madri em 1934, quando a esquerda assumiu o comando da república na contagem regressiva para a Guerra Civil. Dedicada a Antônio Machado, seu panorama do “ultramodrnismo” terminava em Llorca, Vallejo, Borges e Neruda.”

( Perry Anderson. As origens da pós-modernidade/tradução de Marcus Prenchel. RJ: Jorge Zahar ed., 1999, p. 9-10 )

FUTURO AMANHÃ

Aguardo uma manhã
De sol e chuva,
Um dia de paz
E liberdade,
De jornais em branco
E ruas vazias.

Preciso urgentemente
Esquecer um pouco do mundo,
Escrever meu nome na areia
E explorar os mares
Contando as estrelas do ceu
Testemunhando
As travessuras da lua.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

CRÔNICA RELÂMPAGO XLIV

A busca pela realização individual ou pessoal ocupa um lugar privilegiado no imaginário contemporâneo, o que pode parecer a primeira vista um traço de continuidade entre o ultimo século e o atual. Mas hoje em dia isso acontece para alguns de modo bastante peculiar. Não mais como uma mera afirmação egoica socialmente imposta e pouco original, mas como uma meta biográfica cada vez mais subjetiva e imprecisa, uma afirmação daquilo que irracionalmente escolhemos ou nos escolhe pelos labirintos da existência como expressão radical da singularidade.
Deste ponto de vista, tal busca não mais se associa exclusiva e unilateralmente a adesão a essa ou aquela persona profissional,religiosa ou opção sexual. Não se cristaliza em torno de qualquer forma de identidade convencional, mas aparece associada a assimilação da diversidade como um dado ontológico, um referencial que nos permite reunir em nossas próprias vidas a diversidade que define hoje o próprio mundo.
De muitos modos somos hoje saudavelmente incoerentes e confusos, capazes de articular coisas diversas e disparatadas em uma unidade definida pela diversidade como principio. Afinal, transitamos diariamente entre várias “tribos” ou realidades culturais em um mesmo espaço urbano ou através da Web sem que isso nos incomode ou espante.
A versatibilidade parece ser uma das mais marcantes características das pioneiras gerações desse novo milênio. Talvez isso lhes permita ir mais longe do que qualquer uma foi até agora na continua invenção e reinvenção daquilo que conhecemos como realidade.

O LADO FRACO

O lado fraco
Do meu ser no mundo
Escreve-se no fundo
Dos silêncios
Que calam a tarde
Em vazio.

Trata-se do ilegível
Que há na sombra
De todos os fatos,
Daquela parcela
De desconhecido
Que desafia todos
Os significados
Nos deixando a ver navios...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

AGE OF AQUARIUS NOW ?


When the moon is in the Seventh House
And Jupiter aligns with Mars
Then peace will guide the planets
And love will steer the stars
This is the dawning of the age of Aquarius
The age of Aquarius
Aquarius!Aquarius!

Música "Age of Aquarius" do musical "Hair"- 1960


Uma das imagens utópicas do século XX que permanecem presentes no imaginário desse novo milênio é o mito da era de aquário. Alguns astrólogos fixaram seu inicio em 4 de fevereiro de 1962, outros em 20 de novembro de 2001, alguns acreditam que vivemos em um longo período de transição da era de peixes, identificada com o cristianismo, que só terminará em 2620. Nesse 14 de fevereiro, entretanto, segundo alguns outros, uma vez que a Lua em Libra entra na sétima casa de relacionamentos, Júpiter e Marte estão alinhados em Aquário na décima segunda casa, estaremos entrando na Era de Aquário NOW.
Controvérsias a parte, o fato é que o mito personifica a ansiedade por uma renovação universal, pelo marco zero de uma nova época que nos permita transcender as inquietações, ansiedades, medos, ameaças, incertezas e impasses do tempo presente. Trata-se de um modo de coletivamente domesticarmos e domarmos o fluxo caótico do tempo e teleologicamente construirmos a vida segundo nossas mais nobres idealizações.
O mito de aquário, particularmente, parece apontar para uma versão esotérica do Iluminismo já que o signo é associado a conhecimento, intuição e progresso. Assim, insinua uma espécie de releitura ou “correção” dos rumos da civilização ocidental a partir de um aperfeiçoamento técnico, cientifico, intelectual e ao mesmo tempo intuitivo sem precedentes.
Não sou capaz de apreender satisfatoriamente todas as implicações deste mito otimista sobre o futuro e potencialidades humanas. Afinal, a vida é sempre complexa e cheia de contradições e não vislumbro nenhum outro caminho além da experiência mágica da auto descoberta e complexidade cada vez maior da consciência individual. Mas tal imagem é totalmente compatível com o mito de aquário...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

NIETZSCHE E A " ANTI- MODERNIDADE"


FRIEDERICH NIETTZSCHE nos legou uma filosofia autenticamente “anti -moderna” fundada na afirmação da vontade criadora e livre que emerge do fim da ilusão em um mundo transcendente ( morte de deus) , da transmutação de todos os valores legados pela moral judaico-cristã e seu servilismo autoritário. Curiosamente, encontramos a mesma “logica critica” aplicada a sua recusa do Estado e do igualitarismo pseudo democrático frente a então emergente “sociedade de massas”.
O mais importante é que para Nietzsche já não mais existe um “mundo-verdade” de inspiração platônica e o existir humano se reduz ao aparente imediato em sua ilimitada multiplicidade de interpretações.
O caráter “anti-moderno” da “filosofia experimental” Nietcscheana revela-se em toda sua intensidade no jogo de opostos estabelecido em torno dos objetivos da filosofia que nega o Ser como problemática. Assim é demonstrado no seguinte fragmento de SOBRE O NIILISMO E O ETERNO RETORNO( 1881-1888) que realiza em síntese a transcendência do opostos e do niilismo:

“Meu novo caminho para o “sim”- Filosofia, como até agora a entendi e vivi, é a voluntária procura também dos lados execrados e infames da existência. Da longa experiência, que me deu uma tal andança através do gelo e deserto, aprendi a encarar de outro modo tudo o que se filosofou até agora: - a história escondida da filosofia, a psicologia dos seus grandes nomes, veio à luz para mim. “Quanto de verdade suporta, quanto de verdade ousa um espírito?”- isso se tornou para mim o autêntico mediador de valor. O erro é uma covardia... cada conquista do conhecimento decorre do ânimo, da dureza contra si, do asseio para consigo... Uma filosofia radical, tal como eu a vivo, antecipa experimentalmente até mesmo as possibilidades do niilismo radical; sem querer dizer com isso que ela se detenha em uma negação, no não, em uma vontade de não. Ela quer, em vez disso, atravessar até o inverso- até um dionisíaco dizer-sim ao mundo tal como é, sem desconto, exceção e seleção-, quer o eterno curso circular:- As mesmas coisas, a mesma lógica ilógica de encadeamento. Supremo estado que um filósofo pode alcançar: estar dionisiacamente diante da existência- minha formula para isso é amor fati.
Disso faz parte compreender os lados até agora negados da existência, não somentew como necessários, mas como desejáveis: e não somente como desejáveis em vista dos lados até agora afirmados ( eventualmente, como seus complementos ou condições prévias), mas em função de si próprios, como os mais poderosos, mais fecundos, mais verdadeiros, lados da existência, nos quais sua vontade se anuncia com maior clareza.
Do mesmo modo, faz parte disso avaliar os lados unicamente afirmados da existência; compreender de onde provém essa valoração e quão pouco ela é obrigatória para uma mediação de valor dionisíaca das coisas: eu extrai e compreendi o que propriamente o que diz sim aqui ( o instinto dos que sofrem, em primeiro lugar, o instinto do rebanho por outro lado, e aquele terceiro, o instinto da maioria contra as exceções-).
Adivinhei com isso, em que medida uma espécie mais forte de homem teria necessariamente de pensar a elevação e intensificação do homem em, direção a um outro lado: seres superiores, para alem do bem e do mal , para alem daqueles valores que não podem negar sua origem na esfera do sofrer, do rebanho e da maioria- procurei pelos esboços dessa inversa formação de ideal na história ( os conceitos procurei pelos esboços dessa inversa formação de ideal na história ( os conceitos “pagão”, “clássico”, “nobre”, dispostos de modo novo.-)”
Friedrich Wilhelm Nietzsche. Obras Incompletas/seleção de textos de Gerard Lebrun; tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho; 5 ed. SP: Nova Cultural, 1991. ( Os Pensadores); p. 172-173)http://www.youtube.com/watch?v=alHu-nGqDHY

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

GOD by JONH LENNON...


http://www.youtube.com/watch?v=Wv3ic6OOXns

Quando penso em tudo, sei que nada jamais será uma questão de fé...
Sei que todo sentido depende de mim e do que serei para meu pequeno eu entre as dez mil coisas do mundo...

God

by John Lennon

God is a concept,
By which we measure
Our pain.I'll say it again.
God is a concept,
By which we measure
Our pain.
I don't believe in magic
I don't believe in
I-Ching
I don't believe in Bible
I don't believe in Tarot
I don't believe in Hitler
I don't believe in Jesus
I don't believe in Kennedy
I don't believe in Buddha
I don't believe in Mantra
I don't believe in Gita
I don't believe in Yoga
I don't believe in Kings
I don't believe in Elvis
I don't believe in Zimmerman
I don't believe in Beatles
I just believe in me
Yoko and me
And that's reality.
The dream is over,
What can I say?
The dream is over
YesterdayI was the dreamweaver,
But now
I'm reborn.
I was the walrus,
But now I'm John.
And so dear friends,
You just have to carry on
The dream is over.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

BEATLES E A FILOSOFIA: LENNON E A LINGUAGEM


http://www.youtube.com/watch?v=BQcU5w915p8

Um dos momentos mais interessantes do documentário John Lennon: Imagine, produzido por David L Walper e Andrew é o trecho de um diálogo entre Lennon e um fã anônimo descoberto rondando os jardins de sua propriedade em Ascost, Inglaterra. Não há como precisar através do documentário a data do ocorrido. Apenas posso supor que esteja em algum ponto do inicio dos anos setenta. O que importa, porem, é que durante o curto dialogo reproduzido, Lennon procura desmistificar a importância de suas letras para o seu deslumbrado visitante com um argumento muito curioso. Segundo ele, referindo-se a uma canção especifica, apenas se divertia com as palavras e a letra absolutamente não faz sentido algum, o que permite que tudo se encaixe.
Esse aspecto de sua sensibilidade e criatividade, que pode parecer excêntrica em um primeiro momento, mas é mais comum do que se imagina entre os letristas e compositores do rock, foi surpreendentemente investigada com grande e surpreendente precisão em um dos ensaios reunidos na coletânea Beatles e a Filosofia, já comentada nesse blog. Refiro-me a E É CLARO QUE HENRY, O CAVALO, DANÇA A VALSA:OS JOGOS DE LINGUAGEM NAS LETRAS DE JOHN LENNON by Alexander R. Eodice. Reproduzo parcialmente em seguida um fragmento muito elucidativo e instigante deste ensaio cujo a parte tem o sujestivo sub titulo de: SÓ DO QUE VOCÊ PRECISA É LINGUAGEM.

“Lennon ama a linguagem e adora outra sensibilidade- uma abordagem puramente lingüística- quando escreve suas letras. Ela é o principio visível em seus escritos não musicais e cômicos, principalemte em In His Own Write e A Spaniard in the Works, prosa e poesia absurdas e escritas em um estilo semelhante a Lewis Carroll, Edward Lear, e até certo ponto, Joyce em Finnegans Wake. Na breve introdução ao livro, Paul McCartney escreve”alguns tolos se perguntarão por que partes do livro não fazem sentido; e outros procurarão por significados ocultos... Nada aqui precisa fazer sentido, e se for engraçado, já é suficiente”.
Algumas letras de Lennon são simples e jocosos usos da linguagem que, de um ponto de vista literal, podem ser considerados um total absurdo ou tolice, mas que, de outra perspectiva, exibem os amplos e variados usos que podem ser dados à própria linguagem. Isso em si mesmo é um tipo de “jogo de linguagem”, que segundo Wittgenstein tem um certo poder sobre nossa imaginação, “ e que é marcante o fato de que imagens e narrativas fictícias nos dão prazer, ocupam nossa mente”. Há vários modos pelos quais a linguagem é usada e um uso importante e geral é para o prazer do sentido do absurdo que a própria linguagem retrata. Entendendo isso, também é possível entender alqgo que a principio parecia ser um “absurdo disfarçado”, um “total absurdo”. O autor que nos permite mover do sentido aparente de sua linguagem para seu total absurdo também deve ser hábil nesse jogo. Lennon é de fato esse tipo de escritor, cuja habilidade especial surge de seu aguçado senso do sentido da linguagem, pois apenas alguém que possui esse senso poderia criar uma grande ilusão de sentido.”

Alexander R. Eodice. E é claro que Henry, O Cavalo, dança a valça: Os jogos de linguagem nas letras de John Lennon. In Os Beatles e a Filosofia/coletânea de Michael Baur e Steven Baur; tradução de Marcos Malvezzi-SP: Madras,2007, p. 224-225

O DOMIGO SEGUNDO A SEGUNDA FEIRA

O domingo,
Espalhado pela casa,
Não diz coisa alguma
As horas que passam.
Também
Nada significa lá fora
Ou traduz o agora
Enterrado no silêncio sereno
Do jardim de uma praça anônima.
O domingo
Se quer existe
Na fria tarde
De uma segunda feira...

I CAN TAKE CARE OF MYSELF

No conhecimento do sol
E dos saberes da lua
Organizo as horas
Perdidas em mundo.

Sigo sozinho
Pelos caminhos do tempo
Levando vazios e sonhos.
I can take care of myself...


Não sei meu último destino,
Os rumos do pensamento,
As inadequações e indagações
Dos sentimentos.

Sofro sozinho
As marcas do meu destino...
O caos dos sentiudos.
Que importa?
I can take care of myself...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

RICHARD DAWKINS: THE GOD DELUSION


Líder de um movimento pró ateísmo surgido na Grã Bretânea, o biólogo britânico Richard Dawkins afirmou-se definitivamente em 2006, através do lançamento do surpreendente best seller DEUS UM DELIRIO, como uma atípica voz de sensatez em um cenário mundial definido pelo medo, pela incerteza e emergência de neo fundamentalismos tanto religiosos quanto laicos.
Em seu citado livro encontramos uma defesa apaixonada do imaginário cientifico e do pensamento critico contra as armadilhas e cristalizações do senso comum cotidiano. Particularmente acredito que o maior mérito é desmistificar a religião enquanto um tema tabu, quebrar o poderoso poder da crença, submetendo-a ao tribunal da razão com o mesmo status de qualquer outras questão contemporânea.
Ao afirmar o ateísmo como um ponto de vista legitimo e não um “desvio” excêntrico de pensamento, Dawkins contribui decisivamente para a construção de um imaginário cultural e social definido pela pluralidade e a tolerância de um modo realmente radical. Por outro lado, confrontando a hegemonia do senso comum, como alternativa as crendices e mistificações acriticas, que transcendem, diga-se de passagem, a questão religiosa, ele nos oferece o caminho do aprendizado da consideração cuidadosa das grandezas e certezas que definem nosso senso de realidade. Nesse sentido Dawkins vai muito alem da mera e tradicional dicotomia Ciência X Religião.

“O biólogo Lews Wolpert acredita que a esquisitice da física moderna é só a ponta do iceberg. A ciência em geral, ao contrário do da tecnologia, é violenta com o bom senso. Wolpert calcula, por exemplo, que “há muito mais moléculas em um copo d’agua do que copos d’agua no ocenao”. Uma vez que toda à água do planeta passa pelo oceano, pareceria que a conclusão é de que toda vez que você toma um copo d’agua há boas chances de que algo do que já bebendo tenha passado pela bexiga de Oliver Cromwell. É claro que não há nada de especial em Cromwell, nem em bexigas. Você não acabou de respirar um átomo de nitrogênio que um dia foi respirado pelo terceiro iguanodonte à esquerda da árvore cicadácea? Não fica feliz de viver num mundo em que, além de tal conjectura ser possível, você tem o privilégio de entender o porque dela? E explicá-la publicamente para outra pessoa, não como uma opinião ou crença, mas como algo que ela, quando tiver entendido seu raciocínio, se sentirá compelida a aceitar? Talvez esse seja um dos aspectos de que Carl Sagan quis dizer quando explicou sua motivação para escrever O mundo assombrado pelos demônios: A ciência vista como uma vela no escuro: “Não explicar a ciência parece-me perverso. Quando estamos apaixonados, queremos contar ao mundo todo. Este livro é uma declaração pessoal, que reflete meu caso de amor de vida inteira com a ciência”.”

( Richard Dawkins. Deus, um delírio/tradução de Fernanda Ravagnani. SP: Companhia das Letras, 2007, p. 464 )

ERNEST CASSIRER E A CONDIÇÃO HUMANA


Ernest Cassirer foi um dos mais importantes pensadores do séc.XX. Os três volumes de sua FILOSOFIA DAS FORMAS SIMBÓLICAS (1929) permanecem sendo ainda hoje uma fonte indispensável para a compreensão da fenomenologia da cultura e do empreendimento humano.
Para o momento, entretanto, interessa-me particularmente seus ENSAIO SOBRE O HOMEM (1944) que pode ser lido como uma introdução a FILOSOFIA DAS FORMAS SIMBÓLICAS já que se ocupa dos mesmos temas de modo mais condensado. A primeira parte do livro, O QUE É O HOMEM compreende seus cinco primeiros capítulos. Enquanto a segunda parte, O HOMEM E A SOCIEDADE, seus sete capítulos finais.
Essencialmente, para Cassirer, o homem não se define como um animal rationale, mas como um animal symbolicum, na medida em que o símbolo é o que poderíamos definir o modo próprio de ser do homem. Seja através da arte, da linguagem, da ciência, da história ou do mito e a religião, o símbolo estrutura nossas configurações e representações de mundo. Mas a singularidade da vida simbólica e consequentemente da condição humana é a consciência individual. É ela quem nos coloca em um lugar especifico nas paisagens do reino animal. Como podemos ler na conclusão de seu ENSAIO SOBRE O HOMEM:

“É fato conhecido que muitas ações realizadas nas sociedades animais são não apenas iguais, mas em alguns aspectos superiores às obras dos homens. Foi com frequencia assinalado que, na construção de seus alvéolos, as abelhas agem como um perfeito geômetra, alcançando a mais alta precisão. Tal atividade exige um complexissimo sistema de coordenação e colaboração. Em nenhuma dessas realizações animais, no entanto, encontramos uma diferenciação individual. Todas são produzidas do mesmo modo e segundo as mesmas regras invariáveis. Não há qualquer latiutude para a escolha ou a capacidade individual. Só quando chegamos aos estágios superiores da vida animal encontramos os primeiros indícios de uma certa individualização. As observações dos macacos antropóides por Wolfgang Koehler parecem provar que há muitas diferenças de inteligência e habilidade nesses animais. Um deles pode ser capaz de resolver um problema que para os demais é insolúvel. E aqui podemos até falar de “invenções”individuais. Porém, para a estrutura geral da vida animal, tudo isso é irrelevante. Essa estrutura é determinada pela lei biológica geral segundo a qual os caracteres adquiridos não são passiveis de transmissão hereditária. Todo aperfeiçoamento que um organismo possa obter no curso de uma vida individual fica confinado a sua própria existência, e não influência a vida da espécie. Nem o homem é uma exceção a essa regra biológica geral. Mas o homem descobriu um modo de estabilizar e propagar suas obras. Não pode viver sua vida sem expressá-la. Os vários modos dessa expressão constituem uma nova esfera. Tem uma vida própria, um tipo de eternidade através da qual sobrevivem a existência individual e efêmera do homem. Em todas as atividades humanas vemos uma polaridade fundamental, que pode ser descrita de várias maneiras. Podemos falar de uma tensão entre estabilização e evolução, entre uma tendência que leva a formas fixas e estáveis de vida e outra que rompe esse esquema rígido. O homem fica dividido entre essas duas tendências, uma das quais procura preservar as formas antigas, enquanto a outra esforça-se para produzir novas formas. Há uma luta incessante entre a tradição e a inovação, entre forças reprodutivas e criativas. Esse dualismo é encontrado em todos os domínios da vida cultural. O que varia é a proporção dos fatores opostos."
( Ernest Cassirer. Ensaios Sobre o Homem: Introdução a uma filosofia da cultura Humana./ tradução de Tomás Rosa Bueno. SP: Martins Fontes, 1994, p.364)

Tal dualismo harmônico entre conservação e inovação encontra na existência individual seu fator decisivo, pois é através de indivíduos que as inovações coletivas tem um inicio, mesmo que a custa de uma dura luta contra as inércias coletivas. Esta tensão entre opostos é justamente aquilo que podemos definir como a fonte do próprio movimento da vida.

ACASO


O Ponto certo
De um pequeno ato
Escrito no fundo
Do pensamento
É o vazio...
Um vazio tão intenso
E impreciso
Que nos ensina
O infinito,
O ilimitado
Das possibilidades da vida.

Sei apenas
Que todas as horas
Do dia
Resumiram-se
Repentinamente
Na subjetiva importância
De um único e minimo acontecimento
Em um ponto cego de momento certo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CRONICA RELAMPAGO XLIII

As coisas realmente importantes, como se costuma dizer, estão além das palavras, não podem ser nomeadas ou articuladas. Nem por isso, entretanto, elas deixam de possuir veracidade, mesmo que aconteçam imprecisas e vagas no sem nome de alguma intuição ou opaco pensamento que traduz imprecisas percepções de realidade.
São estas coisas que nos calam, que nos deixam imóveis como se o próprio rosto desabasse no chão em um suspiro de quase absoluto nada. Elas pertencem aos silêncios e são inspiradas pelo onipresente vazio que nos funda a existência, que nos faz viver e fazer, buscar e acontecer. Tudo isso sem o consolo de qualquer contundente porque...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

MEMORY

As lembranças que guardo
Definem
Quem sou no mundo,
Sustentam meu rosto
No dizer de passados
Perdidos e acumulados.

Carrego a marca viva
De todos os atos sofridos.

Sou sob a sombra
De tudo aquilo que fui
Um frágil momento
De mim mesmo
A se desfazer
Na paisagem da existência.

ESPECULAÇÕES SOBRE A ROTINA...


Os protocolos e rotinas da vida contemporânea afirmam a imanência como premissa elementar da existência. Não importa os valores ou convicções que nos sustentam, nossas vidas são necessariamente voltadas para a pragmática realização da mais imediata e concreta existência. Tudo é no fundo uma questão de sobrevivência...
Afinal, trabalhamos para ganhar dinheiro, pagar tributos e consumir coisas de acordo com nossas possibilidades. Até mesmo o lazer e o ócio são apêndices dessa ingrata dinâmica que obscurece até o limite todas as possibilidades de nosso tempo biológico e biográfico
Se você soubesse que morreria amanhã o que faria do dia de hoje? ... Essa é uma pergunta clichê para qual toda resposta é de algum modo duvidosa... ou insuficiente, já que vida alguma tem ponto final e tudo geralmente acaba em reticências...

O desaparecimento de um individuo é algo que nos faz tocar o vazio...

Crença alguma muda isso.