terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

CRÔNICA RELÂMPAGO XLIV

A busca pela realização individual ou pessoal ocupa um lugar privilegiado no imaginário contemporâneo, o que pode parecer a primeira vista um traço de continuidade entre o ultimo século e o atual. Mas hoje em dia isso acontece para alguns de modo bastante peculiar. Não mais como uma mera afirmação egoica socialmente imposta e pouco original, mas como uma meta biográfica cada vez mais subjetiva e imprecisa, uma afirmação daquilo que irracionalmente escolhemos ou nos escolhe pelos labirintos da existência como expressão radical da singularidade.
Deste ponto de vista, tal busca não mais se associa exclusiva e unilateralmente a adesão a essa ou aquela persona profissional,religiosa ou opção sexual. Não se cristaliza em torno de qualquer forma de identidade convencional, mas aparece associada a assimilação da diversidade como um dado ontológico, um referencial que nos permite reunir em nossas próprias vidas a diversidade que define hoje o próprio mundo.
De muitos modos somos hoje saudavelmente incoerentes e confusos, capazes de articular coisas diversas e disparatadas em uma unidade definida pela diversidade como principio. Afinal, transitamos diariamente entre várias “tribos” ou realidades culturais em um mesmo espaço urbano ou através da Web sem que isso nos incomode ou espante.
A versatibilidade parece ser uma das mais marcantes características das pioneiras gerações desse novo milênio. Talvez isso lhes permita ir mais longe do que qualquer uma foi até agora na continua invenção e reinvenção daquilo que conhecemos como realidade.

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