Pensar é transcender a vontade
como coisa em si e a necessidade de mundo como um imperativo biológico. Em caso
de duvida, vide Schopenhauer... Só sei que já estou farto da imbecibilidade cotidiana e dos lugares comuns da vida da espécie. Já não suporto a necessidade como
condição perversa da construção da minha ainda possível subjetividade.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 5 de abril de 2016
segunda-feira, 4 de abril de 2016
O VAZIO DA EXISTÊNCIA
“Se deixarmos de contemplar o
curso do mundo como um todo e, em particular, a efêmera e cômica existência de
homens enquanto sucedem um ao outro rapidamente para observar a vida em seus
pequenos detalhes: quão ridícula é a visão!
Impressiona-nos do mesmo modo
como uma gota d’água, uma simples gota fervilhando de infusoria, é vista por um
microscópio, ou um pedaço de queijo cheio de carunchos invisíveis a olho nu.
Sua atividade e luta uns contra os outros em um espaço tão pequeno nos entretém
grandemente. Acontece o mesmo no pequeno lapso da vida – uma grande e séria
atividade produz um efeito irrisório.”
Arthur Schopenhauer in O vazio da
Existência
O VAZIO DA EXISTÊNCIA
O que ainda resta a fazer enquanto
o tempo passa?
Talvez apenas escrever sobre a
incerteza de ser,
sobre nossas faltas e silêncios,
até que a noite nos cubra para
sempre.
Nunca enxergamos as imperfeições
,
o disfuncional e vexatório de
nossas vidas.
O banal nos escapa.
Por isso é fácil seguir a favor
dos fatos.
que cada vez mais carecem de
significados.
sábado, 2 de abril de 2016
A FALACIA DO CONHECIMENTO DE SI MESMO SEGUNDO SCHOPENHAUER
Sobre a filosofia e seu método reúne ensaios de Schophenhauer originalmente editados sob o titulo Parerga e Pasraliponema ( ornatos e Complementos) que muitos consideram sua obra fundamental.
Quero aqui me deter sobre a relação entre vontade e intelecto, que muito esclarece sobre a peculiaridade de sua filosofia.
Para o filosofo alemão o conhecimento de si mesmo, lugar comum do senso filosófico ocidental, não passa de uma falácia na medida em que o sujeito do conhecimento não é algo autônomo e não possui uma existência independente da vontade, que constitui o fundamento do seu ser.
Em seus próprios termos,
"A vontade é certamente coisa-em-si, existente por si mesma, primária e autônoma, aquilo que se manifesta como fenômeno na apreensão espacial intuitiva do cérebro como organismo. Não obstante, também ela é incapaz de auto conhecimento, pois ela é em si e para si mesma algo que meramente quer, não algo que conhece. Pois ela, como tal, não conhece absolutamente nada, logo, também não a si mesma.. O conhecimento é uma função secundária e mediada que não pertence imediatamente a à primaria em sua própria essencialidade."
(Shopenhauer. Sobre a Filososofia e seu Método. Organizado e traduzido por Flamarion C. Ramos. SP: Hedra, 2010, po. 83)
Por isso o intelecto deve abandonar sua destinação natural a vontade e alcançar seu uso objetivo, base de toda filosofia poesia e, até mesmo ciência até agora possível. Deve-se eliminar todo interesse pessoal para realizar a reflexão livre das contigências de cada época e do curso atual do mundo. Tamanho distanciamento e indiferença a concretude do mundo é o que caracteriza o gênio para Schopenhauer.
quinta-feira, 31 de março de 2016
OS LIMITES CONTEMPORÂNEOS DO LÚDICO
A ludicidade é um dos traços mais
marcantes da cultura contemporânea. Através das redes sociais, cinema, jogos
digitais, dentre outros artifícios, dedicamos muito tempo a evasão e ao lúdico como
forma de expressão e construção de nossa subjetividade.
Mas a ludicidade encontra-se
ironicamente cada vez menos vinculado a
um sentimento de espontaneidade e liberdade. Nos exemplos aqui citados
observamos a mera reprodução de um comportamento mimético, coletivamente
induzido por um cultura de massas que tende a normatização e padronização
comportamental. Nossa espontaneidade é cada vez menos espontânea. O que não
deve surpreender, pois o termo lúdico é
um sinônimo de jogo, remete a um sistema
de regras e objetivos. Atividades que se esgotam em si mesmas e sem implicações
pragmáticas no cotidiano social, embora convencionalmente associadas a prazer e
diversão, pressupõe alguma disciplina e direcionamento.
A criatividade moldada pela
massificação castra o desenvolvimento do indivíduo reduzindo-o a uma unidade
replicante de praticas e referencias culturais impessoais que dispensam a criatividade
e o irracional como principio do exercício da ludicidade.
O JOGO DA VIDA
Algumas mínimas certezas...
É tudo do que precisamos
para suportar o mundo
e inventar a vida
como um jogo de signos
e símbolos.
Procure a chave
que esclarece a porta
Enquanto a pergunta
inventa a resposta.
Todas as questões
já estão dadas.
Apenas leia os vazios
entre nossas existências.
terça-feira, 29 de março de 2016
INDIVIDUALIDADE
Sei que sou invisível ao mundo em
minha individualidade convulsa. Não passo de mais um rosto afogado na multidão.
Entretanto, considero apenas o fato de que o mundo não cabe nesta pouca coisa
que sou. Isso é tudo que me importa na orquestração dos atos contra os fatos
que me definem no anonimato cotidiano
das ruas. Realizo através dos meus tantos eus minha
mais limitada e concreta finitude.
segunda-feira, 28 de março de 2016
UM SONHO SOBRE FANTASMAS
Havia sonhado com fantasmas na
noite passada. No sonho eu havia ido a uma festa. Mas havia chegado muito cedo
ao local e a anfitriã me recebeu naquele estranho casarão colonial com formal
cordialidade. Ela me conduziu a cozinha onde serviu uma pequena refeição para ninguém. Depositou o prato em uma mesa
vazia e voltou sua atenção para mim em seguida. Percebendo minha aparente perplexidade diante do fato, me
questionou se eu não podia vê-lo...
Depois disso comecei a enxergar
pessoas portando trajes do século XIX em todas as partes. Não eram exatamente aparições, estavam ali
vivendo seu cotidiano indiferentes a mim. Mas eu sabia que não se tratava de
uma viagem no tempo. Aquelas pessoas e seu tempo estava ali agora,
simultaneamente ao meu presente.
Em dado momento uma delas me
percebeu e atirou um objeto qualquer na minha direção. Chamou minha atenção sua expressão de espanto
quando o objeto arremessado simplesmente me atravessou.
O sonho sugeria a ideia de que o passado continua acontecendo
paralelamente ao tempo presente, como se em uma outra dimensão normalmente
invisível.
Evidentemente, não estou
formulando aqui qualquer teoria absurda sobre vida após a morte, mas apenas
descrevendo uma curiosa experiência onírica, uma fantasia irracional. O que
realmente me parece estar aqui em jogo é minha obsessão pelo passado, minha
incapacidade de aceitar o simples fato objetivo de que a finitude e o devir
configuram toda experiência humana.
segunda-feira, 21 de março de 2016
ESCAPISMO
Tudo que eu mais precisava
era de um fortuito desencontro
com todas as coisas
na serenidade dos meus
desenraizamentos.
Era urgente fugir as obrigações,
responsabilidades e ilusões de
dia a dia.
Precisava me despir de todas as
certezas
e explicações.
Sair por ai como um ninguém,
me perder dos outros
e do mundo.
sexta-feira, 18 de março de 2016
FORTUNA
Triunfalismos sempre nos conduzem
a derrotas.
Pois não há vitória que não se
reverta.
Alternamos posições na roda da
fortuna
e o dia depois do outro
é nossa única certeza .
Não recomendo, portanto,
o engodo da felicidade.
Não estamos destinados ao
sucesso,
mas a arte de reinventar
constantemente o possível
sem grandes expectativas.
terça-feira, 15 de março de 2016
ANOTAÇÕES SOBRE WATCHMEN
Watchmen representa para mim uma
das mais ousadas experiências já realizadas no campo das Histórias em
Quadrinhos. Mas seria redundante falar sobre a originalidade da trama que revela os aspectos sombrios do mundo dos
super- heróis. Nenhum dos personagens de
Allan Moore e David Gibbons são exemplos morais, todos demonstram fragilidades,
fraquezas, contradições e dilemas. Embora, de um modo geral, se considerem de
alguma maneira acima dos simples mortais e imponham a sociedade seus
próprios paradigmas.
O cenário de guerra fria que
serve de pano de fundo a história, ambientada nos anos 70/80, associada à
iminência de uma terceira guerra mundial, sugere um mundo amoral e decadente
onde os super- heróis, que tomam para si o papel de seus salvadores, acabam se revelando como agentes de suas contradições. Assim, os heróis de Moore não
são virtuosos ou dignos de admiração, são perturbadores por sua radical e
conturbada humanidade.
Os dilemas filosóficos do Dr.
Manhattan, o singelo e ingênuo romance entre Espectral e o Homem Coruja, tal
como a insanidade de Rorschach, quando contrastadas, compõem um mosaico de
situações realmente caóticas, diante do
qual, nos questionamos se o conjunto das coisas vividas ainda fazem qualquer
sentido. O jogo entre fantasia e realidade dar-se ainda através dos Contos do
Cargueiro Negro, uma história em quadrinhos lida por um rapaz em uma banca de
revistas. A história dentro da história é mais do que um exercício metalinguístico
, mas expressão do lugar dos quadrinhos em um mundo onde os super heróis são
reais.
São muitas as chaves de leitura e
detalhes que poderia explorar aqui, mas me limitarei a uma passagem fascinante
do Dr. Manhattan,
“O tempo é simultâneo, uma joia
intricada que os humanos insistem em ver apenas por um ângulo, quando o desenho
completo é visível em todas as suas facetas.”
A transcendência de todas as
questões, a indiferença que caracteriza O DR. Manhattan e o conduz ao exílio,
representa uma postura niilista com relação à condição humana, com a própria vida.
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