sábado, 2 de abril de 2016

A FALACIA DO CONHECIMENTO DE SI MESMO SEGUNDO SCHOPENHAUER

Sobre a filosofia e seu método reúne ensaios de Schophenhauer originalmente editados sob o titulo Parerga e Pasraliponema ( ornatos e Complementos) que muitos consideram sua obra fundamental.

Quero aqui me deter sobre a relação entre vontade e intelecto, que muito esclarece sobre a peculiaridade de sua filosofia. 
Para o filosofo alemão o conhecimento de si mesmo, lugar comum do senso filosófico ocidental,  não passa de uma falácia na medida em que o sujeito do conhecimento não é algo autônomo e não possui uma existência independente da vontade, que constitui o fundamento do seu ser.
Em seus próprios termos,

"A vontade é certamente coisa-em-si, existente por si mesma, primária e autônoma, aquilo que se manifesta como fenômeno na apreensão espacial intuitiva do cérebro como organismo. Não obstante, também ela é  incapaz de auto conhecimento, pois ela  é em si e para si mesma algo que meramente quer, não algo que conhece. Pois ela, como tal, não conhece absolutamente nada, logo, também não a si mesma.. O conhecimento é uma função secundária e mediada que não pertence imediatamente a à primaria em sua própria essencialidade."

(Shopenhauer. Sobre a Filososofia e seu Método. Organizado e traduzido por Flamarion C. Ramos. SP: Hedra, 2010, po. 83)

Por isso o intelecto deve abandonar sua destinação natural a vontade e alcançar seu uso objetivo, base de toda filosofia poesia e, até mesmo ciência até agora possível. Deve-se eliminar todo interesse pessoal para realizar a reflexão livre das contigências de cada época e do curso atual do mundo. Tamanho distanciamento e indiferença a concretude do mundo é o que caracteriza o gênio para Schopenhauer.

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