segunda-feira, 28 de março de 2016

UM SONHO SOBRE FANTASMAS

Havia sonhado com fantasmas na noite passada. No sonho eu havia ido a uma festa. Mas havia chegado muito cedo ao local e a anfitriã me recebeu naquele estranho casarão colonial com formal cordialidade. Ela me conduziu a cozinha onde serviu uma pequena refeição  para ninguém. Depositou o prato em uma mesa vazia e voltou sua atenção para mim em seguida. Percebendo  minha aparente perplexidade diante do fato, me questionou se eu não podia vê-lo...

Depois disso comecei a enxergar pessoas portando trajes do século XIX em todas as partes.  Não eram exatamente aparições, estavam ali vivendo seu cotidiano indiferentes a mim. Mas eu sabia que não se tratava de uma viagem no tempo. Aquelas pessoas e seu tempo estava ali agora, simultaneamente ao meu presente.

Em dado momento uma delas me percebeu e atirou um objeto qualquer na minha direção.  Chamou minha atenção sua expressão de espanto quando o objeto arremessado simplesmente me atravessou.
O sonho sugeria  a ideia de que o passado continua acontecendo paralelamente ao tempo presente, como se em uma outra dimensão normalmente invisível.

Evidentemente, não estou formulando aqui qualquer teoria absurda sobre vida após a morte, mas apenas descrevendo uma curiosa experiência onírica, uma fantasia irracional. O que realmente me parece estar aqui em jogo é minha obsessão pelo passado, minha incapacidade de aceitar o simples fato objetivo de que a finitude e o devir configuram toda experiência  humana.


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