Uma
história que não seria aquela do que poderia haver de verdadeiro nos
conhecimentos; mas uma análise dos ‘jogos de verdade’, dos jogos entre o
verdadeiro e o falso, através dos quais o ser se constitui historicamente como
experiência, isto é, como podendo e devendo ser pensado.”
Michel
FOUCAULT
in
História da Sexualidade vol. 2: O Uso dos Prazeres
A
experiência de si é sempre a vivência dos limites do tempo presente. Pois esta
condicionada a um dizível e a um visível, conformada a diversas formas de
assujeitamento, de normalização da vida e do pensamento.
O
“eu” através do qual escrevo, por
exemplo, é um componente do discurso que se confunde com os valores que
condicionam qualquer enunciado, estabelecendo os limites do possível do meu
dizer.
O
que me parece, portanto, desafiador e útil é buscar, naquilo que permaneceu em estado virtual, que
foi objeto de interdição para viabilizar
o possível, alguma sinalização de um outro futuro alternativo, de qualquer conteúdo
rejeitado que ainda aguarda para nascer reinventando o presente. Estamos sempre grávidos de alguma
palavra que foge as gramaticas vigentes, que se insinua como paixão, paradoxo e descontinuidade.