O transitório, o efêmero e o
contingente são hoje em dia lugares comuns para definir nossa condição humana
nos cenários definidos pela cultura e sensibilidades contemporâneas. Eternidade e permanência, referenciais
negativos da modernidade de um eu lírico em crise foram, ao contrário, superados .
Diferente da modernidade, a
contemporaneidade não tem como questão a crise do sujeito, mas, simplesmente,
seu deslocamento e desaparecimento como lugar de produção de um discurso
articulado a partir do hiato estabelecido entre o passado e o presente.
O passado e o presente foram
nivelados a simulacro, e, enquanto referencias de articulação de eu discursivo,
reduzidos a imagens de evasão e negação.
O eu lírico contemporâneo é um
desenraizado de si mesmo que persegue o quebra cabeça que é sua própria condição de existente vindo
de um passado que hoje assombra o onírico e um presente estático e vazio de
significados.
O fragmento, o nonsense, o
silêncio e até mesmo a imagem crua são sua forma de expressão. Para ele tudo
que resta são as ruinas da literatura e o cadáver do futuro.