sexta-feira, 24 de junho de 2016

SOBRE O EU LÍRICO CONTEMPORÂNEO

O transitório, o efêmero e o contingente são hoje em dia lugares comuns para definir nossa condição humana nos cenários definidos pela cultura e sensibilidades contemporâneas.  Eternidade e permanência, referenciais negativos da modernidade de um eu lírico em crise foram, ao contrário,  superados .

Diferente da modernidade, a contemporaneidade não tem como questão a crise do sujeito, mas, simplesmente, seu deslocamento e desaparecimento como lugar de produção de um discurso articulado a partir do hiato estabelecido entre o passado e o presente.

O passado e o presente foram nivelados a simulacro, e, enquanto referencias de articulação de eu discursivo, reduzidos a imagens de evasão e negação.

O eu lírico contemporâneo é um desenraizado de si mesmo que persegue o quebra cabeça  que é sua própria condição de existente vindo de um passado que hoje assombra o onírico e um presente estático e vazio de significados.


O fragmento, o nonsense, o silêncio e até mesmo a imagem crua são sua forma de expressão. Para ele tudo que resta são as ruinas da literatura e o cadáver do futuro.  

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