quinta-feira, 1 de agosto de 2019

QUESTÕES EPISTEMOLÓGICAS



O momento do pensamento pressupõe a preexistência da realidade.Mas a realidade é um ato de pensamento. Realidade e pensamento são expressão da consciência como fronteira entre o orgânico e o inorgânico. Cada um de nós é o próprio mundo observado. A falsa dualidade entre sujeito e objeto sustenta a tagarelice logocêntrica do pensamento ocidental. Afasta de forma absurda os saberes de nossa presença no mundo. Não existe momento do pensamento que não seja instante do corpo onde o eu é toda experiência de mundo.

quarta-feira, 31 de julho de 2019

DUALISMO E CORPOREIDADE



O corpo/natureza nada tem em comum com o corpo/sociedade. Os dois coincidem na mesma extensão, mas são absolutamente diversos. Ambos definem o eu onde se escreve esta presença que sou. Mas um só é visível na ausência do outro.

O corpo/natureza é múltiplo e provisório arranjo de moléculas, células e órgãos.
O corpo/sociedade é desejo domado, habito  e pensamento. Ele é pura abstração.

Ambos fluxo, desejo ....
Em nenhum deles eu existo.
Mas estou em ambos,
Vivo e morto.


A RESPOSTA




A resposta mora na próxima pagina.
Mesmo que agora
Você já esteja lendo a próxima pagina.

Nunca pare de ler.
Busque sempre a resposta.
Ela espera na próxima pagina,
Na nota de rodapé
do livro seguinte,
No próximo leitor.

Não duvide!
Leia!

segunda-feira, 29 de julho de 2019

SABER E POESIA



Estamos sempre atentos a palavra, a verbarrogia, ao dizer continuo sobre todas as coisas. Nos entupimos de informação, de respostas, significações.

Estamos sempre cheios de verdades, de versões da realidade, de convicções afetivas e eletivas.

Mas todas as opiniões somadas não definem o mundo ou a vida. Sevem apenas as ilusões e normas da civilização.

É no silencio que existimos como vivente,na composição do orgânico e do inorgânico, do ser e do não ser.

Precisamos ouvir mais o silêncio, sentir a realidade como coisa vivida que extrapola o pensado e o representado.  

O saber mais autentico é o a poesia que não serve a nenhum poder sobre pessoas e coisas, pois se propõe a nada dizer no falar de tudo. 

sábado, 27 de julho de 2019

A ARTE DE VIVER E CONVIVER


Partilhar o mundo é compartilhar um juízo estético. Por isso a arte é  mais importante à existência do que qualquer ciência.

A partilha possível de uma sensação  abstrata de prazer é  o que define o contágio dos afetos entre os diferentes.

Partilhar o mundo é viver singularidades de modo impessoal e íntimo na construção  social da subjetividade. É saber o outro no prazer de ser, de produzir presença, compor vivências através  daquilo que nos co-transforma.

O dialogo inventa o sentido como expressão afetiva de uma experiência comum. 

Somos como arvores dançando um vento....

sexta-feira, 26 de julho de 2019

O SILÊNCIO DA PALAVRA ESCRITA



Estou ausente da palavra que me escapa do punho.
Ela é meu modo de não dizer nada,
De fugir de mim mesmo,
Enquanto o tempo  mata
E apaga tudo que existe.

Apenas ausências sustentam a escrita
como um dizer que não fala,
Que reinventa a si mesmo
como forma e enigma
Na vertigem do pensamento.

O texto é pura performance de ausências.
A palavra não comunica,
Não explica.
Se quer tem objeto.

Ela traduz o vazio em toda sua complexidade
Construindo segredos em cada verso,
construindo simulacros e desvios
no corpo de mil  narrativas.
Tudo isso apenas para registrar silêncios
no desdizer da vida.



MULTIPLICIDADE E EXISTÊNCIA


Invento a mim mesmo sempre incompleto,
Contraditório e aberto ao outro.

Porque sou sempre todos os outros que me povoam.
Mesmo sem conhece-los vivo dentro deles,
Incapaz de ser eu mesmo.

O indeterminado me define como processo,
Como anônima expressão de gente
Que não se conforma ao seu próprio rosto.


quinta-feira, 25 de julho de 2019

SOBRE OS LIMITES DO HUMANISMO


Já não nos reconhecemos confortavelmente naquela abstração antropológica que separou o animal do homem. Mas disso não se deduz qualquer fantasia primitivista de um retorno a natureza. Pelo contrario, é com o vazio do humano que somos confrontados. Não sabemos lidar com nossa animalidade e essa inadaptação a nossa inalienável condição animal se tornou um fardo com a civilização, com os artifícios de sobrevivência e reinvenção da vida que a cultura significou ao longo de séculos de adaptação do homem ao mundo em seus próprios termos.
O que nos tornamos já não é visto como um ganho, mas como um fado do qual parecemos incapazes de nos livrar.

A forma-homem já não é mais vista inequivocadamente como a medida de todas as coias humanas. A natureza retorna como um imperativo necessário a nossa própria sobrevivência diante das disfunções da civilização pós industrial. Nos encaminhamos para o limite do pensável diante de toda a tradição humanista.  


segunda-feira, 22 de julho de 2019

ÉTICA E LINGUAGEM


O que busco pelo discurso é uma transparência impessoal da vida.  

Procuro um efeito de verdade que  abrigue o desejo,
Que me faça criativo,
Que me permita existir além de toda identidade.

Não procuro respostas, nem sonho revoluções.
Sei que jamais esgotaremos todas as possibilidades da realidade.

Busco  o livre modo de uma nova ética,
A plena realização do meu corpo
em intensa existência.

Mas o que quer meu corpo?


O EU, OS OUTROS E O NÓS


Entre o meu inicio e o meu fim há o absoluto do meu existir em todas as direções da vida. Sou essencialmente exterioridade. Algo que dura e perdura contra o tempo através do desejo.
Mesmo que provisoriamente eu existo, ínsito em mim mesmo, descobrindo e redescobrindo o mundo.

Existir é um ato de criação permanente onde me surpreendo criador e criatura de um mundo comum a todos. Dentro de mim existem os outros e juntos inventamos um nós que virá.