sábado, 1 de junho de 2019

VIDA E SONORIDADES


Existe uma sonoridade que define a ambientação, nosso modo de estar entre as coisas. 

Sonoridade sempre corporifica uma ação. Há sons de trabalho, de alegria, de tristeza, de presença, de alimentação. Toda atividade tem sua própria expressão sonora. 

Por isso a música não nos comunica um estado de espírito, mas uma ação. Musicalidade é uma estética do movimento.

sexta-feira, 31 de maio de 2019

DA METAFISICA NATURALISTA DO SER ENTRE AS COISAS


Um sentimento trágico do mundo é expressão do inumano, de nossa participação e comunhão com os múltiplos aspectos do existir das coisas.


Consciência é participação, existência é comunhão. Através dela afirma-se a indistinta experiência do eu e das coisas. Através dela o vivente confunde-se com o ambiente. Ele é pura resignação, como extensão ( corpo) e pensamento. A vida é uma paisagem em movimento. É música, intensidade, desejo.

domingo, 26 de maio de 2019

SOBRE ESCREVER

Tento construir um território de silêncio no ato da escrita. Procuro escapar a fala, ao uso cotidiano e pragmático das palavras. Meu objetivo é ferir o significado, fugir a ordem da comunicação. 

Procuro dizer "o si", construir um cuidado, um rito de existência, fugir de mim. Escrever é escapar ao eu, desafiar o nada da folha em branco e flertar com a morte, com o desaparecimento, que a escrita impõe aquele que se submete ao seu ato/processo.

O LADO DE FORA DO TEMPO PRESENTE

O lado de fora do tempo presente é o virtual e não o futuro. É uma recusa do habitual e do concebível a partir de um suporte cultural estabelecido. Ele é a margem, o descontínuo, a oposição ao possível.

Pode-se defini-lo, em uma só palavra, como inconformismo. E estar a altura do presente é nunca se confirmar a ele.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O OLHAR, O CORPO E A PALAVRA



O olhar, o corpo e a palavra...
Eis os três pilares da minha presença,
Do meu sempre provisório
Aqui e agora.

Por mais que eu seja,
Não passarei de uma quase existência,
Acontecendo através do olhar,
Do corpo e da palavra.
É assim que existo como miragem de mundo.


TEMPO QUE PASSA


Falta tempo no meu pouco tempo vivido .
Falta sempre tempo,
Já que o tempo é vazio.

Mas o que faço com o tempo
Que me mata aos poucos?
Ele passa silencioso
Enquanto eu existo.

Acho que preciso fugir do tempo,
Saber de mim onde não vivo.

O NIILISMO E O ÚLTIMO INSTANTE DA FILOSOFIA


Sou agora sinceramente insensato.
Tudo perdeu o sentido.
Na falência das metas narrativas.
Aprendi a dançar o caos,
A brincar com o infinito,
Em meio às ruínas da verdade.
Finito e plural
Abracei a incerteza universal.
Agora o tempo está dentro do corpo.
Deus está morto
E o homem não tem futuro.
Pensar é se render a vertigem,
Contemplar o horizonte do abismo
E ultrapassar todos os limites.
Eu não existo.
Sou minha própria ausência.
A natureza calou-se em mim.
Viver é um ato de linguagem
Que me comunica o silêncio do mundo.


quarta-feira, 22 de maio de 2019

SER E TEMPO



Tenho nostalgia do próprio ato de ser,
Das ambiências do vivido perdido
Que nunca resiste aos anos.

Não é apenas o passado lembrado
Que acorda o vazio da ausência.
É um afeto que me percorre sem objeto,
Que me arranco do tempo concreto,
Buscando restaurar a nervura de uma ambiência,
De uma vivência e modo de ser.
É um eu que me escapa quem revela o tempo que passa.


segunda-feira, 20 de maio de 2019

VERTIGEM URBANA


A gente quase não percebe. Mas a cidade não para de se transformar, de acumular desaparecimentos e silêncios, ruínas, corpos e prédios. 


A paisagem urbana é mutante, é movimento. Ela se perde em si mesma em qualquer alucinação narcisista. Ela cria seu duplo e vive da indeterminação do território e seus sítios.

Não é possível definir uma cidade. Dentro dela existem outras cidades, múltiplas realidades e paisagens.

A cidade é movimento, caos é desordem. Ela não se curva aos planos dos urbanistas ou a moral dos amantes da ordem pública. 

A cidade é um organismo vivo e pulsante.

domingo, 19 de maio de 2019

SENTIDO E AFETO


O sentido como assentimento não passa de conformismo, da prisão metanarrativa de uma perspectiva totalizante. 

Prefiro buscar a margem, o caos e o fragmento, como estratégia de pensamento, como construção ética do Si, vislumbrando uma estética da existência.

O sentido é para mim uma tradução da experiência, do corpo em movimento, na contra mão do dizível, do logocentrismo, que reduz a vida a formula de qualquer pseudo compreensão abstrata das coisas.

O sentido é o sentir de um espaço organizado como labirinto de experiências. É composição de corpos através dos afetos e das afecções.

O sentido é físico....