quinta-feira, 23 de maio de 2019

O NIILISMO E O ÚLTIMO INSTANTE DA FILOSOFIA


Sou agora sinceramente insensato.
Tudo perdeu o sentido.
Na falência das metas narrativas.
Aprendi a dançar o caos,
A brincar com o infinito,
Em meio às ruínas da verdade.
Finito e plural
Abracei a incerteza universal.
Agora o tempo está dentro do corpo.
Deus está morto
E o homem não tem futuro.
Pensar é se render a vertigem,
Contemplar o horizonte do abismo
E ultrapassar todos os limites.
Eu não existo.
Sou minha própria ausência.
A natureza calou-se em mim.
Viver é um ato de linguagem
Que me comunica o silêncio do mundo.


quarta-feira, 22 de maio de 2019

SER E TEMPO



Tenho nostalgia do próprio ato de ser,
Das ambiências do vivido perdido
Que nunca resiste aos anos.

Não é apenas o passado lembrado
Que acorda o vazio da ausência.
É um afeto que me percorre sem objeto,
Que me arranco do tempo concreto,
Buscando restaurar a nervura de uma ambiência,
De uma vivência e modo de ser.
É um eu que me escapa quem revela o tempo que passa.


segunda-feira, 20 de maio de 2019

VERTIGEM URBANA


A gente quase não percebe. Mas a cidade não para de se transformar, de acumular desaparecimentos e silêncios, ruínas, corpos e prédios. 


A paisagem urbana é mutante, é movimento. Ela se perde em si mesma em qualquer alucinação narcisista. Ela cria seu duplo e vive da indeterminação do território e seus sítios.

Não é possível definir uma cidade. Dentro dela existem outras cidades, múltiplas realidades e paisagens.

A cidade é movimento, caos é desordem. Ela não se curva aos planos dos urbanistas ou a moral dos amantes da ordem pública. 

A cidade é um organismo vivo e pulsante.

domingo, 19 de maio de 2019

SENTIDO E AFETO


O sentido como assentimento não passa de conformismo, da prisão metanarrativa de uma perspectiva totalizante. 

Prefiro buscar a margem, o caos e o fragmento, como estratégia de pensamento, como construção ética do Si, vislumbrando uma estética da existência.

O sentido é para mim uma tradução da experiência, do corpo em movimento, na contra mão do dizível, do logocentrismo, que reduz a vida a formula de qualquer pseudo compreensão abstrata das coisas.

O sentido é o sentir de um espaço organizado como labirinto de experiências. É composição de corpos através dos afetos e das afecções.

O sentido é físico....

quinta-feira, 16 de maio de 2019

A DIVERSIDADE DO SER E DO NÃO SER


Uma plurarização de vozes dissonantes reinventa a vida contra a verdade. É tempo de liberdade, de sentir e buscar o impensável, semear descontinuidades, reaprender a ser corpo. 


Reinventemos a vida como obra de arte. Cada um de nós inventa seu próprio mundo explorando o universo do outro. Um outro que é múltiplo, paisagem. Que é humano e inumano, orgânico e inorgânico. Tudo  que existe é cenário de uma consciência artudida, que escapa a si mesmo através do si do mundo. Tudo que existe é diverso e se dispersa. Não há fronteiras entre o ser e o não ser. Sentir é a melhor forma de pensar, de ser um  corpo liberto das ilusões do espírito.

PÓS FILOSOFIA DA HISTÓRIA DO PRESENTE


Vivemos  no tempo do que não tem tempo,
Na intensidade e agonia do simples momento.
Já não existem fatos. Apenas informações, opiniões  embriagadas de afetos abstratos, ancoradas em absurdas disputas por significações absolutas.
Mas a mudança já não transforma.
O acontecimento transcendeu a memória. Quem lembra não mais se recorda. Enfim, nos perdemos do eterno retorno através do absurdo da ideia de história.
Mas Hegel, entretanto, finalmente está morto.
Tudo é o deserto do  agora onde imperam urgências, apetites e velocidades, em meio às áridas paisagens em ruinas das civilizações contemporaneas.
As lembrancas não nos definem identidades.
A vida é apenas um filme ruim em uma tela de  360 gráus. A imagem respira...
Mas que filme, afinal, é esse?!...
Não há sentido em saber quem eu sou.
Amanhã sera tarde demais.
Mas o hoje é pra sempre. Mesmo que eu morra essa noite.
O mundo não tem mais tempo. O tempo é a mão de saturno. O Instante é tão impreciso, que nunca acontece.
O passado não diz mais a história.

ESGOTAMENTO


Esgotamento não é apenas sinônimo de indiferença ou de qualquer forma de evasão. É antes de tudo uma recusa. É não querer viver um mundo de verdades, certezas e triunfos, tal como aquele em todas as partes simulado e propagado. 

É recusar a grande ficção do social, dizer não  a obrigação de levantar da cama todos os dias, reproduzir rotinas impessoais  com as quais não estamos realmente comprometidos. Tudo em nome da busca por um sucesso duvidoso.

Esgotamento é o prenuncio de um desaparecimento, é viver deslocamentos motivados pela recusa de um cansaço funcional. É quando já não há mais nada a dizer ou ser feito, É quando o pensamento encontra seu limite, ou quando só resta estar de partida, sem direito a qualquer despedida.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

A CONSTRUÇÃO DA REALIDADE

A realidade não é um dado objetivo. Mas um conjunto de práticas cotidianas, um amálgama de representações e condicionamentos culturais que formatam nossa experiência imediata das coisas. 


A realidade é o circunstancial de uma construção histórica. Ela  é efêmera, perecível. A realidade é um efeito mental.

terça-feira, 14 de maio de 2019

A CORPORIZAÇÃO DA PALAVRA


Detesto a palavra que apenas se ocupa com informação, com a comunicação corriqueira, mecânica, onde o que é dito precisa ser reconhecido como mensagem corriqueira. Falo da palavra destinada a circulação, a troca e a barganha diária daquilo que não diz nada, que precisa reduzir tudo a um nome ou a uma explicação.

Esta palavra aprisionada pela razão,  serve sempre a um eu vaidoso que inventa objetos, que diz o que é e o que não é e tem a pretensão de reduzir o mundo a condição de um texto quase infinito onde tudo é compreensível.    

Já a palavra que me procura é quase imagética, não diz as coisas, é movimento, ritmo, expressão afetiva e sensações. Ela é espaço, campo de significações e invenções quase ilimitadas. Em suma, corporificações de pensamentos contra toda tradição logocêntrica.    

segunda-feira, 13 de maio de 2019

SER CORPO



Sou um corpo que respira,
Que come, mija e se conserva vivo.
Sou um corpo que envelhece,
Que morre todos os dias.
Mas também sou um corpo que fala,
Que se comunica com outros corpos,
Que não existe por si, nem para si.
Sou um corpo reduzido ao mundo,
Escravo da linguagem que inventa a realidade,
Esta prisão dos corpos despidos de natureza.