Uma imagem só é capaz de dizer
mais que a palavra quando o pensar extrapola certezas e se dissipa na
ambiguidade e fluidez de um devaneio. É preciso que o pensar se cale, que o corpo se renda a uma impressão estética
e a fantasia irracional de uma significação precária. Mas nunca um quadro será capaz de nos atingir
com a mesma intensidade de um bom romance. Assim me parece enquanto a
existência exigir uma boa dose de reflexão. Entretanto, uma boa leitura pode
ser substituída por um bom filme.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 20 de abril de 2016
terça-feira, 19 de abril de 2016
UM DIA QUALQUER
Hoje é apenas um dia
Depois de ontem.
Provisório e pre definido
Como as linhas de um romance ruim.
Hoje é apenas mais um dia
Escrito na televisão e jornais.
Quem sabe amanhã
Não tenhamos melhor sorte?
sexta-feira, 15 de abril de 2016
AUTONOMIA E SUBJETIVIDADE
É a carência de autonomia, a
inversão entre os meios e os fins, a dissociação da unidade do sujeito e a
implosão da subjetividade, que nos lança agora ao desvairado exercício de uma
metacrítica da existência ordinária.
Quando a vida se torna refém de ficções
coletivas e nos reduzimos a unidades de consumo impessoal, a própria ideia de
sociedade perde substância e a reflexão não passa de mitificação vazia.
ESCREVA CONTRA O MUNDO...
O mundo vem se tornando cada vez
mais monocromático, previsível e tedioso.
Nos esgotamos em nossas rotinas
padronizadas, em nossos pensamentos domesticados de realidade. A singularidade
humana, o espaço da privacidade e da construção permanente da singularidade, já
não é uma questão com a qual a maioria se importe. Estamos nos esquecendo de
ser... O mundo já não é mais habitado por indivíduos. Talvez nunca tenha sido.
Só resta a estratégia de uma expressividade narrativa , de uma conversão
de si mesmo em linguagem, na invenção de um universo abstrato de reflexões que
nos sirva de exílio do próprio real. Por
isso escrever ainda faz sentido.
terça-feira, 12 de abril de 2016
AQUELE RETRATO
Ainda guardo no bolso
Aquele retrato
De dias melhores,
De circunstâncias perdidas
Que nada mais comunicam
Ao aqui e agora.
Em nossos
Descaminhos de existência
Alimentamos passados
Para suportar o presente.
O futuro já não cabe
Em nossas vidas.
Apenas o imediato,
O agora e o fato.
Aquele retrato
Já não diz quem somos.
segunda-feira, 11 de abril de 2016
DESVIO
A ordem das coisas, a ordem das
aparências, não pode mais ser confiada a qualquer matéria de saber. O
pensamento, eu o quero paradoxal,
sedutor- com a condição, evidentemente, de não tomar por sedução a manipulação
aduladora, e sim como um desvio de identidade, um desvio de ser.”
JEAN BAUDRILLARD in SENHAS
O conhecimento hoje em dia tornou-se antes de tudo objeto de si mesmo. Ele
é seu próprio questionamento, um ato de desvio e duvida corrosiva sobre o
sentido e significado das coisas. O conhecimento deve ser reduzido a sua
premissa subjetiva e, como tal, declinar do seu valor de verdade objetiva. Tudo
que fazemos através da reflexão abstrata,
afinal, é estabelecer e reinventar as bases das codificações humanas daquilo
que conhecemos como realidade.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
NARRATIVAS BIOGRAFICAS E FANTASIA IDENTITÁRIA
Não sou capaz de falar sobre o que para mim permaneceu invisível ao longo
do acontecer da existência. Sou incapaz de qualquer releitura significativa das
coisas que transcenda a simples auto percepção ou reivindique alguma “objetividade”
ou simples distanciamento dos fatos.
Não posso me saber de um ponto
externo ao meu peculiar sentimento de mundo. A existência particular é um dado
irracional e aleatório que, apesar de todas seus condicionantes objetivos, escapa
ao calculo e a avaliação racional. Por isso sou cético com relação a
biografias.
Uma narrativa biográfica é uma
fantasia pessoal onde são impostos significados e propósitos íntimos a
acontecimentos e fatos artificialmente reconstruídos e contextualizados dentro
de um dizer de mundo peculiar subjetivo.
Mas há um profundo condicionante psíquico para
tal esforço de balanço existencial que, na maioria dos casos, não é levado em
consideração. O silencio e o invisível de
nossas ruinas ontológicas não se presta a teleologia vazia da unilateralidade
de uma racionalidade egóica. Nossas representações são sempre fantasiosas e
é justamente a reinvenção do real, e não sua objetivação , que torna a
narrativa biográfica interessante.
terça-feira, 5 de abril de 2016
EM CASO DE DÚVIDA VIDE SCHOPENHAUER
Pensar é transcender a vontade
como coisa em si e a necessidade de mundo como um imperativo biológico. Em caso
de duvida, vide Schopenhauer... Só sei que já estou farto da imbecibilidade cotidiana e dos lugares comuns da vida da espécie. Já não suporto a necessidade como
condição perversa da construção da minha ainda possível subjetividade.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
O VAZIO DA EXISTÊNCIA
“Se deixarmos de contemplar o
curso do mundo como um todo e, em particular, a efêmera e cômica existência de
homens enquanto sucedem um ao outro rapidamente para observar a vida em seus
pequenos detalhes: quão ridícula é a visão!
Impressiona-nos do mesmo modo
como uma gota d’água, uma simples gota fervilhando de infusoria, é vista por um
microscópio, ou um pedaço de queijo cheio de carunchos invisíveis a olho nu.
Sua atividade e luta uns contra os outros em um espaço tão pequeno nos entretém
grandemente. Acontece o mesmo no pequeno lapso da vida – uma grande e séria
atividade produz um efeito irrisório.”
Arthur Schopenhauer in O vazio da
Existência
O VAZIO DA EXISTÊNCIA
O que ainda resta a fazer enquanto
o tempo passa?
Talvez apenas escrever sobre a
incerteza de ser,
sobre nossas faltas e silêncios,
até que a noite nos cubra para
sempre.
Nunca enxergamos as imperfeições
,
o disfuncional e vexatório de
nossas vidas.
O banal nos escapa.
Por isso é fácil seguir a favor
dos fatos.
que cada vez mais carecem de
significados.
sábado, 2 de abril de 2016
A FALACIA DO CONHECIMENTO DE SI MESMO SEGUNDO SCHOPENHAUER
Sobre a filosofia e seu método reúne ensaios de Schophenhauer originalmente editados sob o titulo Parerga e Pasraliponema ( ornatos e Complementos) que muitos consideram sua obra fundamental.
Quero aqui me deter sobre a relação entre vontade e intelecto, que muito esclarece sobre a peculiaridade de sua filosofia.
Para o filosofo alemão o conhecimento de si mesmo, lugar comum do senso filosófico ocidental, não passa de uma falácia na medida em que o sujeito do conhecimento não é algo autônomo e não possui uma existência independente da vontade, que constitui o fundamento do seu ser.
Em seus próprios termos,
"A vontade é certamente coisa-em-si, existente por si mesma, primária e autônoma, aquilo que se manifesta como fenômeno na apreensão espacial intuitiva do cérebro como organismo. Não obstante, também ela é incapaz de auto conhecimento, pois ela é em si e para si mesma algo que meramente quer, não algo que conhece. Pois ela, como tal, não conhece absolutamente nada, logo, também não a si mesma.. O conhecimento é uma função secundária e mediada que não pertence imediatamente a à primaria em sua própria essencialidade."
(Shopenhauer. Sobre a Filososofia e seu Método. Organizado e traduzido por Flamarion C. Ramos. SP: Hedra, 2010, po. 83)
Por isso o intelecto deve abandonar sua destinação natural a vontade e alcançar seu uso objetivo, base de toda filosofia poesia e, até mesmo ciência até agora possível. Deve-se eliminar todo interesse pessoal para realizar a reflexão livre das contigências de cada época e do curso atual do mundo. Tamanho distanciamento e indiferença a concretude do mundo é o que caracteriza o gênio para Schopenhauer.
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