sexta-feira, 8 de abril de 2016

NARRATIVAS BIOGRAFICAS E FANTASIA IDENTITÁRIA

Não sou capaz de falar sobre  o que para mim permaneceu invisível ao longo do acontecer da existência. Sou incapaz de qualquer releitura significativa das coisas que transcenda a simples auto percepção ou reivindique alguma “objetividade” ou simples distanciamento dos fatos.

Não posso me saber de um ponto externo ao meu peculiar sentimento de mundo. A existência particular é um dado irracional e aleatório que, apesar de todas seus condicionantes objetivos, escapa ao calculo e a avaliação racional. Por isso sou cético com relação a biografias.

Uma narrativa biográfica é uma fantasia pessoal onde são impostos significados e propósitos íntimos a acontecimentos e fatos artificialmente reconstruídos e contextualizados dentro de um dizer de mundo peculiar subjetivo.


 Mas há um profundo condicionante psíquico para tal esforço de balanço existencial que, na maioria dos casos, não é levado em consideração.  O silencio e o invisível de nossas ruinas ontológicas não se presta a teleologia vazia da unilateralidade de uma racionalidade  egóica.  Nossas representações são sempre fantasiosas e é justamente a reinvenção do real, e não sua objetivação , que torna a narrativa biográfica interessante.

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