Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
PARA UMA CONCEITUAÇÃO DO DESEJO
“o desejo é o apetite acompanhado da consciência de si mesmo”.
Spinosa
Existir é constantemente estar- em- movimento-para-alguma - coisa, o que nos transforma em receptáculos de desejos ou escravos das necessidades que essencialmente nos movem.
Mas o desejo é também um modo de auto consciência,e, como tal, serve de corpo a fantasia e a imaginação das coisas, fonte de toda codificação do real.
O desejo é a ausência, a falta ontológica, a branda angustia que se confunde com o ato de existir...
O desejo é o não lugar que nos define em relação a tudo que existe.
O DESEJO COMO PRINCIPIO
Desejos
Escrevem vontades
Em meu pensamento
Colorindo o mundo
Com as intensas cores
De um querer profundo.
A vida grita
Em meu corpo
Como um ato vivo
De universo
transformando
Cada passo de futuro
na realização e na busca
de um pequeno sonho
de transfigurado cotidiano...
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
HOUSE E A FILOSOFIA IV
O envolvimento amoroso de House com sua eterna amada Cuddy, que inicialmente dá o tom da sétima temporada da série, nos coloca interessantes questões sobre a natureza do chamado amor romântico.
Um House enamorado pode parecer um contra senso devido ao seu característico comportamento anti social e seu franco pessimismo em relação ao gênero humana. Mas a leitura do ensaio AMOR; O ÚNICO RISCO QUE HOUSE NÃO CORRE by Sara Protasi, que integra a coletânea HOUSE E A FILOSOFIA, sugere sobre o assunto alguns temas interessantes.
Contrariando o senso comum, a autora descarta a imagem estereotipada do amor como uma emoção irracional cujo efeito sofremos passivamente, propondo-o como um estado volitivo e intencional. Seu ensaio norteia-se pelo malfadado flerte entre Cameron e House ocorrido na primeira temporada da série e sua tentativa de reaproximação de Stacy, sua ex mulher ao longo da segunda temporada. Em ambos os casos, o amor revela-se na perspectiva de House como um estado (mental) a respeito de alguma coisa, ou mais propriamente, de um desejo, um desejo de segunda ordem. Através do amor sempre pretendemos alguma coisa...
Por outro lado, Potasi identifica em House uma certa fragilidade no que diz respeito ao desafio de um relacionamento.
Em suas próprias palavras:
“Wilson frequentemente diz a House que ele quer ser infeliz, por isso afasta as pessoas. Mas Wilson, mais que qualquer outro, sabe por que House prefere a solidão: porque é frágil demais e incapaz de aceitar o risco envolvido nos relacionamentos humanos em geral, e no amor erótico, em particular. É por isso que ele alerta Cameron e Stacy para não o magoá. As duas ficam surpresas, e na verdade todos as vêem como a contraparte fraca. Mas elas acabam ficando respectivamente, com Chase e Mark. Elas são capazes de amar, se magoar, correr riscos, começar uma nova história, juntar de novo os pedaços. House não é. Ele acaba sozinho.
Toda espécie de amor envolve uma capacidade de confiar, uma abertura para se magoar e uma vulnerabilidade em relação a outra pessoa. É por isso que House tem dificuldade não só para amar uma mulher, mas também para ter amigos. Mesmo com Wilson, seu único amigo, ele está sempre na defensiva. A amizade dos dois baseia-se apenas na habilidade de Wilson em mantê-la viva, em sua capacidade para perdoar House e ser paciente. Sem duvida, House afeiçoa-se a Wilson, mas faz de tudo para domina-lo. Isso pode funcionar em um relacionamento entre amigos, que é menos rígido e exclusivo que um relacionamento romântico. Mas sua luta para controlar tudo não pode dar certo no contexto de Eros, para o qual uma espécie peculiar de intimidade confiável é fundamental.”
(Sara Protasi. Amor o único risco que House não corre , in House e a Filosofia: Todo mundo mente/ coordenação de William Irwin; coletânea de Henry Jacoby/ tradução Marcos Malvezzi; SP Madras, 2009, p. 168)
Ao contrario do proposto pela autora, penso que a opção pela solidão por House não esta exatamente relacionada à sua fragilidade afetiva ou aos riscos emocionais inerentes a dinâmica de qualquer relacionamento. É, sim, sua incapacidade de sujeitar-se a rotina mecânica de uma vida convencional que o afasta, ou afastou durante muito tempo, da possibilidade de um compromisso amoroso.
Afinal, o enlace amoroso não passa de um intercambio entre egoístas que se jamais terão tudo aquilo que esperam ou querem um do outro...
INDIVIDUO E AUTENTICIDADE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
As formatações contemporâneas da existência são francas adversárias do pensamento. Pois o cotidiano exige que nos deixemos levar o tempo todo pelo imediatismo dos fatos sem a aventura de grandes questionamentos ou reflexões.
Há sempre muito a se fazer e pouco para se pensar no mecânico e cotidiano acontecer do mundo em cada pessoa. Afinal, apenas alguns pedacinhos de impulso próprio ainda nos conduz a qualquer coisa que nos distingua nitidamente um dos outros, que nos configure como indivíduos singulares.
Na maior parte do tempo buscamos apenas a pequena felicidade pragmática do aqui e agora que igualmente motiva a todos.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
NOTA SOBRE A CULTURA CONTEMPORÂNEA
A primeira década do novo milênio, diferente do ocorrido no primeiro decênio dos últimos dois séculos, não foi marcada por um questionamento ou desconstrução significativa do cânone cultural estabelecido.
Apesar de toda inquietação e incerteza coletiva esvaziou-se na cultura contemporânea o impulso para o inédito, para busca de novas formas de codificação de mundo e de realidade. O impulso vanguardista foi substituído pela novidade do sempre igual de um mundo radicalmente formatado pela mediação tecnológica.
O cada vez mais radical hibridismo entre o humano e a técnica que cotidianamente transforma nossa percepção das coisas, ocupa o centro do novíssimo acontecer da condição humana. Cujas características vitais são o hedonismo e o pragmatismo.
OZZY E AS ORIGENS DO HEAVY METAL
Em sua biografia, Ozzy Osbourne, uma das lendas vivas do heavy metal, faz um comentário bastante interessante sobre o gênero musical que lhe consagrou:
“ Hoje você ouve pessoas dizendo que inventamos o heavy metal com a musica “Black Sabbath”. Mas eu nunca dei bola para o termo “heavy metal” Para mim, não diz nada musicalmente, principalmente agora que temos o metal dos anos 70, o dos anos 80, dos anos 90 e o metal do novo milênio- todos completamente diferentes, apesar de falarem como se fosse tudo a mesma coisa. Na verdade, a primeira vez que ouvi as palavras “heavy” e “metal” juntas foi na letra de “Born to Be Wild”. A imprensa adotou o termo depois disso. Nos certamente não o inventamos. Até onde me lembro, éramos apenas uma banda de blues que tinha decidido escrever musicas de medo. Mas, ai, bem depois de termos parado de escrever musicas de medo, as pessoas ainda diziam:”Oh, eles são uma banda de heavy metal, então devem cantar coisas sobre Satã e o fim do mundo”. Por isso não gosto do termo.”
Não me lembro onde tocamos “Black Sabbath” pela primeira vez, mas posso garantir que me lembro da reação da platéia: todas as garotas saíram correndo do show gritando.
-Ei, o objetivo de se estar numa banda não é transar, em vez de fazer as garotas fugirem de medo?- reclamei para os outros, depois.
-Elas vão se acostumar- disse Geeze.”
(Ozzy Osbourne. Eu sou Ozzy/ tradução de Marcelo Barbão-SP: Saraiva, 2010,p. 94 )
Em linhas gerais, cabe ponderar que Ozzy refere-se aqui de modo negativo aos imperativos do rotulo e ao peso dos estereótipos que engendra e não propriamente ao “heavy metal” enquanto estilo musical.
Seja como for, a pluralidade de gêneros e sub-gêneros musicais abrigados sob o rótulo é realmente significativa. Talvez ao ponto de nos levar a questionar sobre o que define, afinal, o “heavy metal”. Se é que ele é passível de uma conceitualização muito rígida.
Poder-se-ia tomá-lo como um modo bastante especifico de se fazer musica undergraund inaugurado nos anos 70 por bandas como Black Sabbath, Deep Purple e posteriormente lapidado ou reinventado por bandas como Iron Maidem e Judas Priest nos anos 80.
Ozzy não esta errado ao dizer que o Sabbath não inventou o heavy metal. Eles inventaram o estilo, não o rótulo, que em si mesmo diz muito pouco.
Embora tudo isso possa parecer um pouco obvio para os fãs de heavy metal, não raramente damos tanta importância ao estereótipo “heavy metal” que perdemos um pouco o foco ao abordá-lo como fenômeno social e musical pouco sujeito a regras e definições muito fechadas.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
MERCADO E CONTEMPORÂNEIDADE
A cultura contemporânea proporcionou um novo sentido ao conceito de mercadoria. Transcendendo o econômico, ele é agora um símbolo de todos os nossos intercâmbios subjetivos com o mundo, um jogo complexo e múltiplo com as coisas vividas que reduz a existência a vontade e ao desejo em permanente mutação, redefinição e busca de nós mesmos. Superamos, assim, o peso da necessidade como principio bilológico na reinvenção de todo querer possível nos símbolos e mitos do ritual de consumo diário...
domingo, 20 de fevereiro de 2011
O DELIRIO DAS ARVORES
Arvores dançam
Contra o vento
Desfazendo
O jardim e as cores.
O sol chora
A tarde
Preso em um céu
Azul de tédio
Enquanto o mundo
Parece ter fim
Entre o infinito
E o caos
De um ilegível pensamento...
ENQUANTO ISSO
AS ARVORES
DANÇAM...
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
HOUSE E A FILOSOFIA III
No ensaio HOUSE E A VIRTUDE DA EXCENTRICIDADE by John R. Fitzpatrick, que integra a coletânea HOUSE E A FILOSOFIA, encontramos um belo elogio à excentricidade inspirado por pensadores como Henry David Thoreau, Diogenes de Sinope, Socrates e Start Mill. Não seria realmente inapropriado incluir a personagem de House entre eles .
Afinal,
“ Há, enfim, algo estranhamente atraente em House e nos excêntricos que encontramos na história da filosofia. Mas por que? Talvez os excêntricos realizem um serviço importante pelo qual sentimos uma apreciação intuitiva, e em grande extensão, inarticulada. Uma tentativa de dar voz a essa apreciação é encontrada na obra de John Stuart Mill ( 1806-1873). Mill é, de certa forma, uma das figuras pitorescas e excêntricas na história da filosofia, e Sobre a Liberdade, talvez sua obra mais importante, é uma defesa famosa da liberdade individual. Em uma parte frequentemente ignorada da obra, Mill argumenta que os excêntricos são importantes para um mercado de idéias. Para Mill, há uma grande utilidade pública no que ele chama de “experimentos de viver”. Afinal, não podemos ter um rico debate em torno das questões do cotidiano se todo mundo recitar e for um subproduto do status quo. Teríamos, inclusive, um debate radicalmente menor se poucos indivíduos fossem encorajados a desenvolver suas capacidades individuais.”
( John R. Fitzpatrick. House e a virtude da excentricidade , in House e a Filosofia: Todo mundo mente/ coordenação de William Irwin; coletânea de Henry Jacoby/ tradução Marcos Malvezzi; SP Madras, 2009, p. 156)
Para o autor, excentricidade não é apenas um sinônimo de autenticidade, mas uma premissa para o experimento e transformação da vida social, pois,
“ Como afirma Mill nos capítulos 2 e 3 de Sobre a Liberdade, se quisermos uma sociedade capaz de uma busca significativa pela verdade, nela deve haver um robusto e rico mercado de idéias. Se quisermos uma sociedade na qual haja um robusto e rico mercado de idéias, devemos encontrar excêntricos e seus experimentos no viver. Portanto, se quisermos uma sociedade capaz de uma busca significativa pela verdade, devemos encorajar esses excêntricos e seus experimentos.”
( idem p. 160)
Definitivamente, o individuo é o portador da vida, e de sua capacidade de seguir seu próprio caminho, a revelia das formulas coletivas, dele depende sempre o futuro e o ininterrupto devir da existência humana. House, como excêntrico, anárquico e anti- social personifica tal premissa que fundamenta uma das principais teses do Ensaio sobre a Liberdade de Mill que é a necessidade da sociedade ter limites frente ao direito a liberdade do individuo.
Afinal,
“ Há, enfim, algo estranhamente atraente em House e nos excêntricos que encontramos na história da filosofia. Mas por que? Talvez os excêntricos realizem um serviço importante pelo qual sentimos uma apreciação intuitiva, e em grande extensão, inarticulada. Uma tentativa de dar voz a essa apreciação é encontrada na obra de John Stuart Mill ( 1806-1873). Mill é, de certa forma, uma das figuras pitorescas e excêntricas na história da filosofia, e Sobre a Liberdade, talvez sua obra mais importante, é uma defesa famosa da liberdade individual. Em uma parte frequentemente ignorada da obra, Mill argumenta que os excêntricos são importantes para um mercado de idéias. Para Mill, há uma grande utilidade pública no que ele chama de “experimentos de viver”. Afinal, não podemos ter um rico debate em torno das questões do cotidiano se todo mundo recitar e for um subproduto do status quo. Teríamos, inclusive, um debate radicalmente menor se poucos indivíduos fossem encorajados a desenvolver suas capacidades individuais.”
( John R. Fitzpatrick. House e a virtude da excentricidade , in House e a Filosofia: Todo mundo mente/ coordenação de William Irwin; coletânea de Henry Jacoby/ tradução Marcos Malvezzi; SP Madras, 2009, p. 156)
Para o autor, excentricidade não é apenas um sinônimo de autenticidade, mas uma premissa para o experimento e transformação da vida social, pois,
“ Como afirma Mill nos capítulos 2 e 3 de Sobre a Liberdade, se quisermos uma sociedade capaz de uma busca significativa pela verdade, nela deve haver um robusto e rico mercado de idéias. Se quisermos uma sociedade na qual haja um robusto e rico mercado de idéias, devemos encontrar excêntricos e seus experimentos no viver. Portanto, se quisermos uma sociedade capaz de uma busca significativa pela verdade, devemos encorajar esses excêntricos e seus experimentos.”
( idem p. 160)
Definitivamente, o individuo é o portador da vida, e de sua capacidade de seguir seu próprio caminho, a revelia das formulas coletivas, dele depende sempre o futuro e o ininterrupto devir da existência humana. House, como excêntrico, anárquico e anti- social personifica tal premissa que fundamenta uma das principais teses do Ensaio sobre a Liberdade de Mill que é a necessidade da sociedade ter limites frente ao direito a liberdade do individuo.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
PASSADOS...
Visitam-me os restos
De antigos eus...
Já fui na vida tantos
De mim mesmo
Que hoje
Me sinto
Menos que ninguém,
Que me torno a sobra
De minhas próprias e futuras
Imaginações de céu aberto
Em outonos...
De antigos eus...
Já fui na vida tantos
De mim mesmo
Que hoje
Me sinto
Menos que ninguém,
Que me torno a sobra
De minhas próprias e futuras
Imaginações de céu aberto
Em outonos...
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