sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

HOUSE E A FILOSOFIA III

No ensaio HOUSE E A VIRTUDE DA EXCENTRICIDADE by John R. Fitzpatrick, que integra a coletânea HOUSE E A FILOSOFIA, encontramos um belo elogio à excentricidade inspirado por pensadores como Henry David Thoreau, Diogenes de Sinope, Socrates e Start Mill. Não seria realmente inapropriado incluir a personagem de House entre eles .


Afinal,

“ Há, enfim, algo estranhamente atraente em House e nos excêntricos que encontramos na história da filosofia. Mas por que? Talvez os excêntricos realizem um serviço importante pelo qual sentimos uma apreciação intuitiva, e em grande extensão, inarticulada. Uma tentativa de dar voz a essa apreciação é encontrada na obra de John Stuart Mill ( 1806-1873). Mill é, de certa forma, uma das figuras pitorescas e excêntricas na história da filosofia, e Sobre a Liberdade, talvez sua obra mais importante, é uma defesa famosa da liberdade individual. Em uma parte frequentemente ignorada da obra, Mill argumenta que os excêntricos são importantes para um mercado de idéias. Para Mill, há uma grande utilidade pública no que ele chama de “experimentos de viver”. Afinal, não podemos ter um rico debate em torno das questões do cotidiano se todo mundo recitar e for um subproduto do status quo. Teríamos, inclusive, um debate radicalmente menor se poucos indivíduos fossem encorajados a desenvolver suas capacidades individuais.”

( John R. Fitzpatrick. House e a virtude da excentricidade , in House e a Filosofia: Todo mundo mente/ coordenação de William Irwin; coletânea de Henry Jacoby/ tradução Marcos Malvezzi; SP Madras, 2009, p. 156)

Para o autor, excentricidade não é apenas um sinônimo de autenticidade, mas uma premissa para o experimento e transformação da vida social, pois,

“ Como afirma Mill nos capítulos 2 e 3 de Sobre a Liberdade, se quisermos uma sociedade capaz de uma busca significativa pela verdade, nela deve haver um robusto e rico mercado de idéias. Se quisermos uma sociedade na qual haja um robusto e rico mercado de idéias, devemos encontrar excêntricos e seus experimentos no viver. Portanto, se quisermos uma sociedade capaz de uma busca significativa pela verdade, devemos encorajar esses excêntricos e seus experimentos.”

( idem p. 160)

Definitivamente, o individuo é o portador da vida, e de sua capacidade de seguir seu próprio caminho, a revelia das formulas coletivas, dele depende sempre o futuro e o ininterrupto devir da existência humana. House, como excêntrico, anárquico e anti- social personifica tal premissa que fundamenta uma das principais teses do Ensaio sobre a Liberdade de Mill que é a necessidade da sociedade ter limites frente ao direito a liberdade do individuo.

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