quarta-feira, 3 de setembro de 2008

DAY...

No intocável do céu
O sol me ignora
Penetrando-me física
E indiferentemente
Com a luz do dia.

Não me acorda, porem,
As inércias e preguiças,
Não dissipa a noite
Ainda desperta
Em meus pensamentos.

Irriquieto
Percorro a manhã de rotinas
Levando em silêncio
Um sonho no bolso esquerdo
E um brilho de liberdade
Em minhas retinas.

VIDA E PALAVRA

Nunca sei se as pessoas revelam-se em suas palavras ou se escondem nelas de si mesmo tentando ser qualquer outra coisa alem daquilo que são em múltiplas perspectivas e realidades.
Pois se os discursos se fazem por intermédio dos homens, possuem em contrapartida uma existência e natureza autônoma que transcendem seus portadores.
A realidade inventa-se em palavras na mesma medida em que a palavra inventa o homem.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

HAMLET E A QUESTÃO DA AUTO CONSCIÊNCIA


Dentre todas as tragedias shakesperearianas, Hamlet permanece para mim como a mais completa e impactante. Nela nos deparamos de modo dramático com a problemática central da linguagem trágica: o conflito entre destino e vontade, que revela a vida como um campo limitado de opções, como uma farsa ou um jogo a ser jogado por todos, uma mentira cotidianamente vivida através do combate dos indivíduos uns com os outros e, em plano mais profundo, consigo mesmo, no grande palco do mundo.
Hamlet é, portanto, muito mais do que a história de uma vingança, é um exercício de introspecção, de reflexão sobre a própria condição humana no apertado universo da consciência individual. Nesse sentido, Hamlet é nosso contemporâneo, também sobre ele pesa o imperativo da recusa de um mundo caótico e sem sentido e o desafio da auto-consciência como medida da própria existência. A genial loucura de Hamlet é, portanto, em muitos sentidos, um desafio ao nosso próprio tempo...
Vale ainda observar que a história de Hamlet, imortalizada pelo velho bardo, não é entretanto uma invenção sua, como esclarece Geraldo de carvalho Silas na introdução que faz a sua tradução da obra para o português:

“ A lenda de Hamlet vem da Escandinávia: conta a tragédia de um jovem que, para poder vingar o assassinato do pai, cometido pelo próprio irmão deste, finge de louco.Marinheiros vikings levaram a saga para a Irlanda, que lá retornou à Dinamarca, já romanceada pelo folclore céltico. A legenda consolidou-se na Gesta Danorum, de Saxo Grammaticus. Nesta narrativa, um soberano da Dinamarca é morto pelo próprio irmão que se casa com a mulher do assassinado. Amlethus ( filho do rei trucidado) representa o papel do maluco e, expulso para a Inglaterra levando carta que ordenava a sua execução, na viagem descobre a missiva, troca-a por outra, volta ao seu país e tira vingança da morte do pai. A Gesta Danorum- que circulou durante a Idade Média- saiu em livro em Paris em 1514 e foi reimpressa na Basiléia em 1534.”

(Geraldo de Carvalho Silos. Introdução in William Shakespeare. Hamlet RJ: Editora JB, 1984, p. XV.)

Ainda Segundo o tradutor, podemos encontrar na narrativa significativas referências de época:

“ Quando Shakespeare pisou em Londres, encontrou uma cidade que deixava de ser porto obscuro e que se transformava num centro de decisões políticas e econômicas da Europa. A Inglaterra iria derrotar a Espanha ( no ato 1 de Hamlet há clara alusão aos preparativos bélicos, à atividade febril nos canteiros navais, à compra de armamento no estrangeiro, à vigilância estrita das sentinelas- toda a atmosfera dos meses que precederam a destruição da Grande Armada espanhola), firmar o seu poder e iniciar a escalada que a transformaria num gigantesco império colonial. O ciclo dos descobrimentos e as viagens dos exploradores navais ingleses chegaram ao apogeu ( no solilóquio Ser, ou não ser, Hamlet compara a morte ao “pais desconhecido para nós vivos e de cuja fronteira nenhum viajante retorna”). A expropriação dos mosteiros, abadias e propriedades rurais dos religiosos católicos empreendida em virtude da ruptura com Roma e o afluxo de trabalhadores rurais a Londres produziram certas conseqüências sociais e políticas, sobretudo na vida do povo e talvez na sua atitude em relação a monarquia. Essex, na rebelião contra Elisabeth I, esperava receber apoio popular. No ato 5 de Hamlet, diz este: “ há longo tempo, Horacio, tomei nota disso: a nossa época tornou-se tão refinada que o camponês esta afetando as maneiras do cortesão a ponto de ( para o desconforto do ultimo) haver pouca diferença entre eles”. Ainda no ato 5 de Hamlet, o coveiro e o seu ajudante, dois camponeses, irreverentemente, ironizam os reis, os nobres, os políticos, os advogados e os grandes proprietários rurais. A critica mais virulenta e mordaz dirige-se aos latifundiários e contra as trapaças judiciais para espoliar os pequenos donos de terras hipotecadas. Ao afluxo das riquezas de alem mar , à inflação acelerada ( J Maynard Keynes, no Treatise on Money, refere-se aos efeitos do processo infracionário no tempo de Shakespeare), às transformações sociais e políticas somou-se a revolução no plano das idéias produzida sobretudo pelo Renascimento e pela Reforma religiosa. Lembre-se que Hamlet, o personagem, estudou em Wittenberg, a universidade de Lutero.”

(Idem p. XXX )


Em que pese a relevância destas informações, o fato é que não se igualam ao impacto atemporal e simbólico do famoso monologo da caveira:

“Ser ou não ser, eis a questão. Acaso
é mais nobre a cerviz curvar aos golpes
da ultrajosa fortuna, ou já lutando
extenso mar vencer de acerbos males?
Morrer, dormir, não mais. E um sono apenas,
Que as angustias extingue e á carne a herança
Da nossa dor eternamente acaba,
Sim, cabe ao homem suspirar por ele.
Morrer, dormir. Dormir? Sonhar, quem sabe?
Ai, eis a dúvida. Ao perpétuo sono,
Quando o lado mortal despido houvermos,
Que sonhos hão de vir? Pesá-lo cumpre.
Essa a razão que os lutuosos dias
Alonga do infortúnio. Quem do tempo
Sofrer quisera ultrajes e castigos,
Injúrias da opressão, baldões do orgulho,
Do mal prezado amor choradas mágoas,
Das leis a inércia, dos mandões a afronta,
E o vão desdém que de rasteiras almas
O paciente mérito recebe,
Quem, se na ponta da despida lâmina
Lhe acenara o descanso? Quem ao peso
De uma vida de enfados e misérias
Quereria gemer, se não sentira
Terror de alguma não sabida coisa
Que aguarda o homem para lá da morte,
Esse eterno país misterioso
D’onde um viajor sequer há regressado?
Este só pensamento enleia o homem;
Este nos leva a suportar as dores
Já sabidas de nós, em vez de abrirmos
Caminhos aos males que o futuro esconde;
E a todos acovarda a consciência.
Assim da reflexão à luz mortiça
A viva cor da decisão desmaia;
E o firme, essencial cometimento,
Que esta idéia abalou, desvia o curso,
Perde-se, até de ação perder o nome.”



sábado, 30 de agosto de 2008

SOLITUDE

O céu fechado
em abstrações de passados
Desconstrói presentes
Em delírios de futuros.

Toda tempo cabe
Em um instante
Inútil
de perfeito silêncio.

O acontecer do mundo
Perde-se no ser
De um dia nublado
Onde mergulho em inercias
Sob cobertas
Até desaparecer provisoriamente
Em algum outro de mim mesmo.

TEMPO E EXPERIÊNCIA VIVIDA


Nossa idéia de tempo encontra-se intimamente associada ao vivido, ao subjetivo, por mais que nossa conceituação formal do fenômeno da temporalidade remeta a uma experiência objetiva, ou seja, acontecida fora de nós.
É na pseudo realidade do tempo que nos movemos, que nossas vidas acontecem. Daí, nada mais natural do que vinculá-lo a ação e atividade, a experiência da irreversibilidade de todo acontecer da vida mais do que propriamente uma medida cronológica baseada na linealidade de um “antes” e um “depois” psicológicos.
Enquanto premissa subjetiva da condição humana, o tempo apresenta-se agora como um fenômeno irracional e quase incognoscível, como a personificação básica da profunda inconstância que fundamenta nossa consciência das coisas.
Em outra palavras, a contemporaneidade tornou a idéia de um tempo absoluto e universal, qualquer noção de eternidade, uma abstração vazia frente ao “relativismo historicista” da percepção e vivência imediata de nossos múltiplos tempos subjetivos.
Em poucas palavras, nossa idéia de tempo confunde-se hoje com o particular, com o fragmento multifacetado que compõe uma biografia individual alem de todo o universal. Livres da mítica da tradição e do peso de nossos passados socialmente construídos, adotamos como coordenadas básicas de nosso senso ontológico, o próprio imediato fugaz da mínima experiência do agora como lócus de uma temporalidade aberta e indefinida que se faz a deriva no jogo sensual e finito dos acontecimentos brutos. O tempo é agora a pluralidade de cada instante enquanto o mesmo de um “si-mesmo” que se mantém incessantemente como um novo outro de si.
Do ponto de vista da percepção do tempo e da individuação de sua experiência, pode-se falar de um “fim da História” sem um ultimo homem em um mundo em que a vida humana perdeu-se de todos os seus propósitos e sentidos para revelar a sensualidade de sua abstrata nudez...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

PEDAÇOS DE MIM

Perdidas realidades
De esquecidos hojes
reinventam
dentro de mim
o tempo.

Em restos de memórias
E pensamentos
Vivem ainda possibilidades
perdidas em dias
quase vividos.

Em algum canto
Roto de mim
um futuro se apavora
ao surpreender-se
passado...

NIETZSCHE E A LINGUAGEM


Uma das peculiaridades das obras de Nietzsche é a extraordinária habilidade para “revelar” a fantasia como linguagem através de um estilo metafórico e aparentemente poético de desconcertante densidade para os adeptos do racionalismo.
Mas é importante dizer que tal estilo traduz com impecável precisão o novo modo de “olhar o mundo” inaugurado pelo filósofo que aprendera a ser pós moderno antes do próprio pos moderno ao subverter a experiência da linguagem e do próprio pensamento usando os códigos literários como ardiloso artifício filosófico e psiquico.
Em as Idéias de Nietzsche J. P. Stern nos fornece uma leitura profundamente interessante para melhor se compreender o lugar e papel da linguagem na filosofia de Nietzsche.Primeiramente, como ele nos fala em suas conclusões:

O que Nietzsche nos ensina não é ler filosofia como literatura, nem muito menos literatura como filosofia, mas ambas como formas intimamente relacionadas de vida. Ao desafiar, através do seu modo de escrever, a dicotomia “cientifico” versus “imaginativo”, ou a antítese entre “conceito” e “metáfora”, “abstrato” e “concreto”, estava, ao mesmo tempo, decidido a desafiar essas divisões em nossas áreas de conhecimento e experiência e a fragmentação do conhecimento em que ele ( juntamente com outros pensadores do século XIX, homens como Marx, Thomas Carlyle e Matthew Arnold) viu um dos principais flagelos da moderna civilização ocidental.”

(J P Stern. As idéias de Nitzsche/ tradução de Octavio Mendes Cajado. SP: Cultrix, s/d, Coleção Mestres da Modernidade, p. 94)

Por outro lado, o autor reconhece que em uma dimensão mais profunda;

“O que Nietzsche desenvolveu nos dezesseis anos que lhe foram concedidos para o seu empreendimento filosófico foi uma variedade de estilos metafóricos no sentido esboçado no seu ensaio anterior e nas observações mais recentes que dele promanam. É um modo de escrever que se situa em algum ponto entre a individuação e o interesse pelos particulares, que é a área da linguagem das belas artes, e as generalidades conceituais e abstrações, que constituem a área da linguagem da filosofia tradicional kantiana e pós kantiana. Quando Nietzsche se refere a imagem da moeda de prata com sua inscrição apagada, seu valor reduzido ao valor exclusivo do metal, não n tem em mente a própria moeda ( ele esta contando uma história), nem uma generalidade que faria da imagem real da moeda uma simples ilustração e,portanto, dispensável. A metáfora da moeda destina-se a ser um intermediário entre dois modos de pensar e escrever, como um modelo que não determina nem uma linha de narrativa nem um trecho de poesia filosófica ou “Begriffsdichtung”, mas um argumento filosófico.
Esse modo médio de discurso pode, sem duvida, ser mostrado ( e mostrá-lo tem sido o propósito deste capitulo), mas não vejo com muita clareza como se pode defini-lo mais precisamente. Não é poesia: a poesia de Nietzsche é menos distinta e menos importante do que a sua prosa- a prosa poética que ele escreveu só de raro em raro logra êxito; em passagens de Zaratustra (em si mesma e em sua influência) é um desastre. Tampouco é aforismo-os pronunciamentos rigorosamente aforísticos de Nietzsche são menos interessantes que os de La Rochefoucauld e de Georg Chistoph Lichenberg, os dois praticantes do gênero que ele mais admirava. E não é, de certo, a linguagem conceitual da filosofia: nas ocasiões em que, ao tratar de problemas filosóficos tradicionais ( como, por exemplo, em sua polêmica com Kant), ele emprega esse tipo de linguagem, s eu estilo torna-se impaciente, repetitivo e amiúde perfunctório. A verdadeira distinção da sua obra, e a verdadeira esfera de sua influência imensamente ampla e frequentemente avassaladora, reside em seu modo médio de linguagem, que imagino podemos denominar “literário-filosófico”; o ter inventado esse modo e o tê-lo aplicado a uma variedade quase infinita de questões contemporâneas é a sua maior consecução. Entretanto, desse modo também decorre o hábito de todo em todo moderno (e deprimente familiar) de falar por metáforas sobre Deus, a santidade, a criação divina, o pecado, e outras coisas do gênero, sem jamais decidir quais os significados não metafóricos e quais as crenças ( se é que há alguma), que acompanham esse falar.
O desdém com que ele tratou a esfera da associação e as conseqüentes limitações de sua concepção da vida no mundo já forma mencionados, mas existe outro lado, o positivo, dessa história. A intenção diretora da sua prosa filosófica não é transmitir o geral nem o médio, senão o único; preservar a natureza dinâmica, vacilante, irregular e, acima de tudo, individualizada da vida. Ele receia ser “formulado, estatelado, sobre um alfinete”. Sua intenção é deixar falar o processo do “vir-a-ser”, afastar tanto quanto possível a descrição da “vida” das origens e destino incertos e catastróficos da existência, até à custa da própria coerência intelectual. A linguagem, a metáfora e o pensamento estão relacionados com o “mundo real” como padrões e paradigmas do nosso ser em sua relação com o “mundo real”: não existe nada parecido com um “Ser em repouso com sigo mesmo, idêntico a si mesmo, inalterado: o único ‘ser’ que nos foi outorgado é mutável, não idêntico a si mesmo, e está envolvido em relações.”

( Idem, p. 92)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

F. NIETZSCHE E A CONTEMPORANEIDADE


É justo questionar o que efetivamente faz de friedrich Nietzsche ( 1844-1900) um dos mais contemporâneos pensadores do século XIX europeu. Pode-se dizer que ele foi um critico voraz da modernidade, o que por si só é mais do que suficiente para atestar sua atualidade, visto que esta é uma das questões mais decisivas de nossa contemporaneidade.
Mas cabe também considerar o forte apelo de sua filosofia aquilo que nos é mais caro: nossa própria individualidade e singularidade humana a deriva entre as prerrogativas da natureza e os imperativos da civilização.
Colocando as coisas em ternos bem “nietzscheano”, seu pensamento é essencialmente uma afirmação radical da vida em toda sua potencialidade instintiva e telúrica, uma filosofia dionisíaca voltada para superação de toda a tradição ocidental, seja em sua dimensão racionalista/filosófica, seja em sua dimensão ético moral personificada pelo “deus morto” da tradição judaico-cristã.
Seu livro mais popular: Assim falava Zaratustra personifica de modo intensamente poético e metafórico a verdadeira transmutação de valores vislumbradas pelo seu autor. Através de seu Zaratrusta Nietzsche não apenas anuncia a morte do deus cristão, mas nos oferece a boa nova do alem do humano, do super homem. Este advento de um homem superior, arauto de um pensar critico e independente, irredutível frente a lógica do rebanho inspirada pelo poder simbólico da Igreja, do Estado e da própria Sociedade, é também um chamado a solidão. Não qualquer solidão, mas aquela que nos compromete a busca do Maximo potencial da singularidade ou individualidade humana através de uma reconciliação com nossa própria natureza psíquica e a desconstrução de todo carcomido mundo da tradição.



DO HOMEM SUPERIOR ( fragmento)

1

“ A primeira vez em que estive na casa dos homens, cometi a loucura do solitário, a grande loucura: instalei-me na praça pública.
E como falava a todos, não falava a ninguém. E, à noite, tinha por companheiros funâmbulos e cadáveres. Eu mesmo era quase um cadáver!
A nova manhã me trouxe uma nova verdade. Aprendi então a dizer: “Que me importam a praça pública, a plebe, a algazarra da plebe e as orelhas cumpridas da plebe?”.
“Homens superiores”- assim diz a plebe. “Não há homens superiores. Todos somos iguais. Perante Deus, um homem não é mais que outro. Todos somos iguais.!”
Perante deus! Mas agora esse Deus morreu. E perante a plebe nós não queremos ser iguais. Homens superiores, fugi da praça pública.

2

Perante Deus! Mas agora esse Deus morreu! Homens superiores, esse Deus foi o nosso maior perigo.
Ressuscitastes desde que ele jaz na sepultura. Só agora volta o grande meio dia. Agora torna-se senhor o homem superior.
Compreendeis essas palavras, meus irmãos? Estais assustados, vosso coração esta dominado pela vertigem? Vedes abrir-se aqui para vós o abismo? O cão do inferno ladra contra vós?
Vamos, coragem! Homens superiores! Só agora a montanha solta o grito da parturiente porque vai dar a luz o futuro humano. Deus morreu. Agora nos queremos que viva o super homem.”

(F. Nietzsche. Assim falava Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém./ tradução de Ciro Mioranza. SP: Editora Escala, ( Coleção Grandes Obras do pensamento Universal) s/d., p.250-1)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

BUSCAS

Sigo inquieto,
Quase perplexo,
Pelos diversos tempos
Da vida.

Mas não sei
Que tempo
Me define o hoje,
Se vivo dias de risos,
Lágrimas
Ou incertezas.

Não sei o que sinto
Ao poente,
Os vazios a preencher
Tentando saber a vida
Mais intensamente
Que a mim mesmo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

THE CLASH



O The Crash foi originalmente formado em Londres nos idos de 1976 por John Mellor - vulgo Joe Strummer - (vocais, guitarra rítmica), Mick Jones (vocais, guitarra), Paul Simonon (baixo e vocais), Keith Levene (guitarra guia) e Terry Chimes - creditado no primeiro LP como "Tory Crimes" - (bateria), tornado-se uma das principais referências da primeira fase do punk britânico.
O primeiro show que fizeram foi em 1976 como banda de apoio dos Sex Pistols. Mas não demorou muito para a banda talhar uma identidade própria e única dentro do cenário do movimento punk superando o niilismo anarquista com um engajamento político, mesmo que não menos ingênuo, mais conseqüente do que a infeliz oposição a monarquia e a aristocracia britânica através do apoio a movimentos de libertação então espalhados pelo mundo como cria da sombria ideologia dos tempos de guerra fria. Assim a banda apoiou movimentos como os dos sandinistas na América Latina e até mesmo o terrorismo do IRA e do PLO, envolvendo-se com a polêmica Liga Anti Nazista e o Rock Against Racism.
Do ponto de vista da musicalidade cabe destacar o ecletismo da banda que, transcendendo a lógica do som cru de três acordes característica do punk, recebia influências do jazz, do rockabilly e do reggae.
Dentre os trabalhos da banda, extinta em 1985, considero o mais marcante e significativo o LP duplo London Calling (1979) onde encontramos uma de suas mais ontológicas composições:

London calling

London calling to the faraway towns/

Now that war is declared/And battle come down;/

London calling to the underworld/

Come out of the cupboard/

All you boys and girls/

London calling, now don't look to us/

Phony Beatlemania has bitten the dust/

London calling/

See we ain't got no swing/

Except for the ring of that truncheon thing/



The ice age is coming, the sun's zooming in/

Meltdown expected the wheat is growing thin/

Engines stop running/

But I have no fear/

London is drowning/

And I live by the river/




London calling to the imitation zone//

Forget it brother, you can go it alone/

London calling to the zombies of death/

Quit holding out and draw another breath/

London calling and I don't wanna shout/

But while we were talking/

I saw you nodding out/

London calling/

See we ain't got no highs/

Except for that one with the yellowy eyes/



The Ice age is coming the sun is zooming in//

Engines stop running the wheat is growing thin/

A nuclear error but I have no fear/

Cos London is drowning/

And I live by the river/



Now get this/

London calling/

Yes I was there too/

An' you know what they said/

Well some of it was true!/

London calling at the top of the dial/

An' after all this/

Won't you give me a smile?/


I never felt so much a' like...



Tradução:



Chamada de Londres



Chamada de Londres para as cidades distantes/

Agora que a guerra foi declarada/

E a batalha chegou/

Chamada de Londres para o submundo/

Apareçam/

Todos os rapazes e garotas/

Chamada de Londres, agora não lha para nós/

A fingida Beatlemania está terminando/

Chamada de Londres/

Veja nós não sabemos dançar/

A não ser com o toque do cassetete/



A era do gelo está chegando, o sol cresce/

Esperando que se derreta o trigo que cresce/

As máquinas param de funcionar/

Mas eu não tenho medo/

Londres está afundando/

E eu moro à beira do rio/



Chamada de Londres para a zona de imitação/

Esqueça irmão, você pode ir sozinho/

Chamada de Londres para os zumbis da morte/

Perca as esperanças e respire novamente/

Chamada de Londres e eu não quero gritar/

Mas enquanto estávamos conversando/

Eu vi você adormecer/

Chamada de Londres/

Veja nós não temos nobreza/

Com exceção àquele com olhos amarelados/



A era do gelo está chegando, o sol cresce/

As máquinas pararam, o trigo cresce/

Um erro nuclear mas eu não tenho medo/

Londres está afundando/

E eu moro à beira do rio/



Agora ouça/

Chamada de Londres/

Sim eu também estava lá/

E você sabe o que eles disseram/

Bem, alguma coisa era verdade!/

Chamada de Londres no topo do mostrador/

E depois de tudo isso/

Você não irá sorrir para mim?/


Eu nunca me senti dessa forma/