sábado, 30 de agosto de 2008

TEMPO E EXPERIÊNCIA VIVIDA


Nossa idéia de tempo encontra-se intimamente associada ao vivido, ao subjetivo, por mais que nossa conceituação formal do fenômeno da temporalidade remeta a uma experiência objetiva, ou seja, acontecida fora de nós.
É na pseudo realidade do tempo que nos movemos, que nossas vidas acontecem. Daí, nada mais natural do que vinculá-lo a ação e atividade, a experiência da irreversibilidade de todo acontecer da vida mais do que propriamente uma medida cronológica baseada na linealidade de um “antes” e um “depois” psicológicos.
Enquanto premissa subjetiva da condição humana, o tempo apresenta-se agora como um fenômeno irracional e quase incognoscível, como a personificação básica da profunda inconstância que fundamenta nossa consciência das coisas.
Em outra palavras, a contemporaneidade tornou a idéia de um tempo absoluto e universal, qualquer noção de eternidade, uma abstração vazia frente ao “relativismo historicista” da percepção e vivência imediata de nossos múltiplos tempos subjetivos.
Em poucas palavras, nossa idéia de tempo confunde-se hoje com o particular, com o fragmento multifacetado que compõe uma biografia individual alem de todo o universal. Livres da mítica da tradição e do peso de nossos passados socialmente construídos, adotamos como coordenadas básicas de nosso senso ontológico, o próprio imediato fugaz da mínima experiência do agora como lócus de uma temporalidade aberta e indefinida que se faz a deriva no jogo sensual e finito dos acontecimentos brutos. O tempo é agora a pluralidade de cada instante enquanto o mesmo de um “si-mesmo” que se mantém incessantemente como um novo outro de si.
Do ponto de vista da percepção do tempo e da individuação de sua experiência, pode-se falar de um “fim da História” sem um ultimo homem em um mundo em que a vida humana perdeu-se de todos os seus propósitos e sentidos para revelar a sensualidade de sua abstrata nudez...

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