“Os seres Humanos devem uns aos outros ajuda para distinguir o melhor do pior, e encorajamento para escolher o primeiro e evitar o ultimo.
Eles devem estar para sempre estimulando um aos outros para um mesmo exercício cada vez maior de suas mais elevadas faculdades, e uma direção cada vez maior de seus sentimentos e metas em direção ao sábio ao invés do tolo, elevando ao invés de degradar, objetos e contemplações.
Mas nem uma pessoa, nem qualquer numero de pessoas, tem permissão de dizer a outro ser humano de idade madura, que ele não deve fazer com sua vida para seu próprio benefício aquilo que escolhe fazer com ela.
Ela é a pessoa mais interessada em seu próprio bem estar: o interesse que qualquer outra pessoa, exceto em casos de forte relação pessoal, possa ter nele, é superficial, comparado com aquele próprio que tem; o interesse que a sociedade tem nele individualmente ( exceto em relação a sua conduta com os outros) é fracional, e completamente indireto: com respeito a seus próprios sentimentos e circunstâncias, o homem ou mulher mais comum possui meios de conhecimento que imensuravelmente excedem aqueles que possam ser possuídos por qualquer outra pessoa.”
John Stuard Mill. On Liberty/ Ensaios sobre a Liberdade. Tradução: Rita de Cássia Gondim Neiva. SP: Editora Escala, s/d, p.109.
Este primeiro fim de semana de maio foi consagrado em várias cidades da Europa e da América a manifestações globais a favor da descriminalização da maconha, tradição iniciada faz alguns anos em New York. Longe de uma apologia inócua e infantil ao uso de drogas ilícitas, tal iniciativa, obscuramente reprimida pela miopia das autoridades institucionais locais, entre as quais o caso grego tornou-se um exemplo emblemático, constituíram um esforço simbólico no sentido da redefinição do espaço público e do lugar do individuo na sociedade através de uma nova concepção de privacidade.
O que esta em jogo, no final das contas, é nossa preciosa liberdade individual e a garantia da diversidade ou pluralidade de opções contemporâneas frente ao unilateralísmo de estruturas jurídicas e institucionais fundamentadas na inércia de um arcaico “bem comum” construído pelos “nacionalismos republicanos” e identidades coletivas caducas fundadas, em ultima instância, sob idealizações de um modelo familiar partriacal ou tradicional. Tais referências já não são hoje compatíveis com as culturas da contemporaneidade e as novas realidades societárias que elas ensejam em um mundo cada vez mais marcado pelo hibridismo cultural e pela imprecisão identidária. Podemos viver com o risco de sermos nós mesmos no alem das tutelas coletivas, aprender com nossas incertezas na aventura do futuro. Isso nos difere dos opositores a comentada iniciativa ...
Não é exagero dizer que a luta pela descriminalização da maconha aproxima-se da luta pela descriminalização do aborto ou pelo reconhecimento legal da união homossexual como expressão radical e contemporânea da liberdade individual frente à opacidade autoritária e massificada de uma imagem defasada de sociedade e identidade coletiva que hoje em dia desafia cada vez mais a dinâmica da vida e existência contemporânea.
Não se trata, portanto, em um ou outro caso, de uma manifestação particularista de gays, lésbicas, promíscuos e maconheiros contra os pseudo-sagrados valores da sociedade judaico/cristã estabelecida, mas de uma afirmação do livre direito de cada individuo decidir por si mesmo suas opções e destinos no além das imposições coletivas.
Em poucas palavras, frente ao individuo, a sociedade também tem seus limites; e conviverá com crimes e aberrações infinitas na medida em que nega a pertinência do caminho próprio de cada um e, diga-se de passagem, a decorrente responsabilidade e desafios inerentes ao exercício da subjetividade .
Mesmo sendo atualmente muito conservador em minha vida privada, não posso ficar indiferente a esse grito de liberdade que a marcha pela maconha representa em sociedades que projetam sua própria sombra em seus clássicos estereótipos dos “excluídos culturais” ou pseudo-marginais, do que assumir seus próprios limites e abrir-se a discussões e duvidas tão elementares sobre os rumo das coisas de todos os dias.
Eles devem estar para sempre estimulando um aos outros para um mesmo exercício cada vez maior de suas mais elevadas faculdades, e uma direção cada vez maior de seus sentimentos e metas em direção ao sábio ao invés do tolo, elevando ao invés de degradar, objetos e contemplações.
Mas nem uma pessoa, nem qualquer numero de pessoas, tem permissão de dizer a outro ser humano de idade madura, que ele não deve fazer com sua vida para seu próprio benefício aquilo que escolhe fazer com ela.
Ela é a pessoa mais interessada em seu próprio bem estar: o interesse que qualquer outra pessoa, exceto em casos de forte relação pessoal, possa ter nele, é superficial, comparado com aquele próprio que tem; o interesse que a sociedade tem nele individualmente ( exceto em relação a sua conduta com os outros) é fracional, e completamente indireto: com respeito a seus próprios sentimentos e circunstâncias, o homem ou mulher mais comum possui meios de conhecimento que imensuravelmente excedem aqueles que possam ser possuídos por qualquer outra pessoa.”
John Stuard Mill. On Liberty/ Ensaios sobre a Liberdade. Tradução: Rita de Cássia Gondim Neiva. SP: Editora Escala, s/d, p.109.
Este primeiro fim de semana de maio foi consagrado em várias cidades da Europa e da América a manifestações globais a favor da descriminalização da maconha, tradição iniciada faz alguns anos em New York. Longe de uma apologia inócua e infantil ao uso de drogas ilícitas, tal iniciativa, obscuramente reprimida pela miopia das autoridades institucionais locais, entre as quais o caso grego tornou-se um exemplo emblemático, constituíram um esforço simbólico no sentido da redefinição do espaço público e do lugar do individuo na sociedade através de uma nova concepção de privacidade.
O que esta em jogo, no final das contas, é nossa preciosa liberdade individual e a garantia da diversidade ou pluralidade de opções contemporâneas frente ao unilateralísmo de estruturas jurídicas e institucionais fundamentadas na inércia de um arcaico “bem comum” construído pelos “nacionalismos republicanos” e identidades coletivas caducas fundadas, em ultima instância, sob idealizações de um modelo familiar partriacal ou tradicional. Tais referências já não são hoje compatíveis com as culturas da contemporaneidade e as novas realidades societárias que elas ensejam em um mundo cada vez mais marcado pelo hibridismo cultural e pela imprecisão identidária. Podemos viver com o risco de sermos nós mesmos no alem das tutelas coletivas, aprender com nossas incertezas na aventura do futuro. Isso nos difere dos opositores a comentada iniciativa ...
Não é exagero dizer que a luta pela descriminalização da maconha aproxima-se da luta pela descriminalização do aborto ou pelo reconhecimento legal da união homossexual como expressão radical e contemporânea da liberdade individual frente à opacidade autoritária e massificada de uma imagem defasada de sociedade e identidade coletiva que hoje em dia desafia cada vez mais a dinâmica da vida e existência contemporânea.
Não se trata, portanto, em um ou outro caso, de uma manifestação particularista de gays, lésbicas, promíscuos e maconheiros contra os pseudo-sagrados valores da sociedade judaico/cristã estabelecida, mas de uma afirmação do livre direito de cada individuo decidir por si mesmo suas opções e destinos no além das imposições coletivas.
Em poucas palavras, frente ao individuo, a sociedade também tem seus limites; e conviverá com crimes e aberrações infinitas na medida em que nega a pertinência do caminho próprio de cada um e, diga-se de passagem, a decorrente responsabilidade e desafios inerentes ao exercício da subjetividade .
Mesmo sendo atualmente muito conservador em minha vida privada, não posso ficar indiferente a esse grito de liberdade que a marcha pela maconha representa em sociedades que projetam sua própria sombra em seus clássicos estereótipos dos “excluídos culturais” ou pseudo-marginais, do que assumir seus próprios limites e abrir-se a discussões e duvidas tão elementares sobre os rumo das coisas de todos os dias.