Através do romance Jane Eyre, Charlote Brontë (1816-1855) assegurou uma destacada posição na literatura inglesa, pois construiu uma das mais atraentes e encantadoras personagens vitoranas.
Em sua monótona rotina em Lowood, Jane Eyre sonha com a liberdade, vislumbra o desejo, a paixão e a independência que lhe são negadas.
Pode-se dizer que ela resgata a imagem do feminino em seu vínculo com a natureza e o desejo na mais humana e radical essência, contrariando os clichês misóginos e machistas vitorianos.
Jane Eyne é mais do que uma heroína ou uma imagem literária, é o próprio feminino em movimento no fazer-se e desfazer-se de si mesma.
Na avaliação de Maria Conceição Monteiro,
“ Charlote Brontë tenta uma conciliação entre as mensagens de auto renuncia pelas mulheres e gratificação existencial e sexual, que requer rompimento real com as condições de supressão ou opressão da diferença. A autora de Jane Eyre, então, reinventa a linguagem do desejo, a linguagem da paixão, transformando-a em modo de ser e estar no universo, apontando assim para a possibilidade de a mulher agir com paixão e desejo na vida privada. Com isso, o próprio espaço publico acabaria por alterar o seu status: de instância inapta ao reconhecimento da mulher como sujeito, este se converteria em correlato político exterior da libertação interior propiciada, no nível privado, pelo ímpeto de desejo e paixão. Enfim, Charlote Brontë emoldura o vazio da mulher que anseia por significado e definição num quadro em que se vai esboçando um novo conceito de sexualidade feminina. Ao trabalhar nesse processo, dá a entender que tanto o homem quanto a mulher são sujeitos aptos à expressão, afirmando o caráter positivo e fecundo da diferença sexual. Assim, fica patente que reprimir o desejo sexual da mulher é rouba-la de sua existência e autonomia.”
Em sua monótona rotina em Lowood, Jane Eyre sonha com a liberdade, vislumbra o desejo, a paixão e a independência que lhe são negadas.
Pode-se dizer que ela resgata a imagem do feminino em seu vínculo com a natureza e o desejo na mais humana e radical essência, contrariando os clichês misóginos e machistas vitorianos.
Jane Eyne é mais do que uma heroína ou uma imagem literária, é o próprio feminino em movimento no fazer-se e desfazer-se de si mesma.
Na avaliação de Maria Conceição Monteiro,
“ Charlote Brontë tenta uma conciliação entre as mensagens de auto renuncia pelas mulheres e gratificação existencial e sexual, que requer rompimento real com as condições de supressão ou opressão da diferença. A autora de Jane Eyre, então, reinventa a linguagem do desejo, a linguagem da paixão, transformando-a em modo de ser e estar no universo, apontando assim para a possibilidade de a mulher agir com paixão e desejo na vida privada. Com isso, o próprio espaço publico acabaria por alterar o seu status: de instância inapta ao reconhecimento da mulher como sujeito, este se converteria em correlato político exterior da libertação interior propiciada, no nível privado, pelo ímpeto de desejo e paixão. Enfim, Charlote Brontë emoldura o vazio da mulher que anseia por significado e definição num quadro em que se vai esboçando um novo conceito de sexualidade feminina. Ao trabalhar nesse processo, dá a entender que tanto o homem quanto a mulher são sujeitos aptos à expressão, afirmando o caráter positivo e fecundo da diferença sexual. Assim, fica patente que reprimir o desejo sexual da mulher é rouba-la de sua existência e autonomia.”
(Maria Conceição Monteiro. Sombra Errante: A preceptora na literatura inglesa do séc. XIX. Niterói: EdUFF, 2000; p.139.)