segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

literatura inglesa xv


No cenário da poesia de língua inglesa, o nome do norte americano William Carlos Willians ( 1883-1963) ocupa um lugar de considerável destaque. Podemos considerá-lo o mais moderno de todos os poetas, pois ele foi inequivocamente o poeta do imediato e das sensações; da intimidade do real, traduzindo em poesia as inquietações e buscas que marcaram tão radicalmente a primeira metade do séc XX e seu microcosmos cotidiano.
Williams inventa uma nova fala em incomparável engenhosidade pragmática, uma fala que expressa profundamente a própria linguagem da América, a palavra em sua imediaticidade imanente .
Nas palavras do critico literário John Malcolm Brinnin

“Há aspectos característicos da fala americana em muitos níveis-regional, social, ocupacional, cultural; a ênfase fonética que os americanos dão a milhares de frases usadas em suas permutas diárias; expressões taquigráficas que significam um estado de espírito ou uma atitude- e que são nitidamente deferentes tanto das usadas pelos britânicos quanto das empregadas geralmente em literatura ou jornalismo. O poeta que pode ouvir essas expressões fuseladas, que pode captar a relação entre um pensamento e a mímica das palavras que o transmitem, deveria encontrar uma forma de usá-las. Quando Williams não tenta fazer de um método espontâneo uma fórmula limitadora, sua explicação da maneira pela qual trabalha é sucinta e esclarecedora: ‘... em alguns dos meus trabalhos tudo quanto tenho a fazer é transcrever a linguagem, quando ainda quente, falada com sentimento. Porque quando ela vem saturada de emoção, tende a ser rítmica, autêntica, inerente ao lugar em que está sendo usada. A batida ritma da linguagem saturada.’”

( John Malcolm Brinnin. William Carlos Williams/ tradução de Nair Lacerda. SP: Livraria Martins ( Coleção Escritores Norte Americanos); s/d.; p.62)

Mas qualquer coisa dita sobre a peculiaridade de sua poesia não esta a altura da experiência direta da singularidade de seus versos:

O GRANDE NÚMERO

Entre a chuva
E as luzes
Vi o número 5
Em ouro
Sobre um carro de incêndio
Vermelho
Correndo
Tenso
Desatento
Aos sinos de alarma
Aos uivos das sereias
Às rodas retumbantes
Através da cidade escura.

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