“Instinto de rebanho.- Onde quer que nos deparemos com uma moral, encontramos uma avaliação e hierarquização dos impulsos e atos humanos...”
F. Nietzsche.
Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um dos mais radicais críticos da sociedade de massas e da democracia moderna. Sua filosofia é esencialmente uma defesa da individualidade e singularidade humana. Pois, tornar-se o que se é, constitui para ele o grande desafio do homem que transcende o sentimento de pertencimento a mediocridade do rebanho. Es a essência de seu “super homem”...
Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um dos mais radicais críticos da sociedade de massas e da democracia moderna. Sua filosofia é esencialmente uma defesa da individualidade e singularidade humana. Pois, tornar-se o que se é, constitui para ele o grande desafio do homem que transcende o sentimento de pertencimento a mediocridade do rebanho. Es a essência de seu “super homem”...
Valho-me aqui de um fragmento de sua GAIA CIÊNCIA para ilustrar esta faceta de seu pensamento:
Remorso de rebanho- Nos tempos mais longos e mais remotos da humanidade, o remorso era inteiramente diverso do que é hoje. Hoje em dia alguém se sente responsável tão só por aquilo que quer e faz, e tem orgulho de si mesmo: todos os nossos mestres do direito partem desse amor-próprio e prazer consigo de cada indivíduo como se desde sempre se originasse daí a fonte do direito. Durante o mais longo período da humanidade, no entanto, não havia nada mais aterrador do que sentir-se particular. Estar só, sentir particularmente, não obedecer nem mandar, ter significado como indivíduo- naquele tempo isso não era um prazer, mas um castigo; a pessoa era condenada a ‘ser indivíduo’. A liberdade de pensamento era o mal estar em si. Enquanto nos sentimos a lei e a integração como coerção e perda, sentia-se o egoísmo como algo doloroso, como verdadeira desgraça. Ser si próprio, estimar-se conforme uma medida e um peso próprios- era algo que ofendia o gosto. Um pendor para isso era tido por loucura; pois à solidão estavam associados toda a miséria e todo o medo. Naquele tempo, o ‘livre arbítrio’ era vizinho imediato da má consciência: e quanto mais se agia de forma não livre, quanto mais transparecia no ato o instinto de rebanho, em vez do senso pessoal, tanto mais moral a pessoa se avaliava. Tudo o que prejudicava o rebanho, seja que o indivíduo o tivesse desejado ou não, dava remorsos ao indivíduo- e também a seu vizinho, e mesmo ao rebanho todo!- Foi nisso, mas do que tudo, que nos mudamos.”
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