segunda-feira, 27 de julho de 2015

NOTA SOBRE A CONDIÇÃO DE INDIVÍDUO

Atualmente julgo absolutamente inútil tentar abarcar o mundo. Sei que não posso viver todas as coisas possíveis, esgotar a vida e a realidade, través da pequena e simples equação do meu existir singular. Ser e se fazer um individuo não pressupõe o mundo e todo este labirinto de possibilidades possíveis de experiências das quais uma  existência inteira não é capaz de dar conta.


A qualidade de meus desnaturado cotidiano é que pode fazer diferença em meu acontecer biográfico. Sempre é preciso ousar algo maior do que o mero cotidiano. Mesmo que isso te mate.  Viver é efêmero demais para perder tempo com o tédio das rotinas. É preciso se expor a algum perigo, aceitar os riscos e ferir de morte o que até agora parecia possível. De algum modo precisamos transcender constantemente a superficialidade de nossos atos mais elementares.

domingo, 26 de julho de 2015

SOBRE O FUTURO COMO RUPTURA OU O FIM DA CIVILIZAÇÃO

Talvez o futuro permaneça como uma meta de ruptura entre o passado e o presente de nossa civilização, um horizonte de ruptura com tudo aquilo que até aqui nos definiu o mundo. Afinal, a cultura técnico científica esta longe de atingir um ponto morto, um estágio estacionário do conhecimento. Muito pelo contrário. A ciência se revela cada vez mais como um artifício de transformação do nosso cotidiano, dos nossos hábitos e modos de codificação do real. Talvez em menos de um século tal capacidade alcance o momento de colocar em jogo tudo aquilo que nos parecia real e possível até então. Confesso que aposto fervorosamente nesta audaciosa possibilidade. Viagens espaciais, por exemplo,  estão se tornando cada vez menos uma questão de ficção cientifica.
Nas palavras de Stephen Hawking in  O Universo em uma Casca de Noz,

“ A visão do futuro de Jornada nas Estrelas- de que atingiremos um nível avançado de, mas essencialmente estático- pode  concretizar-se quanto ao nosso conhecimento das leis básicas que governam o universo. Como descreverei no próximo capitulo, pode  haver uma teoria final que descobriremos  naquele futuro nõ muito distante. Essa teoria final, se existir, determinará se o sonho da propulsão de dobra de Jornada nas Estrelas poderá se concretizar. De acordo com as ideias atuais, teremos de explorar a galáxia de maneira lenta e tediosa, em espaçonaves viajando mais lentamente que a luz. Mas, por não dispomos ainda de uma teoria unificada completa, não podemos descartar a propulsão de dobra.
Por outro lado, já conhecemos as leis validas em todas as situações, exceto nas mais extremas: as leis que governam a tripulação da Enterprise, se não a própria espaçonave. Mas não parece que chegaremos a atingir um estado estacionário nas aplicações  dessas leis ou na complexidade dos sistemas que podemos produzir com elas.”


O futuro é, ao meu ver, um momento de ruptura profunda que nos obriga a superar a condição de inquietos filhos do tempo presente que se perderam do passado. Tudo um dia será o inteiramente outro de tudo aquilo que já foi e não deixou vestígios. Talvez um dia os vestígios do passado sejam apagados pelo novo.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

O PESADELO DE DESCARTES

A duvida de Descartes é pura metafisica...pois termina na afirmação do dualismo mente e corpo através da recusa da matéria. Somos mais complexos na arte de questionar do que a afirmação da duvida como falsa incerteza...
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Duvidar não é necessariamente questionar.
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O pensamento não é real. Mas só se realiza como um ato linguístico. O mundo é um exercício gramatical...



E O FUTURO BRILHOU NESTE INSTANTE COMO UM RELÂMPAGO

Na medida em que se aprofunda nosso conhecimento e imaginação do universo vamos perdendo nosso lugar neste mundo que significa qualquer coisa menor que nada diante do desmedido de tudo aquilo que existe e pouco ainda azemos ideias. O mundo vai deixando de ser nosso cruel limite e nos sonhamos  perdidos e absortos em meio ao desmedido absurdo que é o universo frente tudo aquilo que até hoje nos foi possível conceber.

Evidentemente, faço aqui especulações ... Mas se um dia parecíamos condenados aos limites do planeta terra, colocamos em risco todas as falsas certezas passeando na lua e descobrindo a terra como um pequeno ponto azul no indomável de uma galáxia.

Talvez o espaço seja tão vasto que não conheça fronteiras entre o micro e o macro e de  nossas noções de realidade. Talvez nada do que até agora foi pensado dê conta do que pode nos dizer a matéria escura...

Nada é o que soubemos e o que saberemos ainda é uma aventura. Mas  parece que se aproxima a hora da humanidade superar sua infância...


Estamos próximos do inicio da transfiguração de todos os valores.

INDIVIDUALISMO E CIVILIZAÇÃO

O que definitivamente faz um animal humanoide ascender à condição de um indivíduo humano? Afinal, a humanidade não é um dado natural. Tornar-se humano é uma questão complexa, uma construção configurada pelas possibilidades e limites de cada cultura e também pela superação dos seus padrões e normas.

No ocidente, o reconhecimento deste status, pode ser associado, portanto, a capacidade maior ou menor de cada pessoa inventar-se enquanto um individuo psicológico que se desloca do lugar comum do grupo em que se inscreve.

O peso de carregar a si mesmo é o que nos caracteriza como humanos. Somos tudo aquilo que conseguimos fazer diferente dos outros  com os recursos fornecidos por nossas matrizes culturais.

Inventar-se humano significa  essencialmente contrariar o rebanho...


A VIDA SECRETA DAS IDEIAS E CONVICÇÕES OU CONTRA DESCARTES

Vivemos um pouco de tudo aquilo no que não acreditamos. É impossível não assumir a recusa de certas ideias como um modo negativo de vivencia-las como palavras e conceitos que indiretamente afetam nossas convicções pessoais. Estar em oposição é um modo de participar da vida dos enunciados que recusamos.

Fico me perguntando, as vezes, se somos nós que vivemos determinadas ideias ou se são elas que vivem através da gente como um complexo autônomo de significações de mundo e codificação da realidade.

Afinal, na maioria das vezes, replicamos pensamentos que existem independente de nossa adesão pessoal. A impessoalidade das ideias talvez prove que há uma autonomia do pensamento que extrapola a subjetividade ou o modo como particularmente é vivenciada por cada um de seus adeptos.


Ideias tem vida própria? Tudo que sei é que pensar não prova que existo, que não existem ideias inatas e a introspecção racional é uma grosseira falácia.  Descartes não passou de um dualista metafisico incapaz de superar o Cristianismo...

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O ESPAÇO: A FRONTEIRA FINAL.

Hoje, como nunca antes pareceu possível, o futuro da humanidade se desloca das permanências de nossas referencias geocêntricas de mundo e do patrimônio cultural representado pela  tradição ocidental e da própria ideia de civilização.

Sonhamos hoje a possibilidade de explorar concretamente o universo e  escrever nossa marca nele, fugir aos limites de realidade de nosso planeta azul.

Tudo que até agora foi pensado sobre a vida deve ser questionado. Nosso horizonte agora é o indeterminado da escuridão do espaço.


Um dia a terra e o céu não significarão nada além de uma tosca lembrança de um passado distante da imaginação humana.

FALSA BIOGRAFIA


Entre as pessoas imperam
Tantos silêncios,
Tantas palavras,
Que já não sabemos o que cabe dizer
Um ao outro no além das aparências
Do medíocre jogo social.
Somos todos apenas indivíduos
Em provisórias versões de si mesmo.
Somos o movimento de um acontecimento biológico
Que não faz sentido e nem realiza propósitos.
Viver é transitar pelo labirinto
Que nos foi imposto

Por um aleatório exercício de simples biologia.

QUESTIONE


Não sou destes que cortejam a vil beleza de uma delicada certeza.
Não me satisfaço com respostas que não me conduzam a uma nova pergunta.
Pois sei que a condição humana é um estado de constante inquietude diante de todas as coisas, uma agonia, um inacabamento, e um processo de desconstruções e reinvenções, que sempre nos conduz a um ponto diferente da duvida e da vertigem de saber sempre mais do que aquilo que ontem nos parecia certo e seguro.


ESPECULAÇÕES ABSTRATAS SOBRE O FUTURO

Uma questão que considero hoje surpreendentemente relevante é a falência das representações arquetípicas do feminino e do masculino enquanto imagens da psique.

Pondero que nossas vivencias simbólicas partem de representações de mundo inspiradas em formatações arcaicas que pressupõem uma imagem geocêntrica de mundo que se encontram cada vez mais em descompasso com nossas representações contemporâneas da realidade. Refiro-me a associação entre a terra ou a lua ao feminino, tanto quanto do sol ou o raio ao masculino.

Em outras palavras, a ideia de um universo misterioso e complexo vem se justapondo as nossas configurações dualistas tradicionais de realidade inspiradas pela tradição mitologica. Mesmo que de modo ainda sutil, as imagens de um universo infinito que ultrapassa tudo aquilo que até hoje concebemos como realidade  na província de nosso planeta azul, atiça as imaginações mais aguçadas.

O que, afinal, ainda pode ser dito sobre a realidade quando nossas tradições e certezas mais arraigadas começam a ser desafiadas pela intuição do desconhecido? Seja o que for, talvez já não caiba mais no jogo dialético da complementação e tensão entre polaridades opostas.

Se é possível uma nova configuração simbólica de mundo, apenas o futuro pode nos dizer. Mas me parece razoável apostar que os binários tendem a perder força dando lugar a diversidade ao múltiplo e ao diverso que imploda definitivamente qualquer fantasia de um cosmos ordenado.

Evidentemente tudo que posso aqui dizer sobre o assunto não passa de precipitada especulação.