Vivemos um pouco de tudo aquilo no que não acreditamos. É impossível não
assumir a recusa de certas ideias como um modo negativo de vivencia-las como
palavras e conceitos que indiretamente afetam nossas convicções pessoais. Estar
em oposição é um modo de participar da vida dos enunciados que recusamos.
Fico me perguntando, as vezes, se somos nós que vivemos determinadas
ideias ou se são elas que vivem através da gente como um complexo autônomo de
significações de mundo e codificação da realidade.
Afinal, na maioria das vezes, replicamos pensamentos que existem
independente de nossa adesão pessoal. A impessoalidade das ideias talvez prove
que há uma autonomia do pensamento que extrapola a subjetividade ou o modo como
particularmente é vivenciada por cada um de seus adeptos.
Ideias tem vida própria? Tudo que sei é que pensar não prova que existo,
que não existem ideias inatas e a introspecção racional é uma grosseira falácia.
Descartes não passou de um dualista metafisico incapaz de superar o Cristianismo...
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