domingo, 19 de setembro de 2021

DEFINIÇÃO DE MEMÓRIA

A consciência é memória, uma ferida aberta na materia viva de um corpo que sobrevive, entre o esquecimento e a lembrança, através  do agora...

A memória é sempre algo que  chora....

CORPO E NATUREZA

Á sombra dos dias
o corpo é devir natureza
no pensamento selvagem
de uma paisagem inumana.

Tudo é desejo em movimento,
intensa composição de todas as coisas no espaço tempo
de um retorno eterno.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

A VIDA CONTRA A HUMANIDADE

Há muito passado
e pouco futuro para humanidade.
O que justifica toda nossa ansiedade.
 O mundo
não cabe no desejo
e a vida é selvagem
na intensidade do inumano.

sábado, 11 de setembro de 2021

A IMANÊNCIA DO DEVIR



Seguiremos atônicos
entre o assombro e o desassossego.

Já não pertencemos ao mundo,
nem a nós mesmos.

Nosso tempo é o impertinente e inconcluso absurdo
que desafia os limites do presente,  os abusos de um futuro pré moldado por um eterno passado.

Nada nos define.
Tudo é angustia,
em nossa embriagada busca
por liberdade e infinito.

Estamos sempre em mudança,
em movimento,
onde pouco importa
o que hoje é notícia
na contramão do intempestivo desejo.







quinta-feira, 9 de setembro de 2021

FORA DA ORDEM



Entre a vertigem da desmedida dos fatos descontrolados que desfilam nas telas do mundo digital e a mesmice do sob controle da rotina mais banal, inventamos a existência como mansa loucura, desequilíbrio coletivo, singularizado como forma de simulação de vida, como ação que circula através dos signos entre o verbal e o não verbal dos acontecimentos.

A genealogia da moral dos fracos frequenta a critica dos solitários e desassossegados aos mansos de espirito. Há muita saúde entre os condenados à um novo dia do sempre igual. Pois na contramão do tempo vivido e institucionalizado, eles sabem que qualquer coisa muda e urgente foge e transborda sempre ao controle da razão, se transmuta em luto e luta na emoção da queda de algum velho enunciado no chão.
Há palavras grávidas de um sem tempo dizendo o impossível no vento nas encruzilhadas do surrealismo ... isso é o que hoje sabemos na intuição de uma vida que ainda nos espera desde parto.


domingo, 5 de setembro de 2021

FLORESTAS

Toda floresta é um corpo vivo,
um ecossistema,
 intenso e multiplo.

Associações, trocas,
e encontros,
 definem a floresta
além de qualquer evolucionismo.

Nela todo lugar é caminho.

Tudo é dentro,
nada é fora
e a terra pulsa
em verde devir.



sábado, 4 de setembro de 2021

ULTRA MODERNIDADE

Nos imodernos tempos da ultra modernidade,
as desnecessidades tornaram-se indispensáveis.

São tempos de progresso de bugingangas eletrônicas,
de lucro dos velhos rentistas,
de escravidão assalariada,
e catástrofes climaticas.

A morte rege a política
e todo discurso é sofista
onde tudo se perde
e nada se transforma
para amargura dos mais radicais niilistas.

Nestes imodernos tempos de ultra modernidade,
a vida anda abatida
pelas pestes que nos habitam.



A GRANDE GUERRA

A GRANDE GUERRA

Não existe paz onde alguém respira,
mas um combate incessante pela sobrevivência.

Cada um sabe sua trincheira,
seu lugar de luta e resistência.
Ninguém é inocênte.

Todos adimitem que a vida é guerra,
embate entre forças e vontades,
na tempestade da existência.

Mas ninguém sabe  vitórias.
Todos tombam em batalha.

No final sempre vence o silêncio
espalhado entre os restos dos combatentes
caidos e embriagados por paixões e quimeras.






terça-feira, 31 de agosto de 2021

A VIDA COMO POSSIBILIDADE

cresci sem esperanças,
vivi sem ilusões,
imune a doença
de qualquer verdade.

Na intimidade
de todos os meus tempos,
fui indiferente ao mundo,
identidades,
e  felicidades.

Sei que a vida é qualquer coisa louca
que nos falta. 
Algo que espera a humanidade
na possibilidade de um desvio.
Ela é quase a contra existência de um delírio.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

CONFORMISMO

Algumas pessoas só querem um dia sem sustos,
uma noite sem agonias,
e uma paz de primaveras e jardins.

Em segredo, elas  abominam a realidade,
não naturalizam ou ritualizam
nosso caos diário,
e esperam sempre boas notícias dos jornais.

A realidade, de fato,não lhes interessa.
Confessam, abertamente, através de um  pacifismo conformista,
 suas fragilidades emocionais.

A ilusão, para elas, é o mais urgente dos remédios
na alegria do faz de conta.