domingo, 26 de maio de 2019

O LADO DE FORA DO TEMPO PRESENTE

O lado de fora do tempo presente é o virtual e não o futuro. É uma recusa do habitual e do concebível a partir de um suporte cultural estabelecido. Ele é a margem, o descontínuo, a oposição ao possível.

Pode-se defini-lo, em uma só palavra, como inconformismo. E estar a altura do presente é nunca se confirmar a ele.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O OLHAR, O CORPO E A PALAVRA



O olhar, o corpo e a palavra...
Eis os três pilares da minha presença,
Do meu sempre provisório
Aqui e agora.

Por mais que eu seja,
Não passarei de uma quase existência,
Acontecendo através do olhar,
Do corpo e da palavra.
É assim que existo como miragem de mundo.


TEMPO QUE PASSA


Falta tempo no meu pouco tempo vivido .
Falta sempre tempo,
Já que o tempo é vazio.

Mas o que faço com o tempo
Que me mata aos poucos?
Ele passa silencioso
Enquanto eu existo.

Acho que preciso fugir do tempo,
Saber de mim onde não vivo.

O NIILISMO E O ÚLTIMO INSTANTE DA FILOSOFIA


Sou agora sinceramente insensato.
Tudo perdeu o sentido.
Na falência das metas narrativas.
Aprendi a dançar o caos,
A brincar com o infinito,
Em meio às ruínas da verdade.
Finito e plural
Abracei a incerteza universal.
Agora o tempo está dentro do corpo.
Deus está morto
E o homem não tem futuro.
Pensar é se render a vertigem,
Contemplar o horizonte do abismo
E ultrapassar todos os limites.
Eu não existo.
Sou minha própria ausência.
A natureza calou-se em mim.
Viver é um ato de linguagem
Que me comunica o silêncio do mundo.


quarta-feira, 22 de maio de 2019

SER E TEMPO



Tenho nostalgia do próprio ato de ser,
Das ambiências do vivido perdido
Que nunca resiste aos anos.

Não é apenas o passado lembrado
Que acorda o vazio da ausência.
É um afeto que me percorre sem objeto,
Que me arranco do tempo concreto,
Buscando restaurar a nervura de uma ambiência,
De uma vivência e modo de ser.
É um eu que me escapa quem revela o tempo que passa.


segunda-feira, 20 de maio de 2019

VERTIGEM URBANA


A gente quase não percebe. Mas a cidade não para de se transformar, de acumular desaparecimentos e silêncios, ruínas, corpos e prédios. 


A paisagem urbana é mutante, é movimento. Ela se perde em si mesma em qualquer alucinação narcisista. Ela cria seu duplo e vive da indeterminação do território e seus sítios.

Não é possível definir uma cidade. Dentro dela existem outras cidades, múltiplas realidades e paisagens.

A cidade é movimento, caos é desordem. Ela não se curva aos planos dos urbanistas ou a moral dos amantes da ordem pública. 

A cidade é um organismo vivo e pulsante.

domingo, 19 de maio de 2019

SENTIDO E AFETO


O sentido como assentimento não passa de conformismo, da prisão metanarrativa de uma perspectiva totalizante. 

Prefiro buscar a margem, o caos e o fragmento, como estratégia de pensamento, como construção ética do Si, vislumbrando uma estética da existência.

O sentido é para mim uma tradução da experiência, do corpo em movimento, na contra mão do dizível, do logocentrismo, que reduz a vida a formula de qualquer pseudo compreensão abstrata das coisas.

O sentido é o sentir de um espaço organizado como labirinto de experiências. É composição de corpos através dos afetos e das afecções.

O sentido é físico....

quinta-feira, 16 de maio de 2019

A DIVERSIDADE DO SER E DO NÃO SER


Uma plurarização de vozes dissonantes reinventa a vida contra a verdade. É tempo de liberdade, de sentir e buscar o impensável, semear descontinuidades, reaprender a ser corpo. 


Reinventemos a vida como obra de arte. Cada um de nós inventa seu próprio mundo explorando o universo do outro. Um outro que é múltiplo, paisagem. Que é humano e inumano, orgânico e inorgânico. Tudo  que existe é cenário de uma consciência artudida, que escapa a si mesmo através do si do mundo. Tudo que existe é diverso e se dispersa. Não há fronteiras entre o ser e o não ser. Sentir é a melhor forma de pensar, de ser um  corpo liberto das ilusões do espírito.

PÓS FILOSOFIA DA HISTÓRIA DO PRESENTE


Vivemos  no tempo do que não tem tempo,
Na intensidade e agonia do simples momento.
Já não existem fatos. Apenas informações, opiniões  embriagadas de afetos abstratos, ancoradas em absurdas disputas por significações absolutas.
Mas a mudança já não transforma.
O acontecimento transcendeu a memória. Quem lembra não mais se recorda. Enfim, nos perdemos do eterno retorno através do absurdo da ideia de história.
Mas Hegel, entretanto, finalmente está morto.
Tudo é o deserto do  agora onde imperam urgências, apetites e velocidades, em meio às áridas paisagens em ruinas das civilizações contemporaneas.
As lembrancas não nos definem identidades.
A vida é apenas um filme ruim em uma tela de  360 gráus. A imagem respira...
Mas que filme, afinal, é esse?!...
Não há sentido em saber quem eu sou.
Amanhã sera tarde demais.
Mas o hoje é pra sempre. Mesmo que eu morra essa noite.
O mundo não tem mais tempo. O tempo é a mão de saturno. O Instante é tão impreciso, que nunca acontece.
O passado não diz mais a história.

ESGOTAMENTO


Esgotamento não é apenas sinônimo de indiferença ou de qualquer forma de evasão. É antes de tudo uma recusa. É não querer viver um mundo de verdades, certezas e triunfos, tal como aquele em todas as partes simulado e propagado. 

É recusar a grande ficção do social, dizer não  a obrigação de levantar da cama todos os dias, reproduzir rotinas impessoais  com as quais não estamos realmente comprometidos. Tudo em nome da busca por um sucesso duvidoso.

Esgotamento é o prenuncio de um desaparecimento, é viver deslocamentos motivados pela recusa de um cansaço funcional. É quando já não há mais nada a dizer ou ser feito, É quando o pensamento encontra seu limite, ou quando só resta estar de partida, sem direito a qualquer despedida.