O autor, enquanto função e
elemento da narrativa, pode ser superado pela criação coletiva, pelo artifício
tecnológico. A criação artística já não depende do artesanato das palavras, da
fantasia individual, mas se define cada vez mais pela aplicação de técnicas, de
formas pré moldadas de expressão. Cada vez menos o autor é sujeito do enunciado
que, por sua vez, segue tendências impessoais definidas pelos consensos em
torno de como deve se dar a estruturação de uma obra. A subjetivação sem
sujeito é uma das grandes novidades dos lugares comuns da contemporaneidade.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 10 de julho de 2017
PENSAMENTO E HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Na aventura do pensamento,
encontrar respostas pode significar desistir de velhas perguntas. Responder
questões que não formulamos pelo simples desgaste de velhos enunciados, é um
modo de avançar.
Abandonar perspectivas, conceitos, como brinquedos velhos, é
mais comum do que parece no velhos manuais de história da filosofia. Talvez
porque a filosofia não tenha propriamente uma história.
A história da Filosofia não é um processo, não é cumulativa,
muito menos genealógica. É diferente da história das ciências, organizada em sucessivas ondas de “revoluções” e
reinvenções da ideia de natureza.
A IMPESSOALIDADE DA ESCRITA
Escrever nunca deve ser uma
escolha, mais uma compulsão, uma “doença saudável” que nos mantem alguma saúde
contra o devir do mundo e as insuficiências da realidade. Nenhum bom escritor escreve por prazer ou
para realização pessoal, mas movido por sua debilidade pessoal. É ela que o
conduz a um deslocamento do próprio rosto através de uma narrativa.
Escreve-se sobre grandezas
impessoais, nunca sobre si mesmo. O próprio ato da escrita é um transbordamento
de si mesmo através destas grandezas: sociedades, culturas, ideologias, gênero,
crime, ficção, psicologia, comportamento.... Ninguém é nada disso. Quando se opina sobre qualquer tema, estamos
simplesmente desaparecendo na adesão a uma corrente de opinião.
A palavra é justamente o lugar onde não
estamos, onde não somos, em permanente deslocamento.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
FILOSOFIA PARA JOVENS
É preciso aprender a pensar ao ar
livre,
Sem o peso dos conceitos,
Dos vícios da tradição.
A verdade é um engodo.
Pensar é apenas um jogo
Onde nos sonhamos senhores
De nossas representações do
mundo.
Mas o que mais somos
Além de tristes escravos de
nossas convicções?
A liberdade existe apenas no
efêmero,
Em seguir do nada ao nada,
Como se viver fosse um inocente
divertimento.
SOBRE ERROS E ENGANOS
Errar é diferente de cometer
enganos. Mesmo que, aparentemente, em ambos os casos sejamos vitimas de
equívocos. Um erro é uma imprecisão, mas um engano é uma convicção. Não se deve
confundir as duas coisas.
Errar é inebriar-se com a verdade a ponto de sucumbir aos seu encantos
sem atentar para suas contradições. O engano é tomar o falso pelo verdadeiro. O
ultimo pode ser um momento do primeiro.
Mas entre as duas situações existe uma sutil diferença.
Nossa vocação para crença, seja
de qualquer natureza, nos faz não perceber a diferença e nos mantém escravos de ambos.
terça-feira, 4 de julho de 2017
FLUXO VIRTUAL
Meus olhos cansados contemplam a tela,
O fluxo de imagens, símbolos,
estímulos, prazeres e signos
Que nos inventam a realidade.
O fluxo de imagens, símbolos,
estímulos, prazeres e signos
Que nos inventam a realidade.
Não concluem nada
Perante o hipnótico plano
Da quarta dimensão virtual.
Perante o hipnótico plano
Da quarta dimensão virtual.
Meus olhos cansados tocam pensamentos,
Acordam imaginações.
Aprendem que tudo é puro fluxo
E movimento.
Acordam imaginações.
Aprendem que tudo é puro fluxo
E movimento.
segunda-feira, 3 de julho de 2017
AS METAMORFOSES DO REAL
Somos consumidores obesos de
informação. Diariamente configuramos e reconfiguramos nossa imagem de mundo
através da leitura diária de jornais, telejornais e, cada vez mais, através
da tela do computador, como espelho
distorcido da existência coletiva. Informação e opinião importam agora mais do
que os fatos.
O mito do conhecimento como
artifício de domínio objetivo da realidade foi desmentida pela sua própria
realização. Quanto mais sabemos menos somos capazes de entender e mais nos
tornamos aptos ao esquecimento coletivo, pois o acontecimento já não marca o
compasso do tempo, mas sua própria banalização como devir incontrolável do
acontecer humano. A morte do real e a era do hiper real, advogada por Jean
Baudrillard, é cada vez mais nítida no horizonte cognitivo contemporâneo.
A questão é tentar antecipar as novas formas de
linguagens e codificações de mundo que podem emergir neste cenário de virtualização
das gramaticas cotidianas. Mesmo que o projeto de uma civilização baseada em
coletivos inteligentes e virtuais de Pierre Levy seja uma aposta demasiadamente otimista. O que parece indiscutível, entretanto, é que a
ideia de realidade, mesmo na mais inocente das hipóteses, está mudando.
sexta-feira, 30 de junho de 2017
A DECADÊNCIA DO LUXO E DO BOM GOSTO
A volúpia culinária e o bem
vestir, a economia do superficial, é ainda uma peça importante do jogo social.
A aparência permanece como um artifício de prazer e prestigio. Mesmo que em uma
sociedade de consumo o uso de tal artifício não seja mais um privilegio, uma forma de distinção, mas
uma lei comum e banal a qual a grande maioria, dentro de suas possibilidades,
procura obedecer.
O uso do luxo e do bom gosto é uma forma de simular
a alegria de viver, quando ela já não é mais possível de outra forma que não
passe pela simulação, pelo registro virtual e
compartilhado. Cada um de nós
inventa seu próprio simulacro reproduzindo aquilo que acredita que a
vida deveria se como exibicionismo e exposição de um tipo ideal de ilusão.
quarta-feira, 28 de junho de 2017
EM ESTADO DE ESBOÇO
Não estou
pronto para o futuro.
Tenho ainda
alguns passados pendentes,
Desejos interrompidos
E vazios
existenciais que me afastam
De mim mesmo.
Sou qualquer
versão interrompida
de um eu possível
que ficou pelo
caminho do tempo.
Não sou passível
de conclusões.
A PÓS VERDADE ATRAVÉS DA PÓS MODERNIDADE
Tenho muito medo da felicidade,
Do meu querer embriagado
Guardado em segredo contra a
sociedade.
Tenho muito medo da minha
vaidade,
Das minhas certezas
E versões casuais e cruciais dos
fatos.
A verdade é um veneno
Que alimenta certezas vãs.
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