Em grande medida participamos de atitudes mentais que transcendem e contem nossas configurações individuais,que nos confrontam o tempo todo com conteúdos impessoais. Mas é justamente a constante tendência a transgressão destas atitudes, nossa inadequação aos papéis sociais que nos são impostos, seja pela época ou pela cultura, que condiciona a grau de singularidade e autenticidade que cada um é capaz de alcançar.
Nossa auto imagem depende de certa recusa dos códigos sociais em nome de nossos impulsos e tendencias mais pessoais. Estamos condenados a nossa vontade. É isso que basicamente nos define como indivíduos , o instável relacionamento que mantemos com a realidade social e coletiva. Tendemos a diferenciação, mesmo em sociedades massificadas onde a padronização comportamental, mediante a universalização de um padrão de consumo minimo de bens simbólicos, condicionam a reprodução de nossa existência.
Aqueles que tendem a individuação percebem de modo mais intenso as fronteiras entre as ações inerentes ao espaço público da vida social e aqueles destinados a vida privada. Considera-se aqui o espaço privado, não como aquele domínio da existência consagrado a família ou a administração domestica, mas como o campo existencial definido por nossas inquietações, angustias, sonhos, fantasias, medos e desejos.
O cultivo de si mesmo é o que define o hedonismo do viver privado. O que lhe proporciona um caráter irracional, não planejado e não pragmático, mas essencialmente lúdico, confessional e deliberado.