Minha existência é imprecisa. Pois
não sou este eu que pensa. Nem me identifico com minhas próprias palavras. Ser é
um não lugar que extrapola a consciência, um vazio preenchido por signos e símbolos.
A vida é gramática e a realidade é este corpo que sou. Assim, sou o meu próprio
objeto através de cada pensamento onde o eu e o não eu se realizam como imersão
na percepção daquilo que existe, como realidade mundo.
Lembrando Merleau Ponty,
“A percepção não é uma ciência do
mundo, não é nem mesmo um ato, uma tomada de posição deliberada; ela é o fundo
sobre o qual todos os atos se destacam e ela é pressuposta por eles. O mundo
não é um objeto do qual possuo comigo a lei de constituição; ele é o meio
natural e o campo de todos os meus pensamentos e de todas as minhas percepções
explícitas. A verdade não “habita” apenas o "homem interior", ou,
antes, não existe homem interior, o homem está no mundo, e é no mundo que ele
se conhece.”.
(MERLEAU-PONTY.In Fenomenologia da percepção , 2006 p.6