terça-feira, 31 de janeiro de 2017

SOBRE O DESAPARECIMENTO DO MUNDO





Acreditar no mundo é o que mais nos falta; nós perdemos completamente o mundo, nos desapossaram dele. Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos espaços-tempos, mesmo de superfície ou volume reduzidos. (...) É ao nível de cada tentativa que se avalia a capacidade de resistência ou, ao contrário, a submissão a um controle. Necessita-se ao mesmo tempo de criação e povo.

DELEUZE, Gilles. Controle e Devir. In: Conversações. Trad. de Peter Pál Pelbart. SP: Editora 34, 1992, p. 218.

Entre o eu e os outros há um campo incerto e indeterminado de existência onde imperam signos e símbolos, onde o coletivo nos pensa na invenção de uma realidade comum .Tudo que somos acontece ali, naquele vazio de nós mesmos que nos aproxima como variantes de uma unica forma de existência . Ali o ser e o não ser se articulam como sentido. 
Somos ali, justo onde não estamos, o acontecer de todas as coisas possíveis em nossa atitude social. Fora das formatações impessoais do poder e da cultura o que nos resta? Talvez a "bio política" de Foucault ou a “sociedade de controle” de Deleuze tornem complexo o problema da subjetivação na cultura contemporânea.

 Observa-se um deslocamento cada vez mais radical do  das gramáticas de existência. A própria ideia de cultura e civilização revelam-se simulacros, uma busca pela realização de uma vida mais verdadeira do que a própria vida. O mundo torna-se, assim, cada vez mais irreal. Pois já não faz mais sentido buscar nas coisas algum singinificado.

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