Acreditar no mundo é o que mais
nos falta; nós perdemos completamente o mundo, nos desapossaram dele. Acreditar
no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo pequenos, que
escapem ao controle, ou engendrar novos espaços-tempos, mesmo de superfície ou
volume reduzidos. (...) É ao nível de cada tentativa que se avalia a capacidade
de resistência ou, ao contrário, a submissão a um controle. Necessita-se ao
mesmo tempo de criação e povo.
DELEUZE, Gilles. Controle e
Devir. In: Conversações. Trad. de Peter Pál Pelbart. SP: Editora 34,
1992, p. 218.
Entre o eu e os outros há um campo incerto e indeterminado de existência onde imperam signos e símbolos, onde o coletivo nos pensa na invenção de uma realidade comum .Tudo que somos acontece ali, naquele vazio de nós mesmos que nos aproxima como variantes de uma unica forma de existência . Ali o ser e o não ser se articulam como sentido.
Somos ali, justo onde não estamos, o acontecer de todas as coisas possíveis em nossa atitude social. Fora das formatações impessoais do poder e da cultura o que nos resta? Talvez a "bio política" de Foucault ou a “sociedade de controle” de Deleuze tornem complexo o problema da subjetivação na cultura contemporânea.
Observa-se um deslocamento cada vez mais radical do das gramáticas de existência. A própria ideia de cultura e civilização revelam-se simulacros, uma busca pela realização de uma vida mais verdadeira do que a própria vida. O mundo torna-se, assim, cada vez mais irreal. Pois já não faz mais sentido buscar nas coisas algum singinificado.
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