quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

O IDEAL DE SER



Sofro o vago desejo de ser abstrato,

Sem carne e osso,

Como um pensamento puro e inocente de mundo...

Esta seria a condição ideal da existência.

Mesmo que não fosse real,

Que não fosse humana,

Que não fosse intensa.

Não é este, afinal, o sonho de todas as filosofias?

A superação das contradições,

O ser pelo ser através do não ser!

Não é este vazio que agradaria a todos?

Este existir sem tempo

Feito de mais destilado significado?!

Sabem todos  que o pensamento é o mais franco inimigo da vida.




terça-feira, 31 de janeiro de 2017

SOBRE O DESAPARECIMENTO DO MUNDO





Acreditar no mundo é o que mais nos falta; nós perdemos completamente o mundo, nos desapossaram dele. Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos espaços-tempos, mesmo de superfície ou volume reduzidos. (...) É ao nível de cada tentativa que se avalia a capacidade de resistência ou, ao contrário, a submissão a um controle. Necessita-se ao mesmo tempo de criação e povo.

DELEUZE, Gilles. Controle e Devir. In: Conversações. Trad. de Peter Pál Pelbart. SP: Editora 34, 1992, p. 218.

Entre o eu e os outros há um campo incerto e indeterminado de existência onde imperam signos e símbolos, onde o coletivo nos pensa na invenção de uma realidade comum .Tudo que somos acontece ali, naquele vazio de nós mesmos que nos aproxima como variantes de uma unica forma de existência . Ali o ser e o não ser se articulam como sentido. 
Somos ali, justo onde não estamos, o acontecer de todas as coisas possíveis em nossa atitude social. Fora das formatações impessoais do poder e da cultura o que nos resta? Talvez a "bio política" de Foucault ou a “sociedade de controle” de Deleuze tornem complexo o problema da subjetivação na cultura contemporânea.

 Observa-se um deslocamento cada vez mais radical do  das gramáticas de existência. A própria ideia de cultura e civilização revelam-se simulacros, uma busca pela realização de uma vida mais verdadeira do que a própria vida. O mundo torna-se, assim, cada vez mais irreal. Pois já não faz mais sentido buscar nas coisas algum singinificado.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

INVENTANDO O NOVO


Toma emprestado um pouco de juventude

Daquela criança que você foi um dia.

As vezes é bom agir como um infante,

Adivinhar os atos

Em lugar de repetir velhos gestos.


Novidades acontecem,

E o novo se inventa.

Há muitas formas de se fazer uma coisa

E a aventura  de cada caminho

Da um sentido diferente ao ato.


Então, pelo menos hoje,

Evite um pouco a rotina

E seja irresponsável como uma criança.
Ouse....

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

SOBRE A GRATUIDADE DAS COISAS



Uma classificação das coisas como útil ou inútil apenas pressupõe uma visão utilitária de mundo que descarta o componente lúdico da existência humana. Por outro lado, recusar a utilidade como critério e substitui-la pela  significação subjetiva e simbólica não é uma resposta satisfatória ao utilitarismo. A importância dos girassóis de Van Gogh transcende a objetividade tanto quanto questiona a subjetividade. A perenidade de nossos feitos e formulações nos  leva a gratuidade, ao não intencional como critério de valoração das coisas. Nada é importante e todas as significações são efêmeras.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

FILOSOFIA DA BANALIDADE




A ontologia do banal não merece grandes reflexões ou discursos. Ao contrário, ela afirma justamente a inutilidade deles diante de nosso tédio existencial. Tal ontologia expressa a imediaticidade radical de viver, o fastio do encadeamento incessante dos momentos em instantes ordinários onde a inércia de ser dá o ritmo da futilidade de acontecer no mundo. A pratica efetiva de existir é assustadoramente simples, um assombro, quando despida de nossas representações e valores socioculturais. Reduzida ao seu exercício imediato e quase exclusivamente biológico e pratico, a vida se resume ao tédio de estar vivo.

A QUESTÃO DA ALTERIDADE



Tendemos a reduzir o outro aos nossos próprios limites, a tomar como familiar tudo aquilo que nos é estranho. É assim que domesticamos a realidade ou lhe impomos nossas precárias certezas  e referencias simbólicas. Sempre recusamos o desconhecido como principio. Nossos juízos são a priorísticos e normativos. Tendemos a simplificações. Assim inventamos a realidade. Aceitar o outro é uma forma de auto renuncia com a qual não nos comprometemos. Somos sempre ciosos de nossas certezas e opiniões, o que torna duvidosa ou limitada nosso declarado compromisso com a  alteridade. Muitas vezes a confundimos com empatia e tornamos a compreensão uma estratégia de controle.