quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

SOBRE A GRATUIDADE DAS COISAS



Uma classificação das coisas como útil ou inútil apenas pressupõe uma visão utilitária de mundo que descarta o componente lúdico da existência humana. Por outro lado, recusar a utilidade como critério e substitui-la pela  significação subjetiva e simbólica não é uma resposta satisfatória ao utilitarismo. A importância dos girassóis de Van Gogh transcende a objetividade tanto quanto questiona a subjetividade. A perenidade de nossos feitos e formulações nos  leva a gratuidade, ao não intencional como critério de valoração das coisas. Nada é importante e todas as significações são efêmeras.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

FILOSOFIA DA BANALIDADE




A ontologia do banal não merece grandes reflexões ou discursos. Ao contrário, ela afirma justamente a inutilidade deles diante de nosso tédio existencial. Tal ontologia expressa a imediaticidade radical de viver, o fastio do encadeamento incessante dos momentos em instantes ordinários onde a inércia de ser dá o ritmo da futilidade de acontecer no mundo. A pratica efetiva de existir é assustadoramente simples, um assombro, quando despida de nossas representações e valores socioculturais. Reduzida ao seu exercício imediato e quase exclusivamente biológico e pratico, a vida se resume ao tédio de estar vivo.

A QUESTÃO DA ALTERIDADE



Tendemos a reduzir o outro aos nossos próprios limites, a tomar como familiar tudo aquilo que nos é estranho. É assim que domesticamos a realidade ou lhe impomos nossas precárias certezas  e referencias simbólicas. Sempre recusamos o desconhecido como principio. Nossos juízos são a priorísticos e normativos. Tendemos a simplificações. Assim inventamos a realidade. Aceitar o outro é uma forma de auto renuncia com a qual não nos comprometemos. Somos sempre ciosos de nossas certezas e opiniões, o que torna duvidosa ou limitada nosso declarado compromisso com a  alteridade. Muitas vezes a confundimos com empatia e tornamos a compreensão uma estratégia de controle.

INTENCIONALIDADE



Queria fazer um poema magro,
Discreto e equilibrado
Para dizer as urgências do dia a dia.
Alguns versos de tédio e cansaço
Para erguer um consolo inútil
Contra a debilidade dos meus atos.
Queria substituir com palavras
Tudo aquilo que falta na vida.
Mas as musas da poesia
Não aprovaram meu desespero,
Meu poema fraco....

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

AGUA CORRENTE



Escuto a agua correndo,

Suave e constante,

Como se não fosse a qualquer parte.

Sempre passando,

Cristalina,

Inventando seu próprio caminho,

Vencendo qualquer resistência.

A agua não tem domínios,

Inventa-se em todos os cantos

Quase como se fosse um vento.

MUNDO E SUBJETIVIDADE

O mundo vivido é sempre o intimo mundo percebido por cada um. Esta premissa fenomenológica significa que a realidade do outro só pode ser por mim experimentada indiretamente a partir da minha própria experiência do real.  O outro só é pensável na medida em que existe um eu, pressupõe co-existência e intencionalidade. A realidade é, portanto experimentada como uma espécie de um multi eu que me confronta com múltiplas intencionalidades com as quais sou obrigado a interagir primeiro física e sensualmente e depois como representação e interpretação.


Não é fácil dizer o que é o mundo vivido, pois suas fronteiras são elásticas e provisórias já que o mundo em sua totalidade é uma abstração só possível   através da experiência daquilo que é o mundo para mim.