O que é a consciência? Seria um
conhecimento das coisas, uma qualidade da mente ou a experiência da percepção
formatada por uma dada cultura? Não há
uma definição possível de consciência que não implique a própria consciência.
Isso nos conduz a uma situação delicada. Poderíamos dizer que uma anatomia da consciência
pressupõe a percepção, o processamento mental da informação e sua codificação
sensual e simbólica. Trata-se de um fenômeno fisiológico e mental. Toda consciência
é também uma forma de autoconsciência que só pode ser definida pela
consideração do seu oposto que é o inconsciente. A consciência é dada pelos
seus limites.
A questão é que a consciência não
esta no centro da totalidade de coisas que constituem uma existência humana em
todos os seus diversos níveis. Do molecular, passando pelo biológico e chegando
as suas mais complexas derivações, no mental.
Nossas ações não são orientadas
exclusivamente pela consciência, o que é redundante afirmar depois de mais de
cem anos da psicanálise. Mas o que é
mais pertinente é admitir que, do ponto de vista do senso comum, a consciência é
mais um estado do que um fenômeno. Não é algo que possa ser convertido em
objeto a não ser em casos nos quais testemunhamos um rebaixamento do nível de consciência
como, por exemplo, delírios e outras disfunções cognitivas.
Faz, portanto, algum sentido
questionar o que é a consciência? Qualquer resposta, por mais erudita e
fundamentada que seja, ainda será uma produção da consciência. Logo, duvidosa
pois personifica a coincidência do sujeito
e do objeto da própria questão. Mas não estaria ai justamente o interessante desta
interrogação limite? A consciência da consciência não seria um paradoxo?