quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O IMPASSE DA VERDADE: DO MODERNO AO PÓS MODERNO

Vivemos uma época em que o velho racionalismo de inspiração iluminista já não nos oferece qualquer segurança e, suas conclusões aparentemente concretas, figuram agora como o resultado débil de uma fé ingenua na racionalidade do mundo. Ao mesmo tempo aprendemos novas formas de perceber  e pensar o mundo.

Paul Zumthor expõe tal dilema de forma dramática e precisa em sua arqueologia simbólica do mito de Babel:

“Existimos em um mundo em migalhas; S.C.Malik evoca uma ‘crise de fragmentação’, o nosso dilaceramento entre as energias sempre ativas da modernidade de ontem e essas outras, incisivamente crescentes, de uma inteligência diferente: por um lado, o dualismo que se diz cartesiano, o gosto vicioso do quantitativo, a predominância dos elementos físicos nas nossas argumentações ; por outro, o aumento dos conhecimentos biológicos e psicanalíticos, com a transformação nocional que eles ocasionam... Todas as enumerações deste gênero não fazem mais que destacar os aspectos do que é menos uma crise do que a emergência de uma nova episteme; menos uma metamorfose intelectual do que a pulsão de uma  outra presença escondida em nós, e que é a nossa própria.”

Paul Zumthror in Babele e o Inacabamento: Uma reflexão sobre o mito de Babel.  Lisboa: Editora Bizancio, 1998,  p. 214

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