Toda verdade é a realização de um
valor e, portanto, personifica um sentido teleológico. O que determina o pensar
não é a busca de uma verdade pura, mas a necessidade humana de estabelecer
enunciados que tornem o mundo cada vez mais familiar ao próprio pensamento. Mas
para tanto, precisa desmistificar a verdade e admitir que qualquer produto do
pensamento esta fadado a parcialidade. O pensamento é quase um doer, não pode
ser concluído, nunca é conclusivo, mas sempre parcial e inacabado. Muitas das
formulações hoje correntes eram inconcebíveis a poucos séculos. O pensamento
pressupõe a desconstrução da experiência concreta da realidade.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
A VIDA DAS PALAVRAS
Ter uma convicção é replicar uma ideia,
Deixar que ela aconteça através de você
Como ato e palavra.
Talvez as ideias nos
pensem
No universo paralelo dos enunciados.
Ideias inventam o mundo sonhando a realidade,
Dizem quem somos .
Ideias movem pessoas
No suprassumo do idealismo oculto.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
NEO CONSERVADORISMO: A MUDANÇA COMO PERMANENCIA
Cada geração possui uma imagem própria
de mundo e um modo próprio de tornar a realidade social previsível e familiar.
Para tanto, nossas representações da realidade precisam de uma referencia
retrospectiva ou histórica que nos permita definir a especificidade do tempo
presente permeando o cotidiano de
significados e roteiros.
Entretanto, a naturalização até
mesmo das novidades, tão decisiva em tempos de tecnologias digitais, é agora
parte de nossa objetivização do mundo, orientada cada vez mais por uma dilatação do
tempo presente e alegorização das
representações do passado.
Assim, a historicidade já não é mais
tão decisiva na construção de nossos referenciais ontológicos. Já não
precisamos de identidades, de papeis sociais rígidos, pois somos cada vez mais híbridos e
multifacetados. Isso apenas significa
que a articulação entre permanência e mudança no imaginário contemporâneo vem redefinindo
nossas sensibilidades cotidianas. Tendemos cada vez mais a imersão radical no
tempo presente, desconsiderando sua
própria historicidade, seja no sentido de uma memoria social, seja no sentido
de uma expectativa coletiva de futuro. O imediatismo é nossa filosofia de vida justamente
porque tudo parece mudar o tempo todo e de modo tão dinâmico, que a própria
mudança se tornou permanência, a mais evidente continuidade.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
VONTADE E LIBERDADE: A TRANSCENDÊNCIA DO OUTRO
Todo ato de liberdade é dialógico.
Somos livres dos outros ou através dos outros. Nunca em relação exclusivamente
a nos mesmos. Por isso não vinculo a
liberdade a um agir “responsável” medido por suas consequências, ou ainda guiado pelos duvidosos preceitos de qualquer
moral.
As regras da liberdade pressupõe o conflito
entre o eu e o outro e não a afirmação abstrata de valores ou princípios
pretensamente universais. A liberdade é a vontade que se afirma com astúcia
contra os imperativos dos fatos dados e das convenções.
A liberdade é um ato de criação e
por isso se opõe a toda forma de conformismo. Não podemos reduzi-la a falácia da melhor escolha ou do
comportamento ético como afirmam os conservadores. Ser livre é pertencer a si
mesmo além do bem e do mal. O gozo é um ato privado e solitário. Por isso é
livre aquele que na afirmação de si transcende o outro como premissa da
afirmação positiva ou negativa de si mesmo.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
A VIDA COTIDIANA E O DEVIR DA VIDA
O cotidiano e suas micro
realidades, é onde a vida acontece no jogo entre continuidades e mutações
constantes. Tudo é perene e provisório no se fazer diário de nossos consensos de
mundo como representação e rotina.
O domínio do efêmero e do banal é
onde a existência ganha ás cores vivas de realidade através do imediatismo da experiência
subjetiva. É onde efetivamente existimos, onde as abstrações racionais fazem
pouco sentido.
O que torna a existência significativa
é justamente a concretude do imediato mais corriqueiro, o existir gratuito como fluxo de
momentos aleatoriamente encadeados. Atualmente, o refluxo do pensamento coletivo e das esperanças no
progresso da humanidade, levam a um interesse cada vez maior pelo simples senso
comum, pelo desenvolvimento de uma consciência do imediato e pelo calculo pragmático
de curto prazo como as melhores estratégias para a plena vivencia pessoal da realidade.
A historicidade, enquanto sentido
teleológico dos acontecimentos, já não é nítida e muito menos confiável. Não caminhamos para um mundo melhor. Os anos
apenas passam... A vida é o aqui e agora onde vários estilos cognitivos definem
a invenção cotidiana da realidade em
suas diversas instancias. Na privacidade da vida domestica não adotamos as
mesmas estratégias que norteiam o convívio social, tanto quanto também é diferente
daquele que adotamos quando confrontados com nós mesmos e nossa solidão. É como
se fossemos varias personas superpostas
que formam , assim, o mosaico que é nossa personalidade, somadas sua
dimensão consciente e inconsciente.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
LIBERDADE
A liberdade é mais do que uma palavra.
É um claro caminho contra o tipo
de vida
Que nos é socialmente imposta,
Contra as verdades dogmáticas,
fé, certezas absolutas
E convicções vazias.
Ser livre é ser nômade,
Finito, quase impossível
E urgente.
A liberdade não é social;
È essencialmente pessoal
E intrasferível.
Não pode ser ensinada.
Apenas conquistada por mentes
inquietas
Que não se contentam
Com qualquer resposta.
A liberdade é um grito,
Um desespero e um desafio,
Quase um canto de morte
Ou um encontro com a insanidade.
A liberdade é o riso
Dos que aprendem a voar sem asas.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
SOBRE A TOLERÂNCIA
Tolerância é, em um contexto dialógico, escutar, responder e escutar de novo sem apresentar conclusões. Afinal, nenhum parecer sobre a realidade é definitivo, assim como qualquer ponto de vista. A convicção de hoje pode ser o equivoco de amanhã. Por isso, infeliz daquele que só se sente a vontade entre os que pensam igual. Pois mesmo entre os seus pares não evitará divergências.
PÓS HISTÓRIA
Um grito ambivalente e plural
Nos trará novidades
Contra o passado que ainda nos
aguarda
Na porta da frente.
É essencial desaprender o ontem
Para antecipar o futuro,
Ter varias opiniões e certeza
alguma.
Atualmente, toda conclusão é precipitada,
Diante de acontecimentos cada vez
mais aleatórios.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
O QUE É SIGNIFICADO?
O significado não é apenas o conteúdo
como conceito, nem a afetividade cognitiva de uma imagem que se apresenta como
a objetividade do significado na construção de qualquer narrativa.
O significado não se reduz a
teleologia da racionalidade pragmática da comunicação.
O significado é o veiculo do devir da consciência,
é plural em suas formas de acontecer como experiência linguística e
existencial. Nenhum logocentrismo racionalista dá conta disso.
O significado não se esgota na
significação mental de um objeto, na sua compreensão. Ele vai além do domínio da
representação.
O significado se estabelece em
uma teia de significados, não significa isolado.
O significado é diferente de
sentido.
O significado é ao mesmo tempo
gramatica e experiência indireta.
O significado é o próprio exercício
de dizer
O significado é a indeterminação
de quem diz e a autonomia do dizer como ato dialógico. Ele é por isso sempre
impessoal.
O PARADOXO DA CONSCIÊNCIA
A dor multiplicada e
interiorizada do acontecer de nossa consciência é definida pela inalienável
incerteza de nos mesmos. Somos seres inconstantes, escravos do abstrato dos
pensamentos, este bizarro artifício humano através do qual inventamos um mundo
que somos mais o qual pouco compreendemos. Estar consciente é estar consciente
de alguma coisa que se apresenta como representação de algo exterior a própria consciência.
O que é o mesmo que dizer que não existe uma dimensão que pudéssemos definir
como interioridade. O eu da consciência é um não lugar psicológico, um modo de
estar fora de si por dentro de si mesmo.
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