Cada geração possui uma imagem própria
de mundo e um modo próprio de tornar a realidade social previsível e familiar.
Para tanto, nossas representações da realidade precisam de uma referencia
retrospectiva ou histórica que nos permita definir a especificidade do tempo
presente permeando o cotidiano de
significados e roteiros.
Entretanto, a naturalização até
mesmo das novidades, tão decisiva em tempos de tecnologias digitais, é agora
parte de nossa objetivização do mundo, orientada cada vez mais por uma dilatação do
tempo presente e alegorização das
representações do passado.
Assim, a historicidade já não é mais
tão decisiva na construção de nossos referenciais ontológicos. Já não
precisamos de identidades, de papeis sociais rígidos, pois somos cada vez mais híbridos e
multifacetados. Isso apenas significa
que a articulação entre permanência e mudança no imaginário contemporâneo vem redefinindo
nossas sensibilidades cotidianas. Tendemos cada vez mais a imersão radical no
tempo presente, desconsiderando sua
própria historicidade, seja no sentido de uma memoria social, seja no sentido
de uma expectativa coletiva de futuro. O imediatismo é nossa filosofia de vida justamente
porque tudo parece mudar o tempo todo e de modo tão dinâmico, que a própria
mudança se tornou permanência, a mais evidente continuidade.
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