segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

NEO CONSERVADORISMO: A MUDANÇA COMO PERMANENCIA

Cada geração possui uma imagem própria de mundo e um modo próprio de tornar a realidade social previsível e familiar. Para tanto, nossas representações da realidade precisam de uma referencia retrospectiva ou histórica que nos permita definir a especificidade do tempo presente permeando o  cotidiano de significados e roteiros.

Entretanto, a naturalização até mesmo das novidades, tão decisiva em tempos de tecnologias digitais, é agora parte de nossa objetivização do mundo,  orientada cada vez mais por uma dilatação do tempo presente e  alegorização das representações do passado.


Assim, a historicidade já não é mais tão decisiva na construção de nossos referenciais ontológicos. Já não precisamos de identidades, de papeis sociais rígidos,  pois somos cada vez mais híbridos e multifacetados. Isso apenas  significa que a articulação entre permanência e mudança no imaginário contemporâneo vem redefinindo nossas sensibilidades cotidianas. Tendemos cada vez mais a imersão radical no tempo presente, desconsiderando  sua própria historicidade, seja no sentido de uma memoria social, seja no sentido de uma expectativa coletiva de futuro. O imediatismo é nossa filosofia de vida justamente porque tudo parece  mudar  o tempo todo e de modo tão dinâmico, que a própria mudança se tornou permanência, a mais evidente continuidade.

Nenhum comentário: