«Dissimular é fingir não ter ainda o que se tem. Simular é fingir ter o que não se tem. O
primeiro refere-se a uma presença, o segundo a uma pura ausência. Mas é mais
complicado pois simular não é fingir: " Aquele que finge uma doença pode
simplesmente meter-se na cama e fazer crer que está doente. Aquele que simula
uma doença determina em si próprio alguns dos respectivos sintomas.» (Littré).
Logo, fingir ou dissimular deixam intacto o princípio da realidade: a diferença
continua a ser clara, está apenas disfarçada, enquanto que a simulação põe em
causa a diferença do "verdadeiro" e do "falso", do
"real" e do "imaginário". O simulador está ou não doente,
se produz "verdadeiros" sintomas? Objectivamente não se pode tratá-lo
nem como doente nem como não doente» (Jean Baudrillard,Simulacros e Simulação,
páginas 9-10, Relógio d´Água).
Para Baudrillard vivemos em um tempo de hiper realidade e simulacros após a morte do real. Nossas meta narrativas
quebradas, nosso subjetivismo incerto, sofrem as estratégias fatais do objeto.
Como em nenhuma outra época a ideia de verdade e as certezas
pareceram tão frágeis em nossas imaginações do real.
Nossos enunciados estão finalmente a deriva...