O passado é sempre mais agradável
do que o tempo presente. Temos a impressão de que, em épocas anteriores, os códigos
sociais de vida e existência, por sua maior simplicidade, proporcionavam mais
facilmente um viver mais intenso. Colorido pelas lentes de nossas idealizações nostálgicas,
o passado exibe cores intensas em contraste com o desbotado do tempo presente.
Lembrar o passado é sempre mais interessante do que viver ou sofrer as
circunstâncias de nossa própria época, que sofrer seus impasses e incertezas.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
IMEDIATISMO
Neste exato momento
Nada acontece na minha vida.
As horas passam mansamente
Enquanto administro o ócio
Simplesmente existindo.
Nenhuma finalidade,
Reflexão, saudade ou angustia...
Apenas o aqui e agora
Despido de qualquer sentido.
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
O NÃO SENTIDO DA HISTORIA
Como diziam os antigos, a
História é como um grande teatro onde a Sorte (Fortuna) se diverte em
atrapalhar nossos planos, nossas teleologias cotidianas ou sublimes
idealizações éticas e intencionais. Dai a importância do não factual, pois a
construção da realidade é um desafio diário ao qual cada indivíduo em sua
privacidade ou no espaço publico da coexistência responde com as possibilidades oferecidas por
sua imaginação. No plano social nossas codificações e imagéticas cognitivas
estão sempre em processo de construção e reconstrução ou, simplesmente,
adaptação e readaptação as circunstancias.
Em termos históricos o social não
está condicionado ao horizonte da previsibilidade, pois os desdobramentos de
determinado evento não é prefigurado por suas supostas causas, como erroneamente
pode sugerir a visão retrospectiva, mas pelas variáveis que interferem em seus
desdobramentos produzindo novos contextos e conjunturas que contrariam sua
natural tendência a inercia a permanência simples de uma situação ou condição
anterior de dado estado de coisas.
O que se diz aqui é que a
História não faz sentido, não é dotada de um proposito, como , por exemplo, o
progresso da humanidade ou qualquer coisa que o valha. Não existe um processo histórico
dotado de uma racionalidade intrínseca ou um “fim da história”.
A aleatoriedade dos
acontecimentos e as sincronicidades estabelecidas entre diversos eventos em um
determinado contexto é o que nos leva
socialmente a situações novas e mais imprevisíveis do que gostaríamos que
fossem.
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
PENSAMENTO NÔMADE
Vivemos o desafio de uma
filosofia antiteoretica onde o conhecimento revela-se um jogo, um envolvimento
cada vez mais profundo com a ilusão de verdade. As palavras precisam trair ao
seu próprio significado, ser transfiguradas em cada frase. O intelecto
mascara-se, inventa disfarces, na busca pela afirmação de seu dizer o mundo.
Tudo por mera vaidade ou simples necessidade de “saber”. Mas já não há mais verossimilhança que nos atraia para o dizer da
razão ou ao conformismo da estreiteza dos dogmas científicos. Somos
cotidianamente confrontados com o nonsense,
com os limites de todos os discursos.
Isso é o mesmo que dizer que a existência
já não é passível de leituras serenas, que já não podemos nos abrigar a sombra
de nenhuma verdade gnosiológica e nos conformar as interdições das convenções.
Temos fome de novidades, justamente agora que todas as possibilidades de
mudança parecem diluídas pelas metamorfoses do sempre igual epstemológico.
O pensamento tornou-se nômade...
terça-feira, 27 de setembro de 2016
SOBRE LEMBRAR E ESQUECER
Atualmente o viver coletivo ou
compartilhado entre outros indivíduos é feito mais de esquecimentos do que de
lembranças. A informação ultrapassa nossa capacidade de fixar memórias de longo
prazo. Precisamos de uma arqueologia das coisas perdidas. Não para resgata-las,
mas para compreender o esquecimento como modalidade de significação. Por outro
lado, nem sempre o mais importante é o que foi lembrado. Não escolhemos nossas
memorias. Ela nos serve como um filtro que seleciona arbitrariamente aquilo que
se perpetua.
O ACONTECIMENTO E O FATO
O essencial da representação
ficcional esta na impossibilidade do momento. Mas tal impossibilidade pode
acontecer não apenas em função de sua condição de não acontecimento, mas também
por sua conversão a memória e a vestígio.
Quanto mais distante um
acontecimento se faz na linealidade cronológica da modernidade, mais nítido ele
se torna enquanto ocorrência imagética,
um re-vivenciar daquilo que jamais foi vivido, mas permanece no caminho de
todos nós como uma pegada. É preciso mostrar aquilo que não vimos, reinventa-lo como
experiência presente. O que só é possível
mediante a transcendência do fato bruto.
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
NOTA SOBRE A SIGNIFICAÇÃO DA REALIDADE
Broquear o sujeito como fluxo de expressão
e instancia de significação. Eis um objetivo no mínimo inusitado, mas urgente
do ponto de vista de uma experiência mais crua do ato de cognição e codificação
do mundo pela consciência/autoconsciência.
Existir é viver do significado
das coisas menos do que de sua experiência imediata. Sabemos ou inventamos a
realidade através do filtro de dada configuração cultural específica, o que
significa que não compartilhamos a mesma imagem de mundo, mas existimos naquela
que nos foi possível dentro daquele lugar especifico onde vivemos.
Quando a significação leva em
conta a experiência direta do devir dos fenômenos, sem prefigura-lo em demasia,
de acordo com nosso arcabouço cultural, estranhamos o familiar e
redimensionamos nossa percepção do real.
SUJEITO INDETERMINADO
Ao longo de toda minha biografia,
talvez tenha tido a oportunidade de conhecer e conviver com uma centena de
pessoas ao longo dos vários períodos da minha existência. Certamente cada uma
delas guarda uma imagem diferente de mim condicionada ao compartilhamento de um
momento especifico da minha trajetória pessoal. O somatório destas impressões
pessoais provavelmente não levaria a qualquer imagem muito precisa do ser
humano que fui ao longo dos anos. Mas o que me causa mais estranhamento é o
quanto hoje em dia me desconheço nas muitas versões de mim acumuladas nos anos.
Sou um estranho entre meus eus espalhados pelo tempo. Esta indeterminação me
define.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
POR UM NOVO ESPIRITO CIENTÍFICO
O caráter normativo e judicativo
das ciências sociais, que hoje se mostra estéril e desgastado na construção de
suas narrativas, precisa ser superado ou, pelo menos, confrontado por uma
ontologia existencial ou fenomenologia que devolva a existência ao acontecer das coisas. Falo de uma superação
do raciocínio sistêmico e baseado em conceitos fechados. Proponho narrativas abertas
que transcendam a superfície das formas de organização social e mergulhe nas
entranhas da experiência do real, não pressupondo um observador isento, mas em
comunhão simbólica. A construção do sentido e do significado pressupõe tal
envolvimento.
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
INDIVÍDUO E COMPORTAMENTO NA CONTEMPORÂNEIDADE
Ao individuo contemporâneo,
reduzido a si mesmo, cabe promover a recusa do seu acontecer social formatado
pela integração de personas, das mascaras impostas pelos padrões de
sociabilidade e identidade cristalizados pela tradição.
Atualmente, cada um pode reaprender-se
através de todas as lacunas de sua existência concreta, pelos devaneios do “poderia-ser”.
Não se trata da reivindicação de qualquer egoísmo utópico ou idealista, mas da
simples constatação de que todas as verdades coletivas deixaram de fazer pleno
sentido.
Já não existem respostas as nossas angustias e
ansiedades privadas que não passe por uma reinvenção das sociabilidades. As
formas tradicionais de estar entre os outros perderam a hegemonia e já não existe um roteiro social pré definido
por um ethos universal.
O comportamento do individual nunca foi tão
livre para reconfigurar-se sem o peso de um dever ser. Os insondáveis meandros
da liberdade de cada um definir
autonomamente suas estratégias de significação do mundo. A individuação está na
ordem do dia do acontecer social.
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