O conceito de realidade extrapola a
dualidade clássica entre o inteligível e o sensível , ou entre aparência e
essência, estabelecida pelo materialismo vulgar. Isso acontece na medida em que por realidade entendemos a totalidade de tudo aquilo que de algum modo
existe, seja como produto da mente humana ou como um dado objetivo e natural. Assim, o ficcional não é
uma “falsificação”, um equivoco a ser desconsiderado, mas compreende certa
modalidade do real que não deve ser negligenciado como tal.
Tudo que podemos “conhecer” são nossas
próprias representações da realidade e codificações culturais, logo a realidade é,
antes de tudo, mais uma convenção social
do que um dado fenomenológico. Tal enunciado, entretanto, só pode fazer sentido
quando desatrelamos o conceito de realidade do conceito de verdade contrariando
o senso comum. O que é o mesmo que dizer que realidade e imaginação não são
termos excludentes já que do ponto de vista mais elementar nossa mente concebe
a realidade fenomenológica através de imagens ainda não articuladas pelo pensamento dirigido
dos signos gramaticais.