sexta-feira, 24 de junho de 2016

UM POUCO DE POESIA


Gostaria de um pouco de poesia,
Deste inútil artificio de desencantados
Para suportar a rotina,
Os gritos do sentir mais fundo.
Preciso de alguns versos
Para lidar com  esta desesperada necessidade
De ir contra tudo e todos.
Sei que o ser não tem consistência,
O quão frágil é a palavra
E o significado das coisas
Que me sustentam.
É transitando entre o nada
E o nada
Que constantemente me reinvento.



quinta-feira, 23 de junho de 2016

SOBRE A PERCEPÇÃO DAS COISAS

O eu esta no objeto que a nós se apresenta como realidade do mundo.
A consciência é sempre um acontecer fora, uma ausência de si mesmo através da percepção. Por isso não há como chegar a qualquer conclusão sobre a experiência humana da realidade. Pois nunca conseguiremos concebe-la “de fora”. Só é possível dizer que a percepção não é mimese, não apresenta a realidade a partir de sua objetividade, mas de acordo com nossa forma de perceber as coisas. Em outros termos, o corpo é a condição do pensamento.  O intelecto é um acontecimento físico e não um vago e indeterminado processo metafisico. Estamos o tempo todo através do espaço inventando e reinventando a realidade. Só que não nos damos conta disso. Mas a constância é ilusória. A descontinuidade é uma premissa da percepção, por mais que nos confrontemos o tempo todo com um mundo de experiências que se repetem.


SOBRE A INCERTEZA DE SI MESMO

Meu sentimento das coisas não cabem em qualquer sentimento de mundo. Pressupõe uma percepção irracional do que é o vivido, que não se conforma a qualquer configuração biográfica e racional que imponha significados ao meu efêmero instante.

 Chego mesmo a duvidar da linearidade do desenvolvimento da vida e da existência continua do "eu" que  julgo ser.

Afinal, tal singularidade é demarcada exclusivamente pelo corpo. 

Não é no desejo ou na busca pelo prazer  que se define o eu, mas em sua indeterminação e incerteza ontológica.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

SOBRE A INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO

O “eu” é um conjunto de estados mentais e não uma totalidade concreta e definível. Se enquanto sujeitos somos  a pré- condição dos objetos,  existimos não em nós mesmos , mas através do mundo. Assim, ao estabelecer o mundo como representação e linguagem, nos realizamos como  sujeitos na exata medida em que silenciamos sobre nós mesmos através do dizer das coisas.

Esta premissa solipsista , estabelece as representações mentais como fundamento de qualquer possibilidade de realidade tal como concebida em termos humanos.  O sujeito é como um não lugar que define todos os lugares. Sua condição é sua própria indeterminação.


terça-feira, 14 de junho de 2016

O DIZER PÓS MODERNO

As condições exteriores de construção de um discurso, sua hermenêutica, substitui a correspondência entre os discursos e os fatos. A verdade já não é digna de considerações. A fundamentação do dito  é o próprio dizer. A capacidade de pensar é idêntica ao do dizer que, fechado em si mesmo, configura a consciência das coisas.

A gramatica é mais importante do que a  verdade.


A FELICIDADE É SEMPRE DISTANTE

A felicidade é sempre o passado que a gente encontra no futuro, uma redescoberta do que passou e ficou no permanente da memoria.
Somos feitos  do vivido que ganha mais realidade quando desfeito.
Tudo o que importa é o que sobrevive ao presente como memória afetiva,
Como testemunho do próprio eu.

A felicidade é sempre distante...

ENTRE AS COISAS

Levo comigo um pouco de dor e medo
Além de sonhos antigos
Que já não valem mais grande coisa.
Aposentei a esperança
E reinventei evasões
Na descoberta da estranha arte
De ser apenas um eu

Decomposto entre as coisas.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

EXISTIR-IR

O futuro é desde sempre uma ausência de vontade,
Uma pré disposição para não permanecer o mesmo
E se deixar desfazer,  refazer ,
Pelo passar brando do tempo
Que a gente mal percebe.
Não somos,
Desde o principio estamos
E nos consumismo de tanta existência.


MINHA EXISTÊNCIA

Estou vazio de todas as questões e duvidas.
Não tenho horizontes,  perguntas
Ou desejos.
Apenas  vontades  inertes,
Silêncio e mansidões.
O mundo que siga seu rumo.
Tenho minhas próprias questões.
Pouco me importa o rumo das coisas.

Minha existência é todo o meu universo.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

SOBRE A COMPULSÃO DE ESCREVER

A necessidade de escrever deve ser sempre maior do que a possibilidade de dizer. A  dialética entre a impulsividade impotência  que da corpo a narrativa é alimentada por este impasse que inspira a imaginação. Bons textos são sempre devedores de alguma abstrata agonia existencial. Cada nova frase é uma luta contra o silêncio, contra o imediatismo da existência. Escrever pode ser classificado como um exercício trágico de vaidade e também um vicio.