quinta-feira, 23 de junho de 2016

SOBRE A INCERTEZA DE SI MESMO

Meu sentimento das coisas não cabem em qualquer sentimento de mundo. Pressupõe uma percepção irracional do que é o vivido, que não se conforma a qualquer configuração biográfica e racional que imponha significados ao meu efêmero instante.

 Chego mesmo a duvidar da linearidade do desenvolvimento da vida e da existência continua do "eu" que  julgo ser.

Afinal, tal singularidade é demarcada exclusivamente pelo corpo. 

Não é no desejo ou na busca pelo prazer  que se define o eu, mas em sua indeterminação e incerteza ontológica.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

SOBRE A INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO

O “eu” é um conjunto de estados mentais e não uma totalidade concreta e definível. Se enquanto sujeitos somos  a pré- condição dos objetos,  existimos não em nós mesmos , mas através do mundo. Assim, ao estabelecer o mundo como representação e linguagem, nos realizamos como  sujeitos na exata medida em que silenciamos sobre nós mesmos através do dizer das coisas.

Esta premissa solipsista , estabelece as representações mentais como fundamento de qualquer possibilidade de realidade tal como concebida em termos humanos.  O sujeito é como um não lugar que define todos os lugares. Sua condição é sua própria indeterminação.


terça-feira, 14 de junho de 2016

O DIZER PÓS MODERNO

As condições exteriores de construção de um discurso, sua hermenêutica, substitui a correspondência entre os discursos e os fatos. A verdade já não é digna de considerações. A fundamentação do dito  é o próprio dizer. A capacidade de pensar é idêntica ao do dizer que, fechado em si mesmo, configura a consciência das coisas.

A gramatica é mais importante do que a  verdade.


A FELICIDADE É SEMPRE DISTANTE

A felicidade é sempre o passado que a gente encontra no futuro, uma redescoberta do que passou e ficou no permanente da memoria.
Somos feitos  do vivido que ganha mais realidade quando desfeito.
Tudo o que importa é o que sobrevive ao presente como memória afetiva,
Como testemunho do próprio eu.

A felicidade é sempre distante...

ENTRE AS COISAS

Levo comigo um pouco de dor e medo
Além de sonhos antigos
Que já não valem mais grande coisa.
Aposentei a esperança
E reinventei evasões
Na descoberta da estranha arte
De ser apenas um eu

Decomposto entre as coisas.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

EXISTIR-IR

O futuro é desde sempre uma ausência de vontade,
Uma pré disposição para não permanecer o mesmo
E se deixar desfazer,  refazer ,
Pelo passar brando do tempo
Que a gente mal percebe.
Não somos,
Desde o principio estamos
E nos consumismo de tanta existência.


MINHA EXISTÊNCIA

Estou vazio de todas as questões e duvidas.
Não tenho horizontes,  perguntas
Ou desejos.
Apenas  vontades  inertes,
Silêncio e mansidões.
O mundo que siga seu rumo.
Tenho minhas próprias questões.
Pouco me importa o rumo das coisas.

Minha existência é todo o meu universo.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

SOBRE A COMPULSÃO DE ESCREVER

A necessidade de escrever deve ser sempre maior do que a possibilidade de dizer. A  dialética entre a impulsividade impotência  que da corpo a narrativa é alimentada por este impasse que inspira a imaginação. Bons textos são sempre devedores de alguma abstrata agonia existencial. Cada nova frase é uma luta contra o silêncio, contra o imediatismo da existência. Escrever pode ser classificado como um exercício trágico de vaidade e também um vicio.

terça-feira, 7 de junho de 2016

PENSO, LOGO RESPIRO E AS VEZES ME ENGASGO

Minha existência é a concretude do meu corpo vivo, meu respirar esta imprecisa consciência das coisas que me extrapolam em sensações . 

Penso, logo respiro e as vezes ma engasgo. Assim são as coisas nesta troca constante entre o meu eu e o mundo. 

Mas, que fique claro, a consciência é apenas um nada onde me imagino tudo.  


segunda-feira, 6 de junho de 2016

C.G. JUNG E O PROBLEMA DO NIILISMO CONTEMPORÂNEO

(...) tornar-se um consigo mesmo, e ao mesmo tempo com a humanidade toda (...) é uma opção livre e de decisão individual ... sem uma tal comunidade, o próprio indivíduo que se fundamenta em si mesmo e é independente, não pode progredir por muito tempo.

C.G. Jung  in A Prática da Psicoterapia, vol. XVI das Obras Completas. Petrópolis: Ed. Vozes, 1987.


É pouco observado o fato de que a psicologia de C. G Jung procura dar resposta a falta de significado da existência na sociedade que lhe foi contemporânea. O que ele atribuía a decadência do patrimônio simbólico e referencias culturas da civilização ocidental. Assim, podemos tomar sua obra como uma tentativa de responder a este impasse que, remete ao niilismo como uma tendência ontológica na moderna sociedade de massas, onde a despersonalização dos indivíduos e a secularização da experiência cultural, já não  permite  encontrar um proposito para a vida através de preposições metafisicas ou, simplesmente, da vida simbólica.

Mesmo os defensores da importância da  experiência do sagrado para a economia psíquica, embora  a contra gosto, não podem deixar de admitir  que nosso cenário cultural é desfavorável a respostas deste tipo, a menos que abdiquemos de uma existência dentro do tempo de agora e suas transfigurações técnico cientificas e filosóficas.

Se o processo de individuação é a grande resposta de Jung ao problema contemporâneo do niilismo, devemos também considerar que se trata de uma resposta absolutamente não dogmática. Jung não define exatamente o que entende por individuação. Tomemos este processo  como a realização do inconsciente através de uma consciência diferenciada e capaz de incorporar conteúdos da psique coletiva a ponto de se entregar a um vir a ser constante onde o interior e o exterior  funcionem como dois vasos comunicantes.

Assim, a individuação pressupõem um duplo movimento de diferenciação da consciência individual, através da retirada de projeções e integração de conteúdos inconscientes. 

Do pondo de vista da experiência subjetiva, isso significa a consciência de que a vida faz e não faz sentido, ao mesmo tempo, e que tudo que podemos fazer é construir nossa individualidade como uma obra que oscila entre os dois polos do significado do não significado.