segunda-feira, 6 de junho de 2016

C.G. JUNG E O PROBLEMA DO NIILISMO CONTEMPORÂNEO

(...) tornar-se um consigo mesmo, e ao mesmo tempo com a humanidade toda (...) é uma opção livre e de decisão individual ... sem uma tal comunidade, o próprio indivíduo que se fundamenta em si mesmo e é independente, não pode progredir por muito tempo.

C.G. Jung  in A Prática da Psicoterapia, vol. XVI das Obras Completas. Petrópolis: Ed. Vozes, 1987.


É pouco observado o fato de que a psicologia de C. G Jung procura dar resposta a falta de significado da existência na sociedade que lhe foi contemporânea. O que ele atribuía a decadência do patrimônio simbólico e referencias culturas da civilização ocidental. Assim, podemos tomar sua obra como uma tentativa de responder a este impasse que, remete ao niilismo como uma tendência ontológica na moderna sociedade de massas, onde a despersonalização dos indivíduos e a secularização da experiência cultural, já não  permite  encontrar um proposito para a vida através de preposições metafisicas ou, simplesmente, da vida simbólica.

Mesmo os defensores da importância da  experiência do sagrado para a economia psíquica, embora  a contra gosto, não podem deixar de admitir  que nosso cenário cultural é desfavorável a respostas deste tipo, a menos que abdiquemos de uma existência dentro do tempo de agora e suas transfigurações técnico cientificas e filosóficas.

Se o processo de individuação é a grande resposta de Jung ao problema contemporâneo do niilismo, devemos também considerar que se trata de uma resposta absolutamente não dogmática. Jung não define exatamente o que entende por individuação. Tomemos este processo  como a realização do inconsciente através de uma consciência diferenciada e capaz de incorporar conteúdos da psique coletiva a ponto de se entregar a um vir a ser constante onde o interior e o exterior  funcionem como dois vasos comunicantes.

Assim, a individuação pressupõem um duplo movimento de diferenciação da consciência individual, através da retirada de projeções e integração de conteúdos inconscientes. 

Do pondo de vista da experiência subjetiva, isso significa a consciência de que a vida faz e não faz sentido, ao mesmo tempo, e que tudo que podemos fazer é construir nossa individualidade como uma obra que oscila entre os dois polos do significado do não significado.


Nenhum comentário: