terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A INDIVIDUALIDADE COMO UM ACONTECER ESTÉTICO

O dizer e o fazer da individualidade alimenta-se essencialmente da fantasia, das associações livres de significações e sentidos que conduzem a uma auto imagem imprecisa e afetiva de si mesmo.

Sou onde já não estou. Naquilo que foi vivido e reduzido ao lembrado. Toda a minha importância se esgota com a minha morte. O que eu vivi é o que sou em minha finitude e excentricidade ontológica.


A existência singular é acima de tudo um prazer estético....

ESTRATEGIAS DE SINGULARIZAÇÃO E IDENTIDADE COLETIVA

A dimensão afetiva da memoria relaciona-se em parte a invenção do eu através do outro. Esta banalidade ontológica torna-se, entretanto, interessante quando associamos a construção da individualidade com uma estratégica de contraposição ao coletivo e aos valores socialmente aceitos.  O individuo torna-se complexo e autônomo na medida em que escolhe o isolamento, o questionamento como via de auto - descoberta constante e desafio aos lugares comuns dos intercâmbios societários.  Desta forma, pouco importa a gênese social da individualidade. São suas escolhas e tendências introspectivas que condicionam sua maior ou menor importância enquanto personificação privilegiada da experiência humana.


Lamentavelmente, o que se descreve aqui não é uma tendência. Pelo contrário, o indivíduo contemporâneo tende a buscar segurança em uma identidade coletiva, a abrigar-se no grupo e não em investir em si mesmo como singularidade. A memoria torna-se compartilhamento com o outro da experiência indiferenciada do mundo.

INDIVIDUALIDADE COMO HISTÓRIA DE VIDA

A submersão do vivido no esquecimento é uma experiência que nos acontece o tempo todo contra a capacidade de lembrar. Não temos plena ou absoluta ciência da totalidade de nossas vivências ao longo dos anos. Isso é humanamente impossível.

Estes silêncios pessoalmente incomodam. Temos  a necessidade de nos  representar no tempo socialmente vivido , de saber o devir através do filtro do  nosso pequeno e insignificante eu.

 Não falo apenas da necessidade de ter um passado, de rememorar.  Falo, antes de tudo, da necessidade de pertencer a uma história de vida, ser moldado por ela na medida em que a tomamos como uma experiência singular que jamais será experimentada por qualquer outra pessoa. Isso não passa de uma construção subjetiva, mas é o modo como codificamos nossa individualidade, como a convertemos em uma  história de vida e critério de distinção entre o eu e os outros.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

TEMPO ÍNTIMO

De quanto tempo
precisa meu tempo
para periodicamente
reinventar minha vida?
Ou já não tenho mais tempo
nesta desesperada urgência
que agora me atropela.

Façam o passado parar
de crescer.
Preciso respirar futuros,
vencer o tempo afirmando existência
deste tempo abstrato e incerto

intimamente meu.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

META SOCIEDADE

O que define nossos mínimos consensos humanos? O que nos permite a convivência apesar de todas as nossas diferenças? Por mais que tendamos a um comportamento pré- moldado em  uma sociedade de massas e aos encantos quase totalitários de uma vida de consumismo simbólico,  ainda nos confrontamos com a angustia diante do efêmero e o insignificante de nossas existências.  Mas na luta contra esta insignificância, nos distanciamos cada vez mais uns dos outros na inflação de nossos egos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

ELOGIO AO INDIVÍDUO

A irracionalidade da individualidade pressupõe o desvio, a recusa do padrão e dos lugares comuns do coletivo, como  estratégia de realização de si mesmo além das metas e pressupostos da sociedade. Tornar-se um indivíduo é recusar-se como  opaca mimese social, uma arte elitista que depende exclusivamente de nossa  capacidade de reinventar o cotidiano na contramão do mundo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O VAZIO DAS VIRTUDES

Não são poucas as pessoas caricatas que circulam por ai  afirmando o imperativo de seus egos, de suas vontades pequenas e banais, contra qualquer realidade do mundo.

Não vale a pena muito falar sobre elas. Afinal, são apenas a sombra da humanidade ou aquelas que revelam o que de pior existe dentro de todos nós.

O mundo seria melhor sem elas. Mas nem por isso mais verdadeiro. Pode-se até dizer que elas revelam o que de fato anima e define a humanidade.

Não vivemos no melhor dos tempos. Mas este jamais será o melhor do mundo possíveis, pois a virtude e a coerência são meros ideias vazios.


HIPER INFORMAÇÃO

Há tantos livros por ai que já não sei mais sobre o que ainda é possível escrever. É cada vez mais difícil dizer alguma coisa realmente original e que não remeta a algum texto já consagrado. A banalização do significado desertificou as palavras através da hiper informação. Mas isso também já foi dito e se converteu em mais um entre tantos outros clichês e não nos conduz a lugar algum.


O leitor agora não passa de uma referencia virtual e abstrata para  um autor que apenas sofre de tédio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

SOBRE LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO

A memória é amiga do esquecimento. Lembrar é sempre esquecer de alguma coisa...

A memória flerta com a morte. Assim tem sido através dos tempos. Pois os fatos só existem quando recordados, reinventados e apropriados por significados, por agora e instantes inventados.

A memória dos fatos desaparece em silêncios na fragilidade de nossos atos...


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PÓS IDENTIDADE

Quem eu sou? Talvez  esta seja a mais inútil  de todas as perguntas. Daqui a cem anos não fará qualquer diferença quem eu fui ou qualquer coisa que vivi. Irei desaparecer na paisagem do tempo como um indigente qualquer.


Então, quem eu sou é este momento que não se sustenta como fato concreto. Sou apenas aleatório caos de sentidos, sentimentos e sensações, entre a dúvida e o tédio...