quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

HIPER INFORMAÇÃO

Há tantos livros por ai que já não sei mais sobre o que ainda é possível escrever. É cada vez mais difícil dizer alguma coisa realmente original e que não remeta a algum texto já consagrado. A banalização do significado desertificou as palavras através da hiper informação. Mas isso também já foi dito e se converteu em mais um entre tantos outros clichês e não nos conduz a lugar algum.


O leitor agora não passa de uma referencia virtual e abstrata para  um autor que apenas sofre de tédio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

SOBRE LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO

A memória é amiga do esquecimento. Lembrar é sempre esquecer de alguma coisa...

A memória flerta com a morte. Assim tem sido através dos tempos. Pois os fatos só existem quando recordados, reinventados e apropriados por significados, por agora e instantes inventados.

A memória dos fatos desaparece em silêncios na fragilidade de nossos atos...


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PÓS IDENTIDADE

Quem eu sou? Talvez  esta seja a mais inútil  de todas as perguntas. Daqui a cem anos não fará qualquer diferença quem eu fui ou qualquer coisa que vivi. Irei desaparecer na paisagem do tempo como um indigente qualquer.


Então, quem eu sou é este momento que não se sustenta como fato concreto. Sou apenas aleatório caos de sentidos, sentimentos e sensações, entre a dúvida e o tédio...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

GUY DEBORD: CONTRA CULTURA E BIOGRAFIA

Guy Debord, co-fundador da Internacional Situacionista em 1957 e autor de A Sociedade do Espetáculo, foi um dos grandes expoentes da contra cultura da segunda metade do século XX e do pensamento revolucionário pós 68.

Um pouco antes de se suicidar em 1994 nas montanhas de Auvergne ( França) ele nos legou uma breve biografia onde faz um melancólico balanço de sua existência. Em seu Panegírico Debord se define como um homem das ruas e das cidades, um agitador de tempo integral.

Seu texto é recheado de citações e referências históricas, mas tem um tom profundamente subjetivo e pessoal. Como ele próprio esclarece, certas personalidades muitos distantes entre si, ainda comunicam algo precioso sobre o significado das condutas e inclinações humanas. Nas próprias palavras do autor, “ As citações são úteis nos períodos de ignorância ou de crenças obscurantistas.”
Debord se recusa a utilizar em sua narrativa biográfica a linguagem efetivamente falada nas modernas condições de vida e que se reduz, em ultima instância, ao imediato da representação, não passando de uma imposição midiática. Assim, o estilo do enunciado torna-se também um meio de recusa da “dominação moderna”, uma audácia.

Diferente de seus textos teóricos e políticos, Panegírico é um texto sereno onde, de modo bastante comedido, Debord se propõe a contar sua “verdadeira história” como um velho general experimentado no campo de batalha refletindo sobre uma guerra ainda em curso.

Sua conclusão é que no capitalismo tardio o valor de uso impôs seu domínio autônomo, mobilizando todo costume humano e estabelecendo o monopólio de sua satisfação, inaugurando, assim, a franca decadência da civilização ocidental. Tal leitura remete a dicotomia situacionista entre a vida falsificada do espetáculo e a vida autentica da contra mão cultural.


Creio que é justamente esta autenticidade de ser que o autor procura comunicar em seu panegírico , em seu discurso de louvor a verdadeira vida.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

LINGUAGEM E CONDIÇÃO HUMANA

Vivemos enterrados em redes linguísticas de crenças e significados que nos desenham abstratamente os contornos de tudo aquilo que nos é possível conceber.

Somos definidos por interações mentais. Não é tão evidente a premissa de um sujeito abstrato e introspectivo que demarque a fronteira entre “o que está fora” e “o que esta dentro”. Ainda não é possível determinar o que somos ou, simplesmente, como acontecemos. Mas o velho binário sujeito X objeto já não grande apelo cognitivo. A linguagem pode ser tudo aquilo que nos permite, através de enunciados, inventar o mundo. Mas já não é mais suficiente inventar o mundo...


O PASSADO COMO EVASÃO

É sempre suspeito interpretar o passado a luz do presente. O agora não pode ser um dogma ou uma prisão. Pelo contrário, o passado deve nos servir como uma estratégia de evasão, um espelho que torna circunstancial tudo aquilo que hoje nos parece confiável e digno de valoração. O conhecimento de outras épocas ou culturas deve nos conduzir a um questionamento de nossa própria identidade através do reconhecimento de sua perenidade. Aquilo que chamamos de história  não é um processo linear, mas um acervo de ruinas que inventariamos enquanto sofremos o arruinar-se de nossa própria época.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

TEMPO E INTROSPECÇÃO

Sinto as ruas e os carros lá fora
dentro do vazio deste apartamento
onde não existem flores
e a TV já não funciona.
O tempo quebrou no relógio.
Não tenho sinal de internet.
Sé me resta o desconforto da cama.

Mas sei que tudo é indiferente
a minha patética experiência das coisas.
Só preciso ser paciente.
Aguardar as novidades
que se perderam pelo caminho
em algum tropeço da existência,

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O DESTINO DAS MINHAS PALAVRAS

Tinha por incerto
o destino das minhas palavras.
Talvez, o vento as conduzissem
ao silêncio do  oceano.
Pois o possível de ser dito
não cabe no pensar alheio,
aquilo que tenho em mim

é incomunicável .

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

OS LIMITES DA FORÇA DE VONTADE

Na cultura ocidental a dita “força de vontade” para superar situações adversas goza de um status quase metafísico. Mas, no fundo, “força de vontade” não passa de uma equação simplista composta  por variáveis como dor , prazer,  recompensa  e castigo, tendo como resultado algum tipo de autodisciplina que visa alcançar uma meta pré determinada. Há algo de autoritário nisso. Até porque entre nossas promessas e o que nos tornamos  há sempre uma certa distância . Geralmente o reconhecimento do próprio sucesso é uma questão de miopia, pois desconsidera todas as contradições que o tornam sempre relativo. Podemos sacrificar tantas coisas em nome da realização de um sonho ou proposito que não não atentamos para hipótese de que, sob muitos aspectos, ele pode ser considerado um pesadelo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A MAGIA DAS PALAVRAS

As palavras formatam o corpo,
os hábitos e a realidade.
O mundo existe nos discursos,
que abstratamente nos condenam
a experiência de alguma duvidosa verdade.
É assim que existimos,
que nos fazemos no tempo,
provisórios e rarefeitos,
como nossas gramaticas.
Somos o que dizemos,
não o irracional que nos corre

por dentro.