sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

GUY DEBORD: CONTRA CULTURA E BIOGRAFIA

Guy Debord, co-fundador da Internacional Situacionista em 1957 e autor de A Sociedade do Espetáculo, foi um dos grandes expoentes da contra cultura da segunda metade do século XX e do pensamento revolucionário pós 68.

Um pouco antes de se suicidar em 1994 nas montanhas de Auvergne ( França) ele nos legou uma breve biografia onde faz um melancólico balanço de sua existência. Em seu Panegírico Debord se define como um homem das ruas e das cidades, um agitador de tempo integral.

Seu texto é recheado de citações e referências históricas, mas tem um tom profundamente subjetivo e pessoal. Como ele próprio esclarece, certas personalidades muitos distantes entre si, ainda comunicam algo precioso sobre o significado das condutas e inclinações humanas. Nas próprias palavras do autor, “ As citações são úteis nos períodos de ignorância ou de crenças obscurantistas.”
Debord se recusa a utilizar em sua narrativa biográfica a linguagem efetivamente falada nas modernas condições de vida e que se reduz, em ultima instância, ao imediato da representação, não passando de uma imposição midiática. Assim, o estilo do enunciado torna-se também um meio de recusa da “dominação moderna”, uma audácia.

Diferente de seus textos teóricos e políticos, Panegírico é um texto sereno onde, de modo bastante comedido, Debord se propõe a contar sua “verdadeira história” como um velho general experimentado no campo de batalha refletindo sobre uma guerra ainda em curso.

Sua conclusão é que no capitalismo tardio o valor de uso impôs seu domínio autônomo, mobilizando todo costume humano e estabelecendo o monopólio de sua satisfação, inaugurando, assim, a franca decadência da civilização ocidental. Tal leitura remete a dicotomia situacionista entre a vida falsificada do espetáculo e a vida autentica da contra mão cultural.


Creio que é justamente esta autenticidade de ser que o autor procura comunicar em seu panegírico , em seu discurso de louvor a verdadeira vida.

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